Diálogo intersetorial estuda melhorias para atendimento às mulheres vítimas de violência

Assistência Social e Cidadania
19/07/2017 17h25

Mesmo com todos os avanços conquistados através da Lei Maria da Penha (nº 11.340/2006), a violência contra a mulher é presente em nossa sociedade. Para discutir o assunto, aconteceu na tarde desta terça-feira, 18, uma reunião entre a Coordenadoria de Políticas para Mulheres da Secretaria Municipal da Assistência Social de Aracaju, representantes da Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis (DAGV) e integrantes do Projeto Redes.

O encontro teve como objetivo discutir o mapeamento dos serviços realizados pela gestão municipal para o atendimento a essas vítimas. “Nós entendemos que tem que haver uma conjunção de ações das políticas públicas. Nenhum órgão, isoladamente, terá resolutividade na quebra do ciclo da violência ou em qualquer forma de violação de direitos. É preciso que existam ações que garantam a essa mulher moradia digna e emprego para se sustentar, que coloque os filhos dela na escola, que proporcione a saúde física e emocional dela”, ressaltou a coordenadora de Política para Mulheres, Maria Teles. 

Maria Teles ainda explicou que a denúncia, seja através da delegacia de grupos vulneráveis, seja pelos equipamentos da assistência, é apenas a primeira atitude para que se inicie o processo de atendimento. “Sozinha, a mulher que é violentada não tem autonomia para buscar todo o apoio necessário para a sua vivência. Por estar fragilizada e adoecida, é preciso que seja acolhida por todas as áreas. O trabalho intersetorial é necessário e precisa ser colocado em prática, para que o atendimento não seja realizado de maneira isolada”, explicou.

Intersetorialidade
 
A ideia é o trabalho conjunto para uma lógica de enfrentamento mais articulada. “Nesse raciocínio, o objetivo do Projeto é trabalhar junto com a gestão do município para ampliar e qualificar o acesso aos serviços da rede. Para isso, estamos nos organizando junto a outros órgãos, nos aproximando dos espaços de gestão e nos articulando para identificar os gargalos e melhorar os fluxos de acolhimento a essas vítimas”, destacou o coordenador de territórios do Projeto Redes, João Martins.

Atendimento às vítimas
 
Em um balanço realizado no 1º semestre de 2017 pela Delegacia de Atendimento a Grupos Vulneráveis, cerca de 1.400 denúncias foram realizadas por mulheres violentadas física e psicologicamente. Desse montante, apenas 70 foram acompanhadas pelos equipamentos de Proteção Especial da Assistência em Aracaju. 

De acordo com o assistente social da DAGV, Edson dos Santos, essa discrepância é resultado de muitos fatores. Sendo o principal deles a desistência da vítima em levar à frente a denúncia. “Recebemos casos diversos e na maioria deles não temos como dar seguimento porque essas mulheres sofrem com a pressão social de um machismo institucionalizado, que as culpabiliza ao invés de culpabilizar o agressor. Temos nos esforçado em conscientizar as pessoas e informá-las sobre os serviços ofertados nos Cras, Creas, abrigos e casas lares. Assim, pretendemos oferecer uma melhor assistência, com segurança e respeito a essas vítimas.”

Mapa da Violência
 
Segundo o Mapa da Violência 2015, foram registrados 4.762 assassinatos de mulheres em 2013 no Brasil. Realidade que assusta quando os dados se afunilam e são trazidos mais para perto. Em Sergipe, a cada 100 mil mulheres, uma média de 5,1 foram assassinadas. O que equivale a mais do que a média nacional que é de 4,8. Já em Aracaju, esse número chega a 4 feminicídios a cada 100 mil mulheres.