Corrida proporciona passeio pela história da antiga e da atual capital sergipana

Agência Aracaju de Notícias
09/03/2022 09h00

A Corrida Cidade de Aracaju chegou à sua 37ª edição, em 2022, depois de ter sido suspensa por dois anos, em decorrência da pandemia do coronavírus. Neste ano, seguindo os protocolos de saúde, o evento esportivo, que faz parte do calendário comemorativo pelos 167 anos de Aracaju, será realizado no dia 26 de março e, para além do fomento ao esporte, integra duas cidades, em alusão à transferência da capital de Sergipe de São Cristóvão para Aracaju, num passeio histórico. 

Dividida em três trajetos, de 5 km, 10 km e 24 km, a corrida é um convite aos pontos turísticos e simbólicos desses 167 anos de história que une a quarta cidade mais antiga do Brasil, São Cristóvão, à jovem Aracaju. Como uma espécie de resgate histórico, o evento proporciona, para além da competição, uma viagem no tempo, integrando o desafio do esporte às belezas e peculiaridades do itinerário. 

“É um trajeto complexo porque envolve duas cidades e, além da importância para a área esportiva e comemorativa, há um olhar para a história da cidade que é tão rica em detalhes”, destaca o secretário municipal da Juventude e do Esporte, Sérgio Thiessen. 

Corrida histórica
A primeira Corrida Cidade de Aracaju ocorreu no ano de 1979, ainda de forma não oficial. Somente em 1983 ela foi legitimada como prévia comemorativa à mudança da capital do Estado que beirava a festividade dos 100 anos. Hoje, já consolidada como uma das principais e mais desafiadoras corridas de rua do Brasil, a competição deve receber 5.000 atletas, o maior número desde 2016. 

Partindo do trajeto mais longo, a corrida inicia na Praça São Francisco, no centro histórico de São Cristóvão. O local é tombado como patrimônio cultural da humanidade pela Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (UNESCO), devido ao seu valor como documento histórico, paisagístico, urbanístico e sociocultural. Em seu entorno, possui construções dos séculos XVII e XIX, como o Museu Histórico de Sergipe, sendo o mais antigo, (inaugurado em 1960) e o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Continuando o trajeto, os corredores enfrentam 15 km de extensão da rodovia João Bebe Água, repleta de ladeiras que tornam a prova ainda mais desafiadora. Em seguida, a corrida segue pelo povoado Cabrita e pelo conjunto Eduardo Gomes e a partir daí, já é possível avistar a cidade aniversariante. 

Ao entrar em Aracaju, os atletas passam pela avenida Doutor José da Silva Ribeiro Filho, que separa os bairros Capucho e América, a sete quilômetros para o fim da corrida. Seguindo o trajeto, é no bairro América onde os corredores enfrentam a última ladeira do percurso, na avenida Doutor José da Silva Ribeiro Filho.
 
Lá, os corredores que irão fazer o menor percurso têm o momento de largada e, logo em seguida, alcançam a avenida Desembargador Maynard, via que corta alguns bairros históricos da cidade. 

Quilômetros finais 
Restando apenas um 1,3 km para a chegada, a avenida Barão de Maruim protagoniza as paisagens nos últimos minutos da Corrida Cidade de Aracaju. Essa via da capital sergipana projetou-se a partir dos anos 1910, e era o endereço dos casarões de época, que hoje deram lugar a estacionamentos, agências bancárias, clínicas e lojas comerciais. Cada extremidade da avenida é marcada por uma importante praça. 

A Praça da Bandeira, localizada entre os cruzamentos das avenidas Barão de Maruim e Pedro Calazans, é local conhecido pela vasta arborização e por reservar parte da história de Aracaju.  Às sextas-feiras eram realizadas as feiras livres, atividade que depois foi extinta devido ao início do paisagismo, que acabou dando lugar aos assentos, bancas de jornais e revistas, quiosques e plantações de diferentes tipos de árvores. Ao centro da praça, uma grande bandeira do Brasil simboliza o nome do local. 

Uma das mais antigas da capital sergipana, a Praça Camerino foi criada pela lei 39 de 11 de Abril de 1951, com o nome oficial de Praça Sílvio Romero. Reformada em 2013, em uma obra realizada pela Prefeitura de Aracaju em parceria com o Instituto do Patrimônio Histórico e Arquitetônico Nacional (IPHAN), o espaço foi entregue à população no dia 27 de fevereiro de 2014.

Nas primeiras edições da Corrida Cidade de Aracaju, a linha de chegada acontecia nesta praça. Com o passar do tempo e a ampliação do percurso, o fim do trajeto foi transferido.

A 37ª Corrida Cidade de Aracaju chega a seu momento final na avenida Ivo do Prado. Às margens do rio Sergipe, a Praça Inácio Joaquim Barbosa, conhecida como Praça do Mini-golfe, reúne os vitoriosos da Corrida. Ao fim dos 24 km, os atletas recebem prêmios e troféus no centro da praça e têm a oportunidade de comemorar em um ambiente fresco, arborizado e cheio de referências históricas.

O nome dado à praça homenageia o fundador de Aracaju, Inácio Joaquim Barbosa. Ele foi o responsável pelo discurso sobre a transferência da capital de São Cristóvão para o então povoado Santo Antônio, hoje bairro mais antigo Aracaju. 

O monumento erguido em memória a Inácio Barbosa guarda também os seus restos mortais desde 1951. O obelisco é feito de bronze e granizo, de autoria do escultor italiano Lorenzo Petrucci, fruto de uma iniciativa do Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe (IHGSE). Anualmente, honrarias e discursos solenes marcam as homenagens realizadas no local, em alusão ao fundador.