Prefeitura apoia projeto que inclui atividade física na rotina escolar

Educação
06/04/2024 08h10

Em combate ao sedentarismo, a Organização Mundial da Saúde (OMS) determinou a data de 6 de abril como Dia Mundial da Atividade Física, para que os países discutam e elaborem políticas públicas de incentivo e democratização da prática saudável. Seguindo as orientações da OMS, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed) e em parceria com a Universidade Federal de Sergipe (UFS), vem oferecendo aos alunos uma rotina mais dinâmica e ativa através do Projeto Erguer. 

Com o apoio da Semed, que disponibiliza as escolas para o desenvolvimento do projeto e viabiliza estagiários para auxiliar as ações, o Erguer, projeto do professor doutor da UFS, Danilo Rodrigues, está ativo desde o ano de 2018. Desde então, já são seis anos dinamizando a rotina das turmas e promovendo intervenções pedagógicas que afetam positivamente o ensino-aprendizagem dos estudantes. Mediante os resultados positivos da prática, a expectativa é implantar o projeto em toda a rede municipal de ensino de Aracaju, se tornando uma ação pioneira no Brasil. 

De acordo com o professor, a atividade física é qualquer movimento corporal produzido por músculos esqueléticos que resulte em gasto de energia acima dos níveis de repouso. Já o exercício físico é uma atividade realizada de maneira regular e sistematizada, com objetivos específicos. 

“Quando pensamos em aumentar o nível de atividade física da população, trabalhar com o conceito mais amplo de atividade física é mais democrático e inclusivo do que sugerir que todas as pessoas deveriam realizar exercício físico para ter benefícios à saúde. Isso porque, a maioria das pessoas, especialmente em um país desigual como o Brasil, não tem condições de ter um acompanhamento profissional para realizar exercício físico, mas, elas podem se beneficiar com a realização de atividades físicas gerais”, explica.

Constatando que as crianças e adolescentes passam uma parte significativa do dia na escola, este se torna o período mais sedentário deste público. Devido a isso, Danilo informa que a OMS publicou um relatório sugerindo oportunidades de promoção da atividade física pelas escolas. São elas: aulas de Educação Física de qualidade; oportunidades para recreios ativos; promoção da prática esportiva extracurricular; implementação de aprendizagem fisicamente ativa (a exemplo do Projeto Erguer); e estímulo ao deslocamento ativos de casa para a escola. 

No momento, seis Escolas Municipais de Ensino Fundamental (Emefs) estão recebendo o projeto Erguer. São elas: Emef José Conrado de Araújo, Emef Professora Núbia Marques, Emef Arthur Bispo do Rosário, Emef Juscelino Kubitscheck, Emef Anísio Teixeira e Emef Bebé Tiúba. 

“Realizando duas intervenções, as lições ativas e pausas ativas durantes as aulas, nossos resultados indicam benefícios em dimensões comportamentais e cognitivas, aos quais esperamos que sejam ainda mais pronunciados no longo prazo. A parceria escola-família é muito promissora e pode ser a chave para termos gerações futuras mais ativas. Porém, sabemos que o desafio em implementar ações práticas é grande, uma vez que as escolas e as famílias enfrentam barreiras para priorizar comportamentos mais ativos. Portanto, é necessário políticas públicas que estimulem a criação de ambientes mais ativos e a adoção e a boa receptibilidade de evidências científicas e pesquisas no âmbito educacional, como tem feito a Semed, que é, sem dúvidas, um passo para isso”, reconhece o coordenador Danilo.

Em 2024, o projeto está na sua fase inicial com o levantamento de dados dos estudantes e o alinhamento com a equipe diretiva e pedagógica das escolas. Com a Emef Núbia Marques sendo uma das contempladas no ano atual, a coordenadora pedagógica, Luciane Simões, reforça que todo projeto em prol do desenvolvimento da aprendizagem dos alunos será sempre bem-vindo. 

“Resgatar a brincadeira com movimentos é muito importante, principalmente no momento atual, em que as crianças estão muito voltadas para a tecnologia. A tecnologia é importante, mas, é ainda mais importante que as crianças se movimentem e resgatem essa questão do brincar, para que o corpo desenvolva e aprenda, porque o corpo também precisa aprender, e nada melhor do que o movimento para isso”, declara. 

Presente na Emef para uma das primeiras demonstrações do ano de 2024, o vice-coordenador do projeto, e professor do curso de Psicologia da UFS, Julian Tejada Herrera, explica que o seu principal papel está na avaliação de aspectos cognitivos das crianças. 

“A gente faz uma avaliação de coisas como atenção, memória e raciocínio lógico. Também fazemos avaliação de aspectos relacionados com a percepção que a criança tem da escola, dos hábitos alimentares, entre outros, para que, com toda informação, junto aos movimentos realizados na sala de aula, seja analisado como tudo isso afeta seu desempenho. Assim, além de estar a frente das avaliações cognitivas, também lido com a parte de análise de dados, em que a gente junta as tabelas com tudo que compilamos de todas crianças e começamos a identificar como é que está indo o projeto”, informa. 

Também parte da equipe, Alana Cerqueira, estudante de Educação Física, está há dois anos como estagiária no projeto. A discente conta que, ao questionar as crianças sobre o dia a dia de cada uma, o tempo na internet e na televisão são os mais citados. 

“Com o questionário, a gente consegue perceber como as crianças não praticam atividade física a não ser aqui na escola durante a aula de Educação Física. Aqui na Emef Núbia Marques, introduzimos a Pausa Ativa, que são movimentos realizados nas aulas, para que eles se distanciem do sedentarismo. Com o decorrer do projeto, notamos mudanças na disposição e interesse dos alunos, ainda mais porque trabalhamos de uma forma lúdica, com polichinelos, brincadeira de ‘vivo, morto’, e eles adoram, fazem uma festa pedindo exercício. Portanto, a ação vem se mostrando importante, ainda mais porque eles acabam levando o hábito para casa”, avalia a estagiária.