"Mesmo após milênios e milênios de existência, e séculos e séculos de civilização, a vida é ainda capaz de gerar certas situações onde as palavras se mostram inabilitadas para expressar o que sente o coração dos homens, e resultam em ineficientes tradutoras da alma humana. É esse o dilema que vivo hoje, nesta primeira manhã do recém-nascido ano de 2009.
Meu coração aloja um caleidoscópio de sentimentos, onde se misturam honra, alegria, júbilo, felicidade, esperança, gratidão, respeito e um sem número de outras sensações que fazem meu peito quase explodir de emoção, nessa hora em que compareço a esta solene sessão da Câmara de Vereadores de Aracaju, para tomar posse no cargo de prefeito da cidade.
É uma grande honra para mim ser reconduzido ao cargo de comando maior da nossa cidade, e desta vez, não mais como resultado de circunstâncias políticas especiais como foi da primeira, quando ocupei a vaga deixada por Marcelo Déda por ele ter que se afastar do mandato para concorrer ao governo estadual. Alegra-me e muito me honra comparecer ante vossas presenças para tomar posse no cargo de prefeito de Aracaju na condição de eleito que fui, em primeiro turno, por vontade soberana de 140 mil 962 aracajuanos que confiaram a mim a tarefa de continuar a comandar os destinos da nossa capital.
Falo de alegria, honra, felicidade e júbilo, mas não falo de glória. Creio que apenas cumpri mais uma etapa de uma responsabilidade que me foi confiada pelo povo aracajuano e pelos companheiros políticos aliados. Balzac dizia que "a glória é o sol dos mortos", e eu creio que os que se sentam à sombra desse sol, depois de cumpridas certas etapas da vida, embora possam se sentir vivos, já começaram a morrer. É grande sim a alegria, o contentamento, mas sou de uma geração que aprendeu a lidar com o poder como o exercício de uma tarefa e assim o realiza, sem soberba, sem arrogância, sem deixar que a vaidade assuma o lugar do discernimento e sem esquecer que o poder é uma delegação temporária de quem, verdadeiramente, o detém, que é o povo de Aracaju.
Esse turbilhão de emoções que digo sentir nessa manhã, entretanto, tem razão de ser. É que para mim, as eleições de 2008 têm um significado muito especial. Primeiro é preciso assinalar que não se trata de um resultado isolado, mas de um resultado que vem se somar a um ciclo de vitórias que o nosso grupo político vem acumulando desde o ano de 2000, quando eu e Déda chegamos à Prefeitura de Aracaju, passando pela vitória de Zé Eduardo em Aracaju, em 2002 e pela reeleição de Déda em 2004. Um projeto que, vitorioso em nossa capital, se ampliou para todo o estado em 2006, com a vitória de Marcelo Déda ao governo estadual e que com o resultado de 2008 consolida, portanto, três vitórias consecutivas desse grupo, no primeiro turno.
Isso sem sombra de dúvida quer dizer algo.
Quer dizer que a população aracajuana apóia o modo como nós conduzimos a administração municipal. Isso significa que a nossa gente está entendendo nossa mensagem e concorda com ela. Nossa gente está satisfeita com o modo ético com que orientamos nossa ação no executivo, agindo com transparência, com lisura, com rigor na aplicação dos recursos públicos e com respeito ao contribuinte.
Nossa gente concorda com o modelo democrático que utilizamos na condução do poder municipal, ampliando a participação popular, adotando e respeitando mecanismos de controle da sociedade sobre o executivo. Nosso povo gosta da visão moderna e futurista com a qual olhamos a cidade, planejando-a e projetando-a para atender às necessidades do cidadão aracajuano, sem negligenciar a vocação de modernidade urbana que Aracaju sempre expressou desde o seu nascimento, há 154 anos, e a qualidade de vida da nossa gente.
Isso demonstra acima de tudo, meus senhores e minhas senhoras, que a população de Aracaju está em sintonia com o pensamento político deste grupo que comanda a cidade desde 2001 e que vem renovando a práxis política em nosso estado com uma nova mentalidade. Atuando com respeito às gerações que construíram significativo caminho no passado e ainda mantêm importantes papéis na luta política do presente. Agindo com amplitude suficiente para incorporar setores de diversos matizes político-ideológicos programaticamente convergentes. Lutando para ampliar cada vez mais os espaços de conquista popular. E edificando um novo jeito de fazer política, assentado na lealdade, no respeito aos aliados e no compromisso inquebrantável com o interesse do povo.
Como é bom ver que Aracaju reconhece esses valores e faz deles o seu guia na hora de escolher seus representantes. Como é bom ver que também os sergipanos como um todo, após a experiência das eleições de 2006, começam a valorizar os novos paradigmas que o governo assinala em nossa terra, começam a compreender o significado das mudanças que Sergipe vive sob o comando dessa jovem liderança que é o governador Marcelo Déda, destinado como está ele a escrever no estado, como já fizera em Aracaju, uma nova página da história do nosso povo e do nosso tempo.
É por isso que essa vitória de 2008 é também resultado de cenário político favorável que se instalou em Sergipe com a chegada de Marcelo Déda ao governo estadual. Um marco inequívoco de renovação e de mudança que tem estimulado as vocações transformadoras em cada rincão desta terra e possibilitado a realização de amplos processos de alianças. Esta eleição, particularmente, é o emblema de um modo amplo de fazer política e da maturidade dos partidos que se juntaram em aliança para fazê-la uma realidade. Esta é uma vitória dos catorze. Eu me sinto honrado por ter sido catalisador deste processo de aliança, por minha candidatura ter conseguido aglutinar todo esse amplo leque de forças, por ter sido eleito prefeito com o apoio de cada um desses partidos, e por termos conseguido vitórias eleitorais tão expressivas.
Mais uma vez, esta brava cidade de Aracaju, cidadela cuja face resplandece sua vocação libertária - tão evidenciada ao longo de décadas - dá mostras de que mantém vivas as suas convicções políticas, dá provas de que não se deixa levar pelo discurso fácil, não se deixa enganar pela lábia insossa e vazia. Nem tampouco se rende ao modelo político arcaico, já amplamente derrotado em Sergipe, mesmo quando ele se apresenta travestido num falso apelo mudancista. Fico feliz de manter erguida e firme a tradição progressista de Aracaju, que depois da redemocratização nunca permitiu que a direita colocasse os pés naquele velho prédio construído em 1926 por Graccho Cardoso. Nunca deixou que os emissários do conservadorismo subissem aquelas simples, mas imponentes escadarias do povo aracajuano.
Apesar dos que tentaram dizer o contrário, nossa gente viu claramente o que está diante de seus olhos. Que nossa cidade cresce e caminha cada dia mais para o progresso e o desenvolvimento. Tenho a satisfação de ter me apresentado a Aracaju com um conjunto de realizações que orgulham nossa gente e engrandece a nosso município. São obras por todos os lados e que não só mudam a face urbana de Aracaju mas, sobretudo, melhoram a vida dos aracajuanos. Obras significativas que embelezam a cidade, que dão mais conforto e mais segurança ao nosso povo, que incluem socialmente as parcelas mais vulneráveis economicamente, e ampliam o conceito de qualidade de vida para todos.
Tenho o orgulho de ter atuado em todas as áreas e construído marcas importantes para o nosso histórico enquanto cidade. Na educação, atingimos em 2008 a média escolar que o MEC havia estipulado apenas para 2009. E com a campanha Pelo Direito de Aprender iniciamos um sólido processo para qualificar o ensino municipal. Entregamos mais de mil residências pelo Programa de Arrendamento Residencial, em parceria com o governo Lula. Com Lula e o governo estadual, estamos realizando através do PAC o mais extraordinário conjunto de obras em Aracaju, que inclui a construção de mais de 2 mil casas, urbanização e infra-estrutura de drenagem e pavimentação das duas áreas mais carentes da cidade: O Coqueiral e o Santa Maria. No Santa Maria, na verdade, estamos criando um bairro inteiramente novo, que vai nascer estruturado e ser referência de planejamento urbano no país. Além disso, construímos a maior obra de engenharia urbana da cidade, o viaduto Carvalho Déda no Distrito Industrial. Uma marca indelével do desenvolvimento de Aracaju.
Segundo a FIRJAN - Federação da Indústria do Rio de Janeiro, somos a primeira cidade do Nordeste em geração de emprego e renda. No quesito saneamento financeiro, fomos distinguidos pelo jornal Folha de São Paulo pela saúde financeira do município e o exemplar cumprimento da Lei de Responsabilidade Fiscal. Mudamos o paradigma de compreensão sobre o trânsito na cidade, elevando-o à condição de uma política urbana mais ampla e mais moderna, que é o conceito de mobilidade urbana, e dessa forma estabelecemos um novo patamar para as discussões sobre esse assunto e implementamos um conjunto de ações que preservam o direito constitucional de ir e vir de cada cidadão.
Recentemente, segundo pesquisa realizada pelo Ministério do Desenvolvimento Social, Aracaju foi apontada como a segunda capital do Nordeste e a terceira do país com melhor IDF - Índice de Desenvolvimento Familiar. Índice que mede variáveis de desenvolvimento entre famílias assistidas pelos programas sociais, relacionadas ao bem estar e ao progresso que tais famílias alcançam a partir do nosso trabalho de assistência social. Além disso, como é de conhecimento de todos, em abril do ano passado, nossa cidade foi apontada nacionalmente como a capital de melhor qualidade de vida do país.
São marcas formidáveis que dialogam diretamente com o trabalho que a Prefeitura de Aracaju vem desenvolvendo na cidade e, naturalmente, com o talento da gente aracajuana. Marcas que fazem da nossa cidade um lugar cada vez melhor para se viver e que tem elevado a auto-estima dos aracajuanos, que não se cansam de demonstrar seu amor à cidade e zelar pelo seu progresso. Esta também tem sido nossa missão. Temos trabalhado incansavelmente para construir a Aracaju com que todos nós sonhamos: cada vez mais de todos os aracajuanos, elegendo entre todos, prioritariamente, aqueles cuja situação de vida necessita com mais urgência do poder público.
Quando assumi como prefeito, em 31 de março de 2006, disse aos aracajuanos que essa seria minha missão: trabalhar para que nossa cidade avançasse ainda mais do extraordinário patamar a que havia chegado. Disse que daria o melhor de mim, a dedicação plena dos meus dias e minhas noites para fazer de Aracaju uma cidade cada vez melhor. Citando Rousseau, que dizia que "para conhecer os homens se torna indispensáveis vê-los agir", convidei a sociedade sergipana, especialmente a todos os aracajuanos, a me conhecer pelas minhas ações, pelo meu trabalho como prefeito e pelo meu compromisso de fazer jus à confiança que ali era depositada em mim, e à grandeza histórica das circunstâncias que naquela ocasião me faziam prefeito de Aracaju.
Fico com uma certa sensação de estar correspondendo ao desafio a que me propus e pelo qual convidei-os a me conhecer.
Porque, meus amigos e minhas amigas, tenham certeza de que nesses dois anos e nove meses em que sou prefeito de Aracaju, o que mais ocupou a minha vida, o que mais povoou os meus pensamentos e o que mais preencheu os meus dias foi o trabalho intenso pela cidade de Aracaju. Eu sempre soube que o trabalho sério, dedicado, responsável, e obstinado seria a prerrogativa legítima para ganhar o respeito da população aracajuana, para suscitar a credibilidade da nossa gente e daí, quem sabe, flertar com seus corações e mentes. Foi assim. Fiz de Aracaju um desafio amoroso, daqueles que você se aproxima com cautela, mas movido por um interesse sincero, verdadeiro, honrado. Estabeleci o bem estar dos aracajuanos como o móvel dos meus dias e o que fiz foi trabalhar, assim, como o Jacó de Camões, que serve de pastor a Labão, por sua amada pastora Raquel, serrana e bela. E vocês sabem: o trabalho por amor abranda a dureza da faina e robustece o valor do sentimento.
Já falei de alegria, júbilo, honra e agora quero falar de gratidão. Uma tarefa como a que empreendi não é obra de uma única mão. E nessa jornada, eu contei sempre com um amigo e aliado diuturno, um companheiro presente em todos os momentos, preocupado com o andamento das coisas, interessado na construção do arco de alianças a que nos propusemos, uma mão sempre amiga e uma voz de importantes conselhos. Eu falo do meu amigo e irmão Marcelo Deda. Quero fugir do protocolo para tratá-lo nessa condição, de amigo e irmão. Sem você, meu amigo, tudo isso não seria possível. Felizmente o tempo e história se acumpliciaram para fazer de sua personalidade política, um cadinho com o que de melhor a luta do povo brasileiro e a experiência antropológica da nossa nação conseguiram produzir até hoje. Por isso, em primeiro lugar quero agradecer a você, meu governador, meu líder, meu companheiro.
Quero também dizer aos senhores que a jornada que desenvolvemos na Prefeitura de Aracaju, nesses dois anos e nove meses, contou com o talento dos meus colaboradores mais diretos, o conjunto dos secretários municipais e servidores, que ergueram juntamente comigo uma obra invulgar nessa cidade. Homens e mulheres que formularam e executaram políticas públicas cujo resultado está espalhado pela cidade, em sorrisos, em satisfação, em direitos e garantias, em cidadania. A todos vocês, muito obrigado.
Quero agradecer também aos partidos que formaram aliança conosco nessa eleição e com a somação de suas forças tornaram possível nossa vitória. Quero agradecer ao PSB...
E dentre todos os partidos que me apoiaram - me permitam - eu quero fazer duas distinções. A primeira é ao PT - o Partido dos Trabalhadores. Quero mais uma vez agradecer e registrar o gesto de desprendimento e confiança que este partido irmão fez quando, primeiro, aprovou o meu nome para ser vice na reeleição de Marcelo Deda, sabendo que Déda iria sair da Prefeitura e que eu assumiria como prefeito dali em diante. E segundo, quando, eu já prefeito, decidiu apoiar o meu nome para a reeleição, indicando o nome de Silvio Santos como candidato a vice-prefeito na minha chapa. Eu não poderia esquecer estes dois momentos, e quero agradecer a generosidade e a maturidade do PT nesses episódios.
A outra distinção que faço vem do coração. Deste coração vermelho que está a ponto de explodir dentro do meu peito, e que há vinte e oito anos bate no compasso do sonho de igualdade pela qual o meu partido, o PCdoB, luta há 87 anos. Quero distinguir e agradecer à brava, à extraordinária militância do Partido Comunista do Brasil, que fez de minha candidatura uma tarefa prioritária e deu o melhor de si para torná-la vitoriosa. Fico muito feliz de poder estar contribuindo com a construção da experiência de gestão do PCdoB e de poder contar com o imenso manancial que o partido representa para mim, no campo político, ideológico, tático e estratégico.
Quero agradecer também aos dirigentes nacionais desta brava legenda. Companheiros que ajudaram a construir essa vitória...
Quero agradecer também a certas pessoas que, mesmo integrando partidos, transcende-os, pois são verdadeiras personalidades do mundo político sergipano, cujas vidas e trajetórias já se consagraram como parte da nossa história. Um desses homens é o deputado federal Jackson Barreto, o senador Valadares, Zé Eduardo Dutra, Ulisses Andrade, e Albano Franco.
Meus senhores, minhas senhoras, esta é uma cidade que olha para o passado apenas em busca de inspiração. Porque seus olhos e seus corações estão firmemente plantados no futuro. Desde o momento em que o engenheiro Pirro projetou o traçado de suas ruas paralelas, passando pela construção do seu futuro com o avanço constante em busca de novas fronteiras, esta pequena e valente Aracaju caminhou firme em direção ao progresso, à justiça e à igualdade.
Hoje, ao assumir este cargo, eu assumo mais uma vez o compromisso de realizar uma administração ainda melhor, fundada sobre os valores de ética, modernidade, trabalho e justiça que nortearam a Prefeitura de Aracaju e que fizeram da nossa cidade a capital brasileira da qualidade de vida. Foi sob a égide do trabalho que o povo aracajuano depositou, nas urnas, um voto de reconhecimento ao que realizamos. Mas foi, principalmente, na certeza da continuidade e do avanço da nossa cidade, que este povo nos deu a confiança para poder seguir dirigindo a cidade nessa direção. É a essa confiança que eu agora tenho que corresponder. Aracaju escolheu o caminho do avanço, e a nossa missão agora é tornar realidade essa escolha, fazendo ainda mais e transformando a honra e alegria que sinto neste momento em energia para fazer de Aracaju, a cada dia, uma cidade melhor para todos os aracajuanos.
Fiquem com Deus."
Prefeito Edvaldo Nogueira
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