Planejar é o fundamento principal para o bom desempenho de qualquer ação. Quando se trata de gestão pública, organizar as ações quer dizer pensar na população, afinal, o bom ou mal resultado irão impactar justamente aqueles que vivem nas cidades, estados ou países. Pensando em cuidar da qualidade de vida da sua população, a Prefeitura de Aracaju está desenvolvendo desde maio deste ano o Planejamento Estratégico (PE) e nesta terça-feira, 19, realiza o 2º Seminário do Planejamento Estratégico.
À frente do direcionamento do PE na capital sergipana, o consultor Júlio Filgueira, um dos membros que participou do processo do planejamento estratégico e monitoramento das ações do Governo Federal para os Jogos Olímpicos de 2016, explica que, antes de montar um planejamento é preciso definir a missão, a visão e os valores da gestão. "A primeira questão é a própria motivação de uma gestão que quer agir de forma planejada. Se nós, hipoteticamente, tivéssemos todos os recursos do mundo e todo o tempo do mundo, poderíamos até admitir a hipótese de que não precisaria planejar", explana.
O prefeito Edvaldo Nogueira destrinchou, em maio, durante a abertura do seminário que deu início aos trabalhos que envolvem o Planejamento Estratégico, pontuou as definições de missão, visão e valores da gestão. "A missão da atual gestão é tornar Aracaju referência da qualidade de vida, assegurar excelência dos serviços e promover desenvolvimento sustentável onde os cidadãos e cidadãs sejam protagonistas. A visão é de que a cidade assumirá seu papel de protagonismo na construção do bem-estar e da cidadania". O gestor municipal detalhou ainda que valores que estarão presentes na definição das diretrizes estratégicas são "a inovação, a gestão que promove resultados, a ética e transparência, a eficácia, a eficiência e a efetividade das políticas públicas, e o protagonismo do cidadão", ressalta Edvaldo Nogueira.
Tendo em vista esse direcionamento, Júlio Filgueira ressaltou que, justamente por estarmos em um momento de crise, com escassez de recursos é que se faz necessário planejar. "É nesse momento que todos os esforços têm que ser direcionados para aquilo que é prioritário para a gestão, e não há como identificar o que é prioritário, o que é mais importante para atingir os objetivos da gestão, se isso não se der num processo de planejamento estratégico. Portanto, eu não considero uma opção. É imperativo, sobretudo, num momento de crise", explana.
Neste planejamento, a Prefeitura de Aracaju tem trabalhado a integração de todas as áreas, por entender que cada membro do processo é peça essencial para a construção de uma cidade que tem como o principal foco a garantia de um futuro mais estruturado para a sua população. "Quando o plano está formulado, eu enxergo as áreas, mas eu não o formulei a partir das áreas. Nesse sentido, trabalhamos, com a realidade de cada área. Não poderíamos pensar o plano desprendido da realidade em que cada área atua, sejam os pontos fortes que a área apresenta - que devem ser reforçados no processo -, sejam as insuficiências, as dificuldades que precisar ser superadas com o plano. Não há como pensar o plano desvinculado da realidade objetiva em que ele vai ser implantado", reforça o consultor.
Mais do que apenas planejar, a atual gestão quer fazer. Assim, o fazer da Prefeitura de Aracaju está voltado para o cidadão, como Edvaldo Nogueira deixa claro. "O nosso foco é fazer uma gestão voltada para as pessoas, que trabalhe pela melhoria de vida dos aracajuanos. Esse desafio de termos uma cidade onde as pessoas vivam com dignidade, que possam colocar seus filhos em uma escola e ter uma educação com qualidade, de uma melhor mobilidade, do acesso à cultura e ao lazer, passa por um planejamento estratégico", disse Edvaldo.
O pensamento do gestor tem sido reforçado por Júlio Filgueira. Segundo ele, o protagonismo do cidadão é a fundamental e tem sido amplamente estimulado pela atual gestão. "Quanto mais participação, quanto mais protagonismo o cidadão tiver, mais garantia nós teremos de que o plano realmente vai se firmar, vai ser norteador das ações da Prefeitura e nós vamos conseguir tirar do papel, vamos conseguir chegar ao final da gestão tendo realizado tudo aquilo que foi planejado", considera.
Reparar erros e pensar no futuro
Apesar de ter como finalidade a garantia de um futuro promissor, antes que ele seja vislumbrado é necessário pensar na realidade do presente e tentar reparar os erros cometidos no passado. Para Júlio, com o PE, é possível reparar os equívocos estruturais de gestões anteriores. "Planejamento estratégico é o cálculo que precede a ação, e esse cálculo pressupõe levantar a situação em que nos encontramos, compreender o ambiente, pensar o objetivo, formular metas, definir indicadores de controle. Então, esse processo é muito rico e, sim, nos permite reparar erros passados", frisa.
Quando se fala em futuro, uma das ferramentas amplamente discutidas nos últimos tempos é o desenvolvimento sustentável, tema que não é possível discutir isolando áreas de atuação. "Não é possível falar em desenvolvimento sustentável considerando isoladamente um ou outro aspecto. Às vezes as pessoas falam de desenvolvimento sustentável e tratam só sobre meio ambiente, ou falam de desenvolvimento sustentável e pensam apenas na sustentabilidade econômica, ou na sustentabilidade social. Qualquer uma dessas partes isoladamente pode comprometer o próprio conceito de sustentabilidade que pressupõe a integração, o equilíbrio, pressupõe que tenhamos condições de harmonizar os impactos do desenvolvimento com diferentes áreas. Esse conceito está servindo como base para o Planejamento Estratégico de Aracaju", destaca Júlio.
Aracaju: cidade inteligente, humana e criativa
É com o pensamento voltado para o bem-estar e, consequentemente, a retomada da qualidade de vida dos moradores da capital sergipana, que a Prefeitura vai concretizar o planejamento. Antes de tudo, o plano em si é o argumento mais forte da gestão para dizer que tem responsabilidade com aquilo que faz e, por isso, planeja. "Todas as suas ações foram previamente pensadas, refletidas, calculadas. O que mais a população se recente é quando a gestão não pensa onde quer chegar, ela faz de qualquer jeito. Isso dá retrabalho, gera desperdício de recursos e muitas vezes chega num lugar que não era aquele que queria. Então, o Planejamento Estratégico ajuda porque ele permite a gente se antecipar, dialogar, permite que as pessoas participem. Isso democratiza a gestão. Uma gestão que não deixa claro e transparente onde quer chegar, não tem como as pessoas participarem e controlarem. Quando a gestão diz onde quer chegar e como quer chegar, ela está permitindo que a população participe e todos sejam envolvidos num esforço que, no fundo, é de toda a cidade, não só da Prefeitura", salienta o consultor.
Edvaldo Nogueira tem feito um chamamento aos gestores e também à população. "O Plano Estratégico é fruto do trabalho coletivo. Tem a genética de todos. Cada um que participou deve se tornar um líder deste projeto, levando cada ideia discutida para o conjunto dos servidores e, consequentemente, para o cidadão. Cada aracajuano deve compreender cada ponto: nossos objetivos, nossa missão, visão, valores. Temos que mostrar para Aracaju que ideia nós temos para esta cidade e assim envolver a população. Os aracajuanos precisam nos ajudar, sobretudo diante de um quadro de dificuldades econômicas imensas", destaca.
Assim, a meta é "Aracaju: cidade inteligente, humana e criativa". De acordo com o consultor, uma cidade inteligente, humana e criativa é uma cidade que tem os olhos voltados para o futuro. "Todas as cidades têm um déficit, seja ele econômico, social, urbanístico, e um erro que muitas vezes as gestões cometem é ficar olhando para o retrovisor, ou seja, olha o déficit e vai enxugando gelo. Então, uma cidade é inteligente porque ela está olhando para o futuro, é criativa porque pensa com a lente da inovação, não apenas reproduzindo modelos, não apenas importando soluções, mas ela se ressignifica, ela busca inovar, ela é humana porque ela tem o foco nas pessoas", ressalta.
O próximo passo, além de colocar o PE em prática, é estabelecer um modelo de governança e dar início ao processo de monitoramento e avaliação que passam a ser permanentes. A ideia é fazer com que as práticas a partir desse planejamento sejam perenes, uma vez que um dos objetivos é pautar os projetos e os programas da Prefeitura, não pelo espírito de gestão e, sim, pelo espírito de Estado. "Esse desafio é o que pode, ao fim, constranger um futuro governante de abrir mão daqueles projetos que são importantes para a cidade. É um processo sempre dinâmico, é um processo que sempre admite retrocessos porque infelizmente não podemos garantir que os gestores que vierem darão seguimento. Nós, agora, estamos tendo que fazer todo um processo de reconstrução após quatro anos de decadência. Acredito que é preciso elevar a consciência da população e tratar as ações de governo como ações de política pública, como de fato são", conclui Júlio Filgueira.