No dia 15 de setembro de 2000 os mercados Thales Ferraz, Antônio Franco e Albano Franco foram entregues à população totalmente revitalizados, como o povo queria e merecia. Prédios novos com cores vivas e equipamentos de acessibilidade valorizaram a história do local e elevaram a autoestima do aracajuano. A obra grandiosa nasceu da vontade da arquiteta lagartense Ana Libório de preservar o patrimônio do centro histórico.
"Algumas pessoas diziam: ‘tem que demolir tudo e fazer um shopping'. Mas, para nós que trabalhamos com patrimônio, a vontade era preservar a construção", conta Ana. Além de manter os prédios dos mercados Antônio Franco e Thales Ferraz, o projeto elaborado por ela previa a construção de um novo mercado, o Albano Franco, uma adaptação do antigo Armazém de Trigo e do Moinho de Sergipe. O novo mercado, erguido em frente ao antigo porto de Sergipe, abriga hoje os setores de pescados e hortifruti, além de duas praças para venda de produtos eletrônicos e roupas.
"À época, meus professores me perguntavam onde eu iria colocar aquele povo todo. A gente não queria expulsar ninguém, a ideia que era os feirantes permanecessem no Centro, possibilitar uma simbiose entre o comércio e o mercado. A gente fez um projeto supermoderno", ressalta Ana. Além dela, os arquitetos Sheila Trope, Gândara Júnior (esposo e sócio de Ana) e o experiente Osiris Souza Rocha (in memorian) também fizeram parte da equipe.
O estudo da região foi feito entre os anos de 1987 e 1990. Em 1992, a arquiteta e sua equipe foram contratadas pela Companhia Estadual de Habitação e Obras Públicas (Cehop) para executar o projeto de restauro do local, e as obras começaram em 1997. Depois de 10 anos, o complexo transformou a região, antes esquecida. "Faço uma reflexão superpositiva. Acho que a gente desmontou uma favela. As pessoas não lembram, mas era muito caos no trânsito, caos higiênico também. O comércio não funcionava, os carros não circulavam e os prédios estavam escondidos", diz Ana.
Novos usos
Além da manutenção feita pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) e da utilização diária pelas pessoas que trabalham no Centro, dois eventos contribuem para movimentar e valorizar o espaço dos mercados: a Rua da Cultura e o Forró Caju. O primeiro é realizado semanalmente às segundas-feiras, com apoio da PMA, trazendo atrações musicais, vídeos e outras atividades. Já o Forró Caju é a maior festa realizada em Sergipe e um dos principais eventos juninos do país.
Para a arquiteta, tanto a Rua da Cultura quanto o Forró Caju são exemplos de apropriação daquele espaço. "Quando planejamos a parte de eventos já pensamos nisso. Talvez pudéssemos agregar mais o mercado à festa, deixa-lo aberto à noite e pensar em um jeito de dar segurança e ao mesmo tempo deixar os prédios à mostra", sugere. Além disso, ela acredita que os mercados Antônio Franco e Thales Ferraz tem um ótima estrutura para abrigar apresentações de teatro e comemorações de carnaval de rua.
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