Manutenção do sistema de drenagem atua na prevenção de alagamentos

Agência Aracaju de Notícias
21/01/2018 08h45

Durante parte do ano de 2017, o volume de chuva que caiu em Aracaju foi intenso e causou transtornos em vários pontos da cidade. Um dos motivos para tais transtornos tem a ver com o sistema de drenagem, este que serve como uma espécie de esponja nas vias que capta a água das chuvas e faz a destinação correta. Entretanto, pela falta de manutenção ocorrida nos anos anteriores, essa drenagem ficou comprometida e, ao longo do ano passado, as equipes da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), responsável pela manutenção da rede de toda a capital, trabalhou para reajustar o sistema e, assim, fazer com que no ano de 2018 e nos posteriores a ele não ocorram prejuízos, sobretudo para a população, a principal prejudicada. 

Com a chegada do verão, o fenômeno das chuvas ocorre com mais frequência e é neste período que as equipes atuam com maior intensidade e de maneira preventiva. Assim, para evitar os frequentes alagamentos ocorridos anteriormente, de segunda a sexta-feira, das 7h às 17h, sete equipes trabalham para atender demandas que seguem uma programação semanal que visa otimizar o sistema de drenagem, seja desobstruindo tubulações e canais ou fazendo reparos pontuais na rede, como recuperação de bocas de lobo, limpeza de tubos, entre outros serviços.

Quando administrou Aracaju pela primeira vez, Edvaldo Nogueira criou o "Programa de Prevenção de Alagamentos", que promovia a limpeza do sistema de micro e macrodrenagem e preventivamente atuava na desobstrução das galerias pluviais em todos os bairros. Porém, entre 2013 e 2016 esse programa não foi levado em consideração e os prejuízos vieram com mais intensidade em 2017, mais uma razão que mobilizou as equipes durante o ano. Desta forma, pequenos, mas significativos, serviços de manutenção foram desenvolvidos para prevenir que, neste ano, as intempéries aconteçam com a mesma intensidade vista no ano passado.

Manutenção e dificuldades

Para que a rede de drenagem funcione de forma correta, o sistema de ligação deve trabalhar de forma conjunta. As bocas de lobo e caixas-gavetas espalhadas pela cidade são os responsáveis pela captura da água da chuva e, quando a água pluvial chega aos poços de visita (responsáveis pelo direcionamento para a drenagem principal), segue para os canais que desembocam nos rios. Assim, tanto para facilitar a passagem da água como também para não poluir os rios com lixo, a manutenção precisa ser feita constantemente, até mesmo para evitar os desastrosos alagamentos.

Segundo o diretor de Operações da Emurb, Alberto Nascimento, em 2017 os locais em que apresentaram maiores transtornos devido aos alagamentos foram Centro, Cidade Nova (Euclides Figueiredo), Zona de Expansão, Santa Maria, 13 de Julho (em decorrência do canal) e Santos Dumont.

"Em Aracaju, temos que levar alguns pontos em consideração para a ocorrência desses alagamentos. Um deles é que estamos numa região litorânea, ou seja, os canais da cidade sofrem a influência das marés. Além disso, a população, infelizmente, contribui para que aconteçam os transtornos quando, por exemplo, joga lixo perto de boca de lobo ou dentro dos canais. Logicamente, nós temos que resolver, mas, muitos transtornos seriam evitados se a população contribuísse mais não jogando lixo nas ruas ou em locais inadequados", considerou o diretor.

Ao longo de 2017, foram feitas 698 desobstruções de canais, 46.820 metros de tubulação foram limpos, 8.108 boas de lobo foram limpas e 108 foram recuperadas, e 2.446 poços de visitas foram limpos e 19 foram recuperados, além de 1.483 metros de galerias limpos e outras manutenções pontuais no sistema de drenagem.

O diretor de Operações destacou outros problemas que impedem que a drenagem aconteça satisfatoriamente na capital. "Aracaju não tem 100% de esgoto sanitário e essas tubulações da rede de drenagem são próprias para águas pluviais e não de esgoto. Daí, uma parte da população joga esgoto na rede de drenagem. Esgoto é para ir para a rede da Deso para fazer tratamento. Quando lança na nossa rede, há formação de gases. Esses gases reagem com o cimento e corrói o tubo. Um exemplo do malefício dessa reação é quando um terreno sede", explicou Alberto Nascimento.

Segundo o diretor, outra questão são as construções irregulares. "Temos a situação de uma igreja que foi construída em cima da rede de drenagem. O resultado é que parte dela está cedendo. Isso, infelizmente, acontece muito, sobretudo em bairros mais afastados em que a população não respeita as regras de construção e saem fazendo suas casas em locais que não foram autorizados pela Prefeitura", destacou.

Limpeza de canais

Como ferramenta essencial no sistema de drenagem, os canais necessitam de atenção especial para que a rede faça o trabalho como deve, sem causar transtornos. Em Aracaju, existem 65 deles, cuja limpeza é realizada pela Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb), que se utiliza de três métodos distintos.

No método manual, a limpeza é toda feita pelos agentes, com auxílio de ferramentas específicas e um caminhão tipo caçamba, os profissionais capinam, varrem, roçam e recolhem o lixo das margens e dos leitos dos córregos. Já a limpeza mecanizada conta com uma escavadeira hidráulica, que retira do fundo do canal grande quantidade de lama acumulada com a passagem da chuva. Por fim, o método de barragem permite que o lixo seja retirado das áreas mais inacessíveis existentes nos canais. Neste caso, o lixo é empurrado pelo fluxo de água para uma tela que o retém.

 "Esse trabalho de limpeza e manutenção dos canais é feito numa parceria entre a Emurb e a Emsurb, porém, a população tem papel extremamente importante nessa dinâmica. Durante as limpezas, para se ter uma ideia, encontramos de tudo, pneus, partes de móveis, enfim. As pessoas precisam entender que se não contribuírem, não adiantará a Prefeitura limpar, quando a chuva vier, os alagamentos continuarão", reforçou Alberto Nascimento.