Saúde mental: Caps transforma vida de aracajuanos que precisam de auxílio psicológico

Agência Aracaju de Notícias
25/01/2022 10h00

Ao longo deste primeiro mês do ano, a Prefeitura de Aracaju realizou inúmeras atividades lúdicas relacionadas ao Janeiro Branco, campanha que chama a atenção das pessoas para a importância da preservação e dos cuidados necessários com a saúde mental. Para além da intensificação das ações neste mês, a rede municipal de Saúde da capital sergipana presta assistência ao longo de todo o ano aos aracajuanos que necessitam de cuidados psicológicos.

A partir do trabalho ofertado nos Centros de Atenção Psicossocial (Caps), unidades especializadas em saúde mental para tratamento e reinserção social de pessoas com algum tipo de transtorno mental grave ou persistente, Aracaju segue na luta contra o tratamento manicomial, oferecendo acolhimento humanizado com acompanhamento de diversos profissionais de áreas diferentes que garantem um melhor atendimento para os usuários desses centros.

De acordo com Chenya Coutinho, coordenadora da Rede de Atenção Psicossocial de Aracaju, a capital sergipana conta com seis Caps ativos na cidade e cinco deles funcionam em regime de plantão, ou seja, estão disponíveis para atendimento 24 horas, e o outro em horário comercial, de segunda a sexta-feira.

"Quatro desses Caps atendem pessoas em sofrimento psíquico e transtorno mental e os outros dois atendem os casos decorrentes de abuso de álcool e outras drogas, os chamados Caps AD. A rede conta ainda com serviço de urgência mental, para o caso de surtos e urgências psiquiátricas, no Hospital São José, contratado pelo Município", detalha a cordenadora.

Quem é atendido em uma dessas unidades reconhece a importância que o Caps tem em sua vida e a forma como esse centro contribuiu para a melhora em seu estado de saúde mental, a exemplo de Renata Santos de Lima, usuária do Caps Jael Patrício de Lima, localizado no bairro Dom Luciano, zona Norte de Aracaju.

“As atividades que realizo no Caps são uma forma de ajudar na minha recuperação. O Centro tem grande importância na minha vida porque lá eu tenho acompanhamento com psiquiatras, psicólogos e oficineiros que ajudam na nossa melhoria. Quanto mais rápido a gente procurar ajuda, melhor para nossa recuperação. Eu sou grata ao Caps pelo acolhimento que tive e por tudo que tem acontecido nesse período”, disse a usuária, que frequenta a unidade há quase um ano.

Maria José Santos de Melo utiliza os serviços do Caps Jael há 8 anos e, segundo ela, tudo mudou nesse período. “Quando eu descobri que precisava do Caps eu tinha uma percepção, quando eu comecei a frequentar eu vi que não era aquilo que a sociedade dizia sobre. Eu achei bem diferente do que me falaram”.

Ela diz que ficou sabendo sobre esse tipo de atendimento após o médico psiquiatra que a acompanhava recomendar os serviços oferecidos pelo Caps. “Eu nem sabia o que era. Ele falou que eu precisava de um tratamento mais intenso e que o ambulatório não seria o melhor pra mim, pois no centro eu receberia um tratamento mais humanizado”, conta.

“O Caps foi o céu pra mim. Eu tive medo no início, mas depois foi bem tranquilo, pois os profissionais são maravilhosos. Eu frequento o Centro nas segundas, terças e quartas-feiras e essas visitas acabam me dando muito conforto, principalmente nas atividades que participo. O Caps mudou minha vida e hoje eu digo pra quem precisa que vá até um dos centros, que experimente e não escute o que as pessoas falam. Se um médico falar que seu caso é Caps, não é porque seu mundo acabou, mas sim porque ele está começando”, orienta Maria José.

Usuária do Caps AD há quase 4 anos, Geovania Nogueira hoje se considera uma nova pessoa. Mãe de três filhos, a dona de casa já chegou a viver durante três meses nas ruas de Aracaju por conta do vício em drogas.

“Eu soube do Caps AD quando eu estava embaixo de uma ponte em Aracaju, mal vestida, suja. Eu estava fazendo uso de drogas e me escondia nos lugares, apesar de ter casa. Enquanto eu saía de lá, uma mulher tocou minhas costas e disse que eu não era uma pessoa para estar naquela situação e disse que eu precisava procurar o Caps AD. Eu nem sabia o que era isso, daí ela disse que eu fosse até o Terminal da Atalaia e perguntasse sobre, quando cheguei no Caps fui bem acolhida e hoje sou apaixonada pelo lugar, é minha segunda casa”, disse.

Geovania reconhece que para a mudança na vida das pessoas ser efetiva, não depende apenas do Caps e os profissionais que se encontram nesses centros diariamente cuidando de todos os usuários, mas também da força de vontade de cada um.

“Se eu pudesse, saía chamando as pessoas na rua para vir pra cá, mas também eles têm que apoiar a gente. Tem que ficar, tem que continuar no Caps, que você se acostuma. Não deixe quem você ama se acabar nas drogas, traga para o Caps. Aqui é ótimo, é uma maravilha. Eu não vou deixar de frequentar esse lugar, pois agora ele faz parte da minha vida”, enfatiza a usuária.