As duas entradas de acesso ao Centro Administrativo Prefeito Aloísio Campos amanheceram hoje, quarta-feira, fechadas por diversas faixas colocadas pelos grevistas da Guarda Municipal de Aracaju (GMA). O comando de paralisação da categoria decidiu de forma desrespeitosa para com os servidores municipais tentar não permitir o acesso destes com seus carros ao estacionamento da Prefeitura.
Apesar de nunca ter deixado de negociar com os representantes dos funcionários em greve, a Prefeitura estranhou e repudiou o ato, pois a categoria também foi contemplada durante as negociações junto à mesa de negociação municipal. No entanto, a classe agora faz novas solicitações, que não podem ser atendidas por força da Lei 9.504/97, que disciplina as condutas a serem observadas em período eleitoral, e impossibilita que o município, nos 180 dias que antecedem o pleito e até a posse dos eleitos, conceda revisão na remuneração dos servidores públicos que exceda a variação da inflação nos últimos 12 meses.
Segundo relato do secretário municipal de Governo, Bosco Rolemberg, o prefeito Edvaldo Nogueira antecipou a data-base da categoria de maio/08 para março/08, concedendo um reajuste linear de 6% para os servidores do município, valor acima da inflação acumulada de 3,97% nos últimos 10 meses. Lembra ainda que incide de forma positiva sobre os guardas municipais a retomada do convênio com o Ipesaúde. Com a iniciativa, a Prefeitura garante aos componentes da Guarda e demais servidores, atendimentos médico e odontológico, com a Prefeitura arcando com 50% da mensalidade do beneficiário titular ativo.
Além do aumento, outras conquistas beneficiaram diretamente, e até exclusivamente, os integrantes da Guarda. Exemplo disso é a regulamentação do Sistema de Avaliação de Desempenho, possibilitando a progressão funcional dos servidores efetivos integrantes da Guarda, além da Gratificação de Titulação, que possibilitará aos servidores da categoria ampliar os seus vencimentos em até 50%, mediante a realização de cursos de aperfeiçoamento profissional e da conclusão de cursos de nível superior e pós-graduação.
Servidores
O coordenador do departamento legislativo da Secretaria Municipal de Governo (Segov), Raimundo Júnior, não conseguiu entrar com seu veículo no Centro. "A partir do momento que há impedimento do acesso dos servidores que precisam trabalhar e estacionar seus carros na dependência da Prefeitura a paralisação já pode ser caracterizada como abusiva", afirma Raimundo, ressaltando que criar obstáculos ao acesso, sabendo que eles são os detentores do controle da entrada, é inclusive uma atitude inconseqüente. "Os outros servidores não têm como reagir, porque eles são os guardiões da Prefeitura", analisa Raimundo.
Feliz Henrique dos Santos, analista da Secretaria Municipal de Assistência Social e Cidadania (Semasc), conta que foi constrangedor vir trabalhar e não poder entrar com seu automóvel no estacionamento do Centro Administrativo. "Entendo que é um direito deles, mas que causa transtorno às pessoas. Eles poderiam liberar a entrada dos funcionários", diz.
Para a técnica contábil Maria José Vieira, a postura dos agentes de impedir a entrada dos servidores municipais foi errada. "Deixei meu veículo fora do prédio e corro o risco de encontrá-lo com algum dano. Ninguém pode pagar pela manifestação deles", justifica.
