#Aracajunãoapaga: Sílvio Santos recebe grafiteiros e firma parceria

Cultura
31/01/2017 15h20

Os murais de grafite espalhados por Aracaju serão mantidos. Mais do que isso: a arte das ruas que encanta pelo colorido e pelos temas urbanos será estimulada pela Prefeitura de Aracaju, através da Fundação Cultura de Aracaju (Funcaju). O presidente da fundação, Sílvio Santos, e o diretor de Arte e Cultura, Nino Karvan, receberam um grupo de artistas grafiteiros e do movimento hip hop na sede da Funcaju para discutir a formação de políticas públicas de fomento à atividade.

Na oportunidade, os artistas conheceram os planos do município para apoiar o grafite, a exemplo de uma campanha nas redes sociais com a hashtag #Aracajunãoapaga. Sílvio Santos disse aos grafiteiros que a Funcaju não tem a pretensão de ‘estatizar' a arte praticada nas ruas, mas criar mecanismos para evitar a criminalização do grafite.

O objetivo não é lançar um pacote pronto, e sim discutir como se dará a parceria. "O artista é que define como atuaremos, juntos, sem mudar a forma de grafitar. Onde vamos chegar será construído com os artistas, que devem encaminhar propostas, sugestão", observou Sílvio Santos.

O presidente da Funcaju explica que vai buscar parcerias para o projeto. "Estamos retomando a agenda cultural, apesar da falta de recursos. Não podemos ficar parados esperando a bonança financeira". Aos grafiteiros, Sílvio Santos disse que a ideia não é ser paternalista, e sim um instrumento de valorização da arte, mantendo o artista de rua nas ruas. "Não queremos levar o grafite para o palco, para a galeria, e sim levar o artista e sua arte para o público, levar para onde o grafite está".

"Esse é um pontapé para que esse setor participe da discussão, da formação de uma política pública de cultura", explica o diretor de Eventos da Funcaju, Nino Karvan, que enxerga no grafite uma expressão da cultura que precisa ser vista sem rótulos. Segundo ele, a fundação fará um levantamento dos espaços públicos onde podem ocorrer intervenções dos artistas da capital com o apoio da Funcaju.

Anderson Hot Black, apresentador dos programas Império Periférico (Aperipê FM) e Periferia (TVAperipê), uma das referências em hip hop em Sergipe, participou da reunião na Funcaju e saiu otimista. Para ele, o respeito ao grafiteiro num momento em que a atividade sofre perseguições é muito oportuno. "Queremos uma parceria permanente, uma relação duradoura, participar das discussões sobre leis, queremos instrumentos para cobrar", afirmou. Hot Black disse ainda que na primeira gestão de Edvaldo Nogueira e nas gestões de Marcelo Déda o grafiteiro ganhou visibilidade. Para ele, "apagar grafite e apagar a história".

Outro grafiteiro que comemorou a iniciativa da Funcaju foi Lúcio Anjo. De acordo com o artista, o grafiteiro precisa ser empoderado para não perder a capacidade de criar. "Essa perspectiva de combate ao grafite virou uma guerra e o estímulo faz com que o artista seja respeitado. Ao fomentar o nosso trabalho o poder público torna a atividade respeitada, legal", observou Lúcio Anjo. Também participaram da reunião Felipe Araújo, o Felipe (Ri), e Leo Jaime.