Importância da vacina é reconhecida e celebrada por profissionais de saúde

Em continuidade ao Plano Municipal de Vacinação, mais 1,5 mil profissionais de saúde que atuam na linha de frente do combate ao coronavírus, nos hospitais João Alves Filho, Primavera e São Lucas, receberam, nesta quinta-feira, 21, a primeira dose da vacina contra a covid-19. A campanha de imunização, na capital, é coordenada pela Secretaria da Saúde de Aracaju. Desde terça-feira (19), mais de 3 mil aracajuanos já foram vacinados.

 

“Nós pedimos aos estabelecimentos que trabalham diretamente com pacientes confirmados que nos encaminhassem lista de profissionais, informando, inclusive, o local de trabalho desses profissionais, para que pudéssemos disponibilizar as vacinas, no intuito de garantir a imunização dos trabalhadores que estão na linha de frente. Isso vem sendo feito, e até mesmo os ministérios públicos Estadual e Federal estão acompanhando todo esse processo para fazer a devida fiscalização”, destaca a secretária municipal da Saúde, Waneska Barboza. 

Ao Hospital de Urgência (Huse) Governador João Alves Filho, foram encaminhadas 1.750 unidades da vacina. A previsão é de que, até a próxima semana, a aplicação da primeira dose seja concluída nesta unidade hospitalar, como detalha o enfermeiro e coordenador da vacinação no Huse, Vinícius Vilela.

“Iniciamos, ontem [20], a mobilização, quando foi feita uma vacinação itinerante no local de trabalho dos profissionais. Hoje, começamos a vacinação dos profissionais do pronto-socorro, no auditório, sendo atendidos de dez em dez para não causar aglomerações. É um primeiro passo para que possamos retomar a nossa rotina. Há muita ansiedade, afinal, esses profissionais são os mais expostos ao vírus, já que tratamos pacientes de alta complexidade, e, portanto, estamos vendo uma grande mobilização por parte de todos”, destaca Vinícius. 

Técnica de enfermagem há dez anos, Josiane Dias trabalha no Huse e, ao receber a dose da vacina contra a covid-19, em seu local de trabalho, reconheceu a importância da imunização para quem trabalha na linha de frente.

“É claro que nunca pensamos em passar por uma pandemia, mas é também em momentos como esse que nos fortalecemos. Uma das coisas mais difíceis é ver o sofrimento das pessoas e, em algumas situações, não poder fazer mais nada. A cada dia é uma situação diferente e só quem vive sabe o quanto é desafiador trabalhar na linha de frente. A vacina traz uma esperança, a expectativa de que poderemos ter dias melhores”, desabafou. 

No Hospital Primavera, que recebeu 480 doses nesta quinta, a campanha de imunização atingiu 315 profissionais. “Sabemos o quanto a pandemia tem sido difícil, mas, para os profissionais que estão na linha de frente, tudo tem um peso muito maior, afinal, eles estão vendo, diariamente, a situação de perto, vidas sendo perdidas, mas também de comemoração a cada vida salva. Agora, com a vacina, estamos vivendo um momento muito importante e de muita alegria, e de comoção porque, acredito, estamos passando para uma fase melhor, em que poderemos respirar um pouco mais aliviados”, considerou o enfermeiro da SMS e coordenador da ação pela rede municipal, Jefferson Rodrigues.

O técnico em Radiologia do Primavera, José Roberto Ramos, não só viu de perto pacientes com covid-19, como também desenvolveu a doença e passou por momentos angustiantes que, com a vacina, ficarão apenas na memória. 

“Tive covid-19 em junho do ano passado e eu já tinha perdido a minha mãe. Além disso, minha mulher estava grávida do nosso primeiro filho. Tive medo de morrer e não ouvir meu filho me chamar de papai. No último dia 19, ele completou três meses de vida e é a minha maior alegria. No tempo em que estive doente, foi graças à equipe que cuidou de mim que fiquei bem, pude me recuperar. Hoje, sinto um imenso alívio por receber a vacina, é uma sensação que não tem como descrever”, contou José Roberto que atua há 18 anos na área da saúde. 

Já para o Hospital São Lucas, foram disponibilizadas 500 doses, nesta quinta. Para a coordenadora da ação, a enfermeira da SMS, Ana Natália Coelho, é o começo de uma fase de superação. 

“Atuei no Hospital de Campanha e, depois de ver tanta tristeza, participar desse momento de vacinação é muito gratificante. Depois de ter vivenciado o luto por alguns pacientes, agora, sinto a esperança por não ver mais pessoas morrendo por covid-19, depois que todos puderem ser vacinados”, pontuou. 

O coordenador da Urgência do São Lucas, professor doutor José Augusto Filho, salienta a relevância da vacina e, sobretudo, o reconhecimento dos que atuam pela saúde da população. 

“Esse momento é uma celebração da ciência, do conhecimento, da capacidade do homem, unido em um esforço global, em solucionar, em pouco tempo, um problema da dimensão da pandemia, o maior problema de saúde pública que tivemos nos últimos 100 anos. Então, para a gente que militou desde o início, isso é uma conquista que nos deixa esperançosos de que a vacina venha, de fato, mudar o panorama que estamos vivendo. A ciência mostrou que não temos um tratamento antiviral específico, e o que podemos fazer é nos prevenir, através das medidas de higiene, máscara, distanciamento e, agora, com a vacina. É um momento de muita emoção, mas também que temos que ter como símbolo para tirarmos as lições que a pandemia nos deu”, destacou o médico cardiologista. 

O Plano de Vacinação de Aracaju foi estabelecido de forma a garantir que a população tenha acesso ao imunizante com segurança, sem aglomerações, e respeitando a urgência dos grupos prioritários. Ele foi dividido em quatro etapas e subdividido em fases para que sejam respeitadas as prioridades entre os grupos de risco, que reúnem milhares de pessoas.

Sendo assim, nesta primeira etapa, estão sendo vacinados, além dos trabalhadores da saúde que estão na linha de frente do combate à pandemia, a exemplo dos que atuam em UTI’s, urgências, unidades exclusivas para síndromes gripais, idosos que residem em abrigos ou asilos e seus cuidadores.