Oficina orienta comunidade das Mangabeiras sobre preparação de currículo e entrevista de emprego

Agência Aracaju de Notícias
16/02/2023 15h00

Enquanto as casas do Residencial Mangabeiras Irmã Dulce dos Pobres são erguidas no bairro 17 de Março, a comunidade que aguarda a entrega das unidades habitacionais recebe suporte para desenvolvimento socioeconômico, através do Projeto Trabalho Social (PTS) realizado pela Prefeitura de Aracaju. Nesta quinta-feira, 16, a ação foi voltada para a oficina de preparação de currículo e orientações para entrevista de emprego, ofertada no Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) situado no bairro. 

Mais do que uma simples oficina, a capacitação reflete diretamente numa comunidade onde a maioria da população é de baixa renda e carece do poder público para boa parte de suas necessidades básicas ou até mesmo qualificações que oportunizem inserção no mercado de trabalho. 

Responsável técnica no PTS, Patrícia Oliveira ressalta que a oficina foi pensada levando em consideração que o currículo é o primeiro passo para adentrar o mercado de trabalho. “A partir da formulação do currículo, o candidato já pode passar uma boa impressão ou não. Pensando nessa realidade, colocamos essa oficina na grade de ações. O 17 de Março é uma localidade com um público muito diversificado, então, nosso intuito é atender a maior parte da população em situação de vulnerabilidade, para que as pessoas possam ter autonomia na construção de suas histórias, passando, inclusive, pela inserção no mercado de trabalho. Além da oficina, daremos suporte àquelas que não têm condições de imprimir o currículo”, afirma. 

A oficina, ofertada em parceria com o Senac, foi ministrada pelo instrutor do eixo de Gestão e Negócios Diego Almeida, que trabalhou com duas abordagens. “A primeira é voltada pra elaboração do currículo a partir de duas perspectivas, forma e conteúdo, entender que o currículo é um documento e, como um documento, tem uma fórmula, um gênero textual, e dar um foco no conteúdo, qual tipo de informação essas pessoas vão colocar no currículo. Porque muitas vezes a vaga de emprego pode não estar sendo comprometida ou pelo excesso ou pela falta de informação. Então, vamos buscar um equilíbrio dessas duas coisas. No segundo momento falamos sobre a entrevista, entendendo que a vaga faz parte de um processo seletivo e, sendo assim, passa pela questão comportamental, também”, detalha. 

Para o instrutor, o bairro 17 de Março possui potencialidades. “Às vezes, essas potencialidades podem se perder por não terem uma estrutura mínima, por não terem orientação. O intuito é justamente trabalhar essas potências e sanar as dificuldades, prestando apoio e instrução à comunidade”, salienta. 

Dona Rosivânia dos Santos Feitosa, de 54 anos, é presidente do Conselho da Saúde do bairro. Mãe de quatro filhos, ela, no momento, tem como principal ocupação prestar apoio à comunidade. Atuante na localidade, aproveitou a oficina para acompanhar os demais moradores, mas também se atualizar. 

“Nesta vida, já fiz de tudo. Trabalhei na roça, em casa de família. Não tive estudo, hoje, faço o que for possível para me manter, principalmente quando se fala em comunidade. Me importo muito com o meu bairro, com as pessoas que vivem no 17 de Março. Fui uma das primeiras contempladas, quando o bairro foi inaugurado pelo prefeito Edvaldo Nogueira e vi essa localidade crescer. Ele, realmente, é um bairro modelo e me orgulho disso. Por isso, além de me profissionalizar, através dos cursos e oficinas, me mantenho sempre perto da comunidade”, relata Rosivânia ao citar o PTS. “Temos escolas, posto de saúde, Cras e uma equipe social que nos ajuda muito, e isso é muito importante para nós”, reforça. 

Essa proximidade com a equipe social foi um dos alentos para Márcia Cristiane Boldon, de 35 anos. Sergipana, ela viveu por alguns anos no Rio de Janeiro e, devido às dificuldades encontradas, há sete anos voltou para sua cidade natal, onde, hoje, encontra suporte das equipes que atuam no 17 de Março. 

“Estava à beira da depressão, sem perspectiva de vida. Como estou desempregada, encontrei no 17 de Março cursos que eu não poderia pagar e são ofertados de graça para a população. Hoje, participei dessa oficina, mas já me inscrevi em outras. Tenho que agarrar as oportunidades. Ontem mesmo, estava precisando de um currículo e não sabia elaborar um. Hoje, fui orientada e vou saber fazer meu próprio currículo, sem depender de outras pessoas. Esse trabalho social tem me ajudado muito, minha rotina é outra, me sinto mais disposta, mais ativa. Revivi. Agora, me sinto mais preparada para tentar coisas novas, uma vida melhor”, conta Márcia. 

Líder comunitário da região, Adriano Araújo é presidente da Associação Comunitária do 17 de Março. Para ele, os cursos e oficinas acompanham o desenvolvimento vivenciado dentro do bairro. 

“É muito gratificante ver que existe uma equipe voltada para essas famílias da antiga ocupação das Mangabeiras. Essas pessoas, que um dia moraram em condições insalubres, hoje, já sentem o alívio de ver a obra do residencial andando e, ainda, contam com esses cursos e oficinas. Isso levanta a autoestima da população, a valoriza mais e dá oportunidades. O 17 de Março, hoje, é outro bairro, bom de se viver, com obras estruturantes, bons equipamentos sociais, a exemplo das escolas, da unidade de saúde e, em breve, a maternidade e o residencial. Como represente da comunidade, me sinto honrado em ver melhorar a qualidade de vida das pessoas”, destaca Adriano.