Salas de Recursos Multifuncionais garantem inclusão na Educação de Aracaju

Educação
23/05/2022 12h14

Inclusão se faz no dia a dia, com equipamentos que permitem que pessoas com algum tipo de deficiência se integrem às atividades do cotidiano. Na rede municipal de Educação de Aracaju, um desses equipamentos é a Sala de Recursos Multifuncionais, que está presente em 24 unidades de ensino.

As Salas de Recursos Multifuncionais seguem as determinações da Política Nacional de Educação Especial na Perspectiva da Educação Inclusiva (PNEEPEI), instituída em 2008 pelo Ministério da Educação (MEC). De acordo com o Censo Escolar de 2021, a Educação de Aracaju possuía 974 estudantes com alguma deficiência matriculados, sendo que 507 destes eram atendidos em Salas de Recursos naquele ano.

Nícolas Andrade é professor da rede municipal desde 2008. Em 2019, passou a atender na Sala de Recursos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Otília de Araújo Macedo. Além de pedagogo, é formado em Psicologia e, no espaço, consegue unir duas de suas paixões.

“Comecei a atender alunos com autismo e percebi que estavam chegando aqui na escola muitas crianças com essa condição. Hoje, posso me dedicar 100% à Educação Especial e a maioria dos estudantes que recebo aqui possuem o diagnóstico de autismo, geralmente, com uma deficiência intelectual associada”, conta Nícolas.

Alunos público-alvo da Sala de Recursos estudam em sala regular e são atendidos no local no contraturno. Nas escolas que não possuem os equipamentos, os estudantes são remanejados para a Sala mais próxima da comunidade em que vive. Professores da sala de aula regular e da Sala de Recursos estão em constante contato para ajudar, com o objetivo de trabalharem juntos para o desenvolvimento do aluno atendido. 

“Um aluno muito comprometido pode ter dificuldade de acesso às atividades que são comuns a todos e a gente foge da ideia de adaptar atividades. Elas não tem que ser adaptadas, mas o aluno tem que ter acesso àquele conhecimento, respeitando as suas potencialidades. Se não houver essa conversa entre os professores, a inclusão não acontece”, pontua Nícolas.

Periodicamente, a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Educação (Semed), realiza aquisições de materiais pedagógicos para as Salas de Recursos Multifuncionais. Esses materiais, em sua maioria lúdicos, auxiliam os docentes no trabalho com os estudantes. São circuitos psicomotores, sacolas criativas, esquema corporal, rotinas para autistas, provas piagetianas, entre outros.

“Esses materiais fazem toda a diferença porque, apesar de estarmos em um ambiente escolar, não trabalhamos, de fato, o conteúdo da sala de aula regular. Trabalhamos de forma lúdica com o que vai ajudar o aluno a desenvolver as habilidades, entrar em contato com esse conhecimento e a forma de nos aproximar dessa criança pe através do lúdico. Além dos materiais que vêm da Secretaria, nós também construímos alguns, que é a chamada tecnologia assistiva de baixa complexidade”, complementa professor Nícolas.

Na Emef José Conrado de Araújo é a professora Rosemere de Santana que atende os estudantes na Sala de Recursos Multifuncionais. Entre os seus alunos, o Transtorno do Espectro Autista (TEA) também é a condição mais diagnosticada. 

“Fazemos uma entrevista inicial com os pais, para entender aquela deficiência, entender o que aconteceu com a criança, se houve algum problema na gestação, se ele tem atraso no desenvolvimento. Alguns já possuem laudo há bastante tempo e outros a gente descobre outras questões aqui na Sala e orientamos os pais a buscar auxílio em outros equipamentos públicos. É na vivência com esse aluno que vamos identificando as comorbidades, nesse trabalho de escuta que vamos desenvolvendo nosso trabalho”, explica Rosemere. 

Além dos professores das Salas de Recursos, a Educação Especial de Aracaju conta com 250 cuidadores, 15 intérpretes de Libras e 50 estagiários mediadores pedagógicos. 

Formação

Além de equipar as Salas de Recursos Multifuncionais com materiais pedagógicos, a Prefeitura de Aracaju também investe na formação de professores, técnicos e cuidadores. Atualmente, a Coordenadoria de Educação Especial (Coesp) está realizando um Ciclo de Palestras, abordando temas como autismo, inclusão do estudante com altas habilidades, tecnologias digitais da informação e comunicação para educação especial, a importância da estimulação precoce na educação infantil, avaliação na educação especial e inclusiva, comunicação alternativa para estudantes não verbais, transtorno do déficit de atenção e hiperatividade, plano educacional individualizado, adaptações curriculares de atividades e materiais pedagógicos, alfabetização de estudantes público-alvo da educação infantil, entre outros.