Vacinação contra covid-19 reforça importância do sistema público para a manutenção da saúde

Agência Aracaju de Notícias
26/01/2021 18h10

A campanha de vacinação contra a covid-19, executada pela Prefeitura de Aracaju, já está em sua segunda semana e, até o momento, mais da metade das 21.878 doses da CoronaVac destinadas à capital já foram aplicadas, o que garantiu a imunização de 6.627 aracajuanos, até esta terça-feira, 26, dentre trabalhadores da saúde, que estão na linha de frente do enfrentamento à pandemia, e idosos que residem em asilos ou abrigos, grupos prioritários na primeira fase da vacinação.

Em torno de todo o processo de vacinação, o papel do Sistema Único de Saúde (SUS) e, consequentemente, das instituições públicas, é fundamental, pois é a partir deste sistema que a população tem acesso a uma gama diversificada de serviços, que vão da aferição da qualidade da água que é consumida até a realização de transplantes. Em setembro de 2020, a legislação que regulamenta o SUS completou 30 anos, em plena pandemia do novo coronavírus, o que reforçou, ainda mais, a relevância do sistema público para a manutenção da saúde. 

Atualmente, a Secretaria da Saúde de Aracaju trabalha com a existência de duas vacinas contra o coronavírus: a CoronaVac, da farmacêutica chinesa Sinovac Biotech, e a Oxford-AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford e pelo laboratório britânico AstraZeneca. No Brasil, esses dois imunizantes, entretanto, serão produzidos pelo Instituto Butantan, no caso da primeira, e pela Fundação Oswaldo Cruz (Fio Cruz), no que se refere à segunda, ambos instituições públicas. 

“O SUS foi planejado para dar acesso às pessoas, principalmente àquelas que não têm condições de ter um plano de saúde, e vem, ao longo do tempo, mesmo com todos os problemas que existem, demonstrando a eficácia e a eficiência que tem. No momento de maior necessidade da população isto ficou demonstrado, nas nossas unidades de saúde que as pessoas procuram, na vacina ofertada pelo SUS que a população tem acesso, na vigilância ofertada pelo SUS. As pessoas não percebem, mas, quando almoçamos num restaurante, estamos utilizando o SUS porque a vigilância faz a fiscalização, por exemplo. O SUS não é um plano de saúde de pessoas pobres, é um plano de saúde feito para todos”, avalia a secretária municipal da Saúde, Waneska Barboza. 

Na maior pandemia dos últimos 100 anos, é por meio do SUS que as vacinas estão sendo distribuídas, no Brasil, como destacou a gestora. Somente em Aracaju, nesse primeiro momento, 21 instituições, entre públicas e privadas, receberão as doses da CoronaVac e, com a possibilidade do imunizante da Oxford-Astrazeneca, em breve, mais pessoas serão beneficiadas. 

Local de pesquisa e desenvolvimento da medicina, o Hospital Universitário (HU) foi uma das instituições que pôde vacinar os profissionais que atuam na linha de frente da covid-19, e, para a professora de Infectologia e superintendente do HU, Ângela Silva, defender o SUS deve ser prioridade quando se trata de saúde no Brasil. 

“Em sua história, a vacina representou um divisor de águas entre as doenças infecciosas. Se, hoje, não temos doenças infecciosas como a primeira causa de morte no Brasil e no mundo, devemos às vacinas. A vacina contra o coronavírus, então, também será um divisor de águas na pandemia em que estamos passando. Israel está mostrando que 60% da população deixou de ser internada depois da vacinação, por si só, isso já mostra o que trará de efeitos também para nós. Essa vacina vir pelo SUS é algo extraordinário e temos duas instituições envolvidas nesse processo, o Butantan e a Fiocruz, estabelecendo o diferencial também na pesquisa, mostrando como as instituições públicas são fortes e importantes para a saúde do Brasil”, aponta a superintendente do HU. 

Outra ponta na estratégia de enfrentamento ao coronavírus, o Laboratório Central de Saúde Pública de Sergipe - Instituto Parreira Horta (Lacen) é para onde são enviadas as amostras dos testes realizados pela Prefeitura. Testar maciçamente a população é a principal recomendação da Organização Mundial da Saúde (OMS) para enfrentar a disseminação do novo coronavírus, portanto, é neste contexto que se dá a importância do trabalho realizado pelo Lacen, uma instituição pública. 

Para o superintendente do Lacen, Cliomar Santos, a informação é parte fundamental para que as pessoas possam compreender a grandeza do SUS e das instituições públicas como um todo.  

“O SUS é público, tem regras, tem direitos e tem sido essencial. Hoje, o SUS está dando vacina, diagnóstico, internamento. É direito de todos, afinal, todos nós pagamos por isso. É graças ao trabalho desenvolvido pelos funcionários públicos que as pessoas podem ter acesso a uma saúde pública de qualidade, e isso envolve diversas esferas, desde o atendimento básico, passando por serviços de alta complexidade, distribuição de vacinas, fiscalizações, tudo para garantir qualidade de vida para a população”, completa Cliomar.