Exposição fotográfica ​em homenagem a Aracaju ​marca reabertura ​da ​Galeria ​​Álvaro Santos​

A reabertura de um dos principais espaços destinados às artes plásticas e visuais na capital sergipana, a Galeria de Artes Álvaro Santos, no Centro, após reforma promovida pela Prefeitura de Aracaju, agradou a classe artística local. Para marcar o momento, a unidade cultural, gerida pela Fundação Cultural Cidade de Aracaju (Funcaju), encarta a exposição “Salão de Fotografia”, que faz parte da programação comemorativa pelos 168 anos de fundação da cidade.

“Reabrimos a galeria com um evento importantíssimo, que fizemos através de edital, e aplicando um olhar muito particular sobre a nossa Aracaju para comemorar o aniversário da cidade. Um olhar etnográfico, com abordagens, leituras dos ambientes construídos na cidade a partir de visões que não são aqueles clichês tradicionais, dos cartões-postais, das imagens publicitárias. Aqui temos uma periferia pulsante, viva, e não só se mostra esses ambientes como também a população, as gentes que compõem o tecido humano de Aracaju”, explica o presidente da Funcaju, Luciano Correia.

A exposição conta com o trabalho de dez fotógrafos locais, selecionados por edital para apresentar seus olhares sobre os diversos bairros e suas comunidades. Compõem a mostra 20 fotografias que mostram costumes do município, seja no ambiente, seja na população.

Para o galerista Mário Britto, é especialmente gratificante participar de uma homenagem a Aracaju, que completa 168 anos de fundação no próximo dia 17 de março. Segundo ele, “é muito importante” destacar que essa galeria marca a história das artes visuais em Sergipe, pois, ressaltou, “é a primeira pública e um lugar que sempre deu oportunidade para o surgimento de talentos”.

“Comemorar o aniversário de Aracaju com arte é um dos melhores modos de celebrar, então estou muito feliz de participar deste momento que festeja a arte com tantas fotografias, que retratam tão bem a nossa querida Aracaju. É uma cidade encantadora e foi muito bem observada e sentida pelos fotógrafos que fazem parte da exposição”, disse.

A fotógrafa Francielle Nonato, autora de duas das fotografias expostas na mostra, explica que buscou, em seu trabalho, “simbolizar a energia do Bugio”. “Uma é muito espontânea, tirada no jogo do Flamengo na Libertadores, no bar do Edinho, onde torcedores assistiram ao jogo, em um momento de muita euforia, e a outra é um momento mais ‘pacato cidadão’, uma pessoa no mercado comprando carne, naquele tédio do dia a dia”, conta.

Ela acrescenta ainda que o seu trabalho visou “representar a energia da vida, esse equilíbrio entre a euforia e o tédio”.  “Estou muito orgulhosa, o que ficou para mim foi o acolhimento da comunidade, das pessoas que abriram as portas para me receber. Eu quis trazer um Bugio de gente, que abraça”.

Segundo o presidente da Funcaju, a Galeria Álvaro Santos “tem uma importância histórica no movimento artístico sergipano, ela é lendária”, frisa. “Começa por sua arquitetura, que guarda um estilo arquitetônico do Brasil moderno, o Brasil de Juscelino, de Lucio Costa e Oscar Niemeyer. É um prédio tombado, nós fizemos agora a sua reforma e entregamos ele fisicamente recuperado do ponto de vista material, mas também trazemos de volta uma política de galeria, porque a gente devia isso à sociedade sergipana. A galeria ficou fechada durante a pandemia, ficou algum tempo sem realizar os eventos que faziam parte das atividades dela, como, por exemplo, o Salão de Fotografia”, explica o gestor.

Luciano Correia revela que, a partir da reabertura da galeria, a Funcaju atua para montar um cronograma contínuo de atividades, de forma que o local continue protagonista no fomento às artes produzidas localmente.

Coordenadora administrativa da galeria, Bianca Leite destaca que a unidade sempre tem papel importante nas artes plásticas de Aracaju e volta a funcionar pensando em uma política de afirmação da cultura e artes plásticas na cidade.

"Vai ser construído junto artistas uma pauta para a galeria. A intenção é voltar com o Salão dos Novos, o Salão de Fotografia, funcionando como sempre foi. Em setembro, a galeria completa 57 anos e temos a intenção de revitalizar as obras presentes e recontar a história do espaço a partir das suas coleções”, ressalta.

A reforma contou com um investimento de quase R$ 340 mil, com recursos do Tesouro Municipal, para proporcionar mais conforto e segurança aos artistas e visitantes que usufruem do espaço, além de preservar a riqueza arquitetônica e histórica do prédio, garantindo infraestrutura condizente com a importância do local para a cidade.

A Galeria de Artes Álvaro Santos está localizada na praça Olímpio Campos, no Centro, e funciona de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h.