Maior evento da pauta anual da Galeria Álvaro Santos, o Salão dos Novos foi aberto ao público na noite de ontem, quinta-feira, em solenidade comandada pelo prefeito Edvaldo Nogueira. O ponto alto desta 17ª edição foi a premiação das obras de artistas iniciantes que farão parte do acervo permanente da Prefeitura de Aracaju, escolhidas num universo de 56 trabalhos, entre telas, esculturas e instalações, selecionados por uma rigorosa comissão julgadora formada por especialistas que observaram critérios como criatividade, técnica e composição.
O primeiro lugar ficou com ´A Corda´, de Mércia Bomfim, desenho feito em lápis grafite sobre o papel que impressionou a todos pelo realismo, riqueza de detalhes, expressividade e rigor técnico. "É uma oportunidade fundamental para quem está começando, que com certeza vai me incentivar ainda mais a viver de arte. Essa iniciativa da Prefeitura é bem interessante e de grande valia para os artistas de Sergipe", afirmou a vencedora, que começou a investir na área há apenas dois anos. No seu currículo estão cursos de Figura Humana e Desenho Realístico, este último feito em São Paulo.
´O Circo´, de Paulo Alexandre dos Santos Souza, conquistou o segundo lugar e foi um dos trabalhos que mais despertou a curiosidade do público pela delicadeza, perfeição, movimento e originalidade. A miniatura usa uma técnica mista a partir de elementos diversos, como areia, tinta, plástico, isopor, arame, papel, pedra e até fio de sisal. "Não esperava nunca que minhas peças chamassem tanta atenção porque fogem totalmente aos padrões de expressão de hoje. Com esse prêmio, terei como divulgar melhor meu trabalho", comemorou.
O terceiro lugar foi para o autodidata Kleber Souza, com ´Febre das Horas´, detentor de um estilo marcante de inspiração gótica, sombria e depressiva, baseado em cores frias, expressões de sofrimento, dor e introspecção. "Só pelo fato de ter sido selecionado já é uma vitória, mas o reconhecimento me estimula a buscar um caminho profissional através da pintura. Vou começar a priorizar a arte e tentar me aperfeiçoar ainda mais", garantiu.
Para Edvaldo Nogueira, mais uma vez o Salão dos Novos cumpre sua missão de revelar talentos e democratizar o acesso dos artistas iniciantes ao prestigiado espaço da Galeria Álvaro Santos. "Aracaju é um celeiro de jovens talentos. O que precisa apenas é um incentivo e um lugar para que essas pessoas que produzem diuturnamente possam mostrar seus trabalhos e se lançar no complexo universo do mercado de artes plásticas. E é com esse objetivo que estamos aqui hoje: abrir caminho para a renovação", declarou.
Premiação
Os três primeiros colocados ganharam prêmios em dinheiro no valor de R$ 1.000, R$ 800 e R$ 600. Além disso, mas três peças receberam Menção Honrosa do júri: Criança Cheirando Cola, de Humberto Alves Ribeiro; A Essência de J. Inácio, de Antônio Carlos Pereira; e Mais Tempo, Menos Tempo, de Manoel Messias Gonzaga. Participaram da comissão julgadora o artista plástico Adauto Machado, o pesquisar e gerente de difusão da galeria, Halisson Couto, e o professor de artes e também artista Fernando Cajueiro, que atualmente é diretor da Álvaro Santos, gerenciada pela Fundação de Cultura, Turismo e Esporte (Funcaju).
"Se olharmos o cenário das artes visuais de Sergipe, veremos que uma parte importante dos artistas é egressa do Salão dos Novos. Esse é um dos momentos mais valiosos da pauta da galeria na medida em que abre espaço para talentos iniciantes e mais do que isso: representa um rito de passagem do amador para o profissional. Os artistas premiados são avalizados como profissionais das artes visuais e mostram a versatilidade das expressões artísticas aqui expostas. Isso é o que mais me emociona: a determinação dos participantes, refletida na qualidade alcançada a cada ano", avaliou Fernando Cajueiro.
Também prestigiaram a 17ª edição os jornalistas Ilma Fontes e Pascoal Maynard; a presidente da Funcaju, Lucimara Passos; o secretário Municipal de Comunicação Social Carlos Cauê; além de artistas, estudantes, familiares dos expositores, curiosos e apreciadores de arte.
Galeria Álvaro Santos
A Galeria Álvaro Santos surgiu em 1966 no local onde antes ficava o aquário da Praça Olímpio Campos e foi projetada pelo arquiteto Rubens Sabino Ribeiro Chaves, sob a coordenação de uma comissão formada por Clodoaldo Alencar, Núbia Marques, Florival Santos, Hunaldo Alencar, João Batista Garcia Moreno e João Freire.
Mas só em 2000 o espaço foi reformado e ampliado para melhor receber as obras e o público. O artista que dá nome à galeria de maior visibilidade de Aracaju viveu entre 1920 e 1963. Álvaro Santos ficou conhecido pelas pinturas que retratavam a capital sergipana em seu tempo, a partir de tipos humanos, paisagens, natureza morta e retratos de personalidades.