Entre Elas: população das Mangabeiras é envolvida em ação voltada à saúde da mulher

Elas são maioria entre a população que, futuramente, residirá no Residencial Mangabeiras Irmã Dulce dos Pobres, obra em construção no bairro 17 de Março. Na tarde desta quinta-feira, 30, as mulheres foram o centro das atenções da programação desenvolvida pelo Projeto de Trabalho Social (PTS) com o tema “Entre Elas: Saúde, Corpo e Mente”. A partir de palestras, apresentações musical e de dança, além de entrega de kits de higiene pessoal e espaço kids, a ação desenvolvida envolveu a comunidade feminina numa jornada de autoconhecimento e valorização do ser. 

A programação integra as ações desenvolvidas pelo PTS executado pela empresa Oliveira Consultoria, no âmbito do programa Pró-Moradia, do Governo Federal, com o acompanhamento da Secretaria Municipal da Assistência Social. 

O local de concentração foi o Centro de Artes e Esportes Unificados (CEU) do bairro, cujo auditório foi tomado por mulheres de diversas idades, cores, trajetórias, mas que se convergem quando o pensamento é o vislumbre de uma vida mais digna, a exemplo da expectativa pelo recebimento de uma casa nova, em um ambiente seguro e com infraestrutura, como o residencial que está sendo erguido. 

Conforme a responsável técnica do PTS, Patrícia Oliveira, a atividade é uma continuação do trabalho que já vem sendo desenvolvido junto à comunidade, mesmo antes da obra do residencial ter sido iniciada. 

“Estamos fechando o mês alusivo à mulher e trouxemos uma palestra especial sobre saúde, numa perspectiva do tripé corpo, mente e espírito. Cerca de 150 mulheres foram envolvidas nessa atividade que tem como foco, justamente, chamar a atenção delas para os cuidados que precisam e merecem ter. Além da palestra, contamos com uma demonstração da atividade que ocorre toda semana, no Cras [Centro de Referência Da Assistência Social] da comunidade, depoimentos de mulheres assistidas e, ainda, a apresentação musical da cantora gospel Thaís Helena, de apenas 13 anos, criada dentro desse território. Então, é um momento de empoderamento e fortalecimento de vínculo entre elas”, ressalta Patrícia. 

À frente da palestra, a psicóloga Iara Goes, conhecedora da comunidade por atuar no Cras do 17 de Março, ressaltou que o intuito da ação "é sensibilizar, chamar a atenção porque quando a comunidade começa a perceber o seu valor traz uma grande ajuda, em diversos sentidos", frisa.

 

"Essas pessoas passam a se olhar e encontrar seu potencial, seja para o trabalho, para educação ou mesmo de forma pessoal, dentro da sua condição de vida, do seu contexto e realidade. Quando se trata de uma comunidade que está prestes a realizar o sonho da casa própria, essa valorização se torna ainda mais potente. Aqui, nosso foco foram as mulheres, num estímulo a como se olhar com mais admiração, para que elas se enxerguem como pessoas que têm muito a contribuir com a comunidade, sobretudo diante de uma mudança de vida como a que está para acontecer”, destaca Iara. 

Quem participou da atividade foram mulheres que, de alguma forma, já haviam sido tocadas pelo PTS, a exemplo de Thyara Bispo dos Santos, de 30 anos, que ao ver sua vida mudar, quis ver esse bem na vida de outras pessoas.  

“Já fiz vários cursos promovidos pela equipe do PTS, como o de doces para festas, manicure e pedicure, estratégia para venda e, mais recentemente, o de informática básica. Hoje, minha fonte de renda vem dos cursos que fiz. Trabalho com decoração de unhas, mas também faço bolo para festas e, no momento, estou na produção de ovos de páscoa. Só tenho a agradecer, principalmente, porque quando eu for para a minha casa, terei, também, uma fonte de renda. Olhar para onde eu estava e para onde estou, hoje, é uma conquista e motivo de muita alegria, por isso, sempre que posso, faço questão de chamar outras mulheres para participar dos cursos, oficinas e palestras”, conta Thyara. 

Assim também foi motivada Ana Lucy Santos, de 31 anos, que, atualmente, tira sua fonte de renda fazendo unhas e aproveita o tempo livre para estimular o corpo com atividades físicas, uma saída para a tristeza que sentia. 

“Para mim, tudo isso foi muito importante. Vivia numa situação muito difícil e, agora, terei uma moradia digna para cuidar dos meus cinco filhos, sem contar que, hoje, tenho um trabalho, posso ganhar um dinheiro. Tenho uma grande satisfação por tudo o que tenho aprendido e pelo que ainda virá”, frisa Ana. 

Catadora de material reciclável, Narcisa da Silva Sandres, de 53 anos, já consegue imaginar uma vida melhor quando se mudar para a casa nova e, enquanto aguarda, aproveita o PTS para aprender mais. 

“Sofria muito na antiga ocupação, mas o bom é que já deu tudo certo e, logo, logo, estarei numa casa novinha. Hoje, aproveito para participar de tudo o que posso. As meninas são muito atenciosas e sempre avisam quando vai ter alguma programação, então, venho sempre, me interesso por tudo, ainda mais quando o assunto tem o foco na mulher, nessa questão de saúde, valorização. Nesses momentos, a gente pode conhecer mais as pessoas da comunidade e compartilhar o que aprendemos”, pontua Narcisa.