Saúde de Aracaju alerta sobre risco de reaparecimento da poliomielite no Brasil após 28 anos de erradicação

Saúde
04/07/2018 18h22

Com a suspeita da volta da poliomielite (paralisia infantil) na América, a Secretaria Municipal de Saúde (SMS) de Aracaju emitiu nesta quarta-feira, 4, uma nota de orientação aos profissionais de Saúde das redes pública e privada sobre os cuidados que devem ser tomados para se evitar o contágio e a propagação da doença, além da imediata notificação dos casos. O alerta foi causado pela surgimento de um caso que está sob investigação na Venezuela.

No Brasil, o último caso foi registrado em 1990, mas apenas em 1994 a Organização Mundial da Saúde (OMS) emitiu o certificado de eliminação do poliovírus nas Américas. "Mas como a Venezuela é um país que faz fronteira com o Brasil, um único caso já é considerado motivo de alerta. Por isso, a Vigilância Epidemiológica da SMS está orientando os profissionais de saúde a estarem atentos aos possíveis casos de paralisia flácida aguda, e para a importância de sua adequada investigação", afirmou responsável pela área técnica das doenças imunopreveníveis do Centro de Informações Estratégicas em Vigilância em Saúde (CIEVS), Ilziney Simões.

Além desse caso, o vírus ainda circula no Afeganistão e Paquistão. "E precisamos mobilizar a população para que vacinem seus filhos a fim de impedir a reintrodução do vírus no Brasil. Em nossas unidades básicas de Saúde, ofertamos as vacinas para as crianças menores de um ano. Elas recebem três doses da vacina injetável da poliomielite [VIP], sendo a primeira aos dois meses; a segunda aos quatro meses e a terceira aos seis meses de vida. Aos 15 meses, damos o primeiro reforço com a vacina oral da poliomielite [VOP], famosa ‘vacina da gotinha', e aos 4 anos, o segundo reforço da VOP. Só após o recebimento de todas essas doses, a criança pode ser considerada protegida", detalhou.

Notificação

A responsável técnica alerta que é preciso estar atento para que ameaças externas não comprometam o bem-estar da população, e que o papel dos profissionais de saúde na orientação aos pais sobre a relevância de manter as cadernetas de vacinação de seus filhos em dia é primordial para que o Brasil continue livre da contaminação.

"E a nossa orientação é justamente para que nossos profissionais permaneçam vigilantes para a notificação imediata de casos de paralisia flácida aguda em crianças menores de 15 anos. Pessoas que tenham histórico de passagem pelo Afeganistão ou Paquistão nos últimos 30 dias também devem entrar em contato conosco através dos telefones (79) 3711-5069 e (79) 3711-5062; ou via e-mail saude.notifica@aracaju.se.gov.br. No período noturno, feriados e finais de semana, o contato para notificações com a Unidade de Resposta Rápida/CIEVS (URR) pode ser feito através do número (79) 98107-5020", divulgou Ilziney.

A vacinação é a única forma de prevenção da poliomielite e de outras doenças que não circulam mais no país. Todas as crianças menores de cinco anos de idade devem ser vacinadas, conforme esquema de vacinação de rotina.

Para a coordenadora de imunização, Tânia Nunes, vacinar é uma questão de responsabilidade social. "Os pais e responsáveis têm a obrigação de atualizar as cadernetas de seus filhos. As vacinas ofertadas pelo Sistema ùnico de Saúde estão disponíveis durante todo o ano, e uma oportunidade de atualizar caderneta será na próxima Campanha Nacional de Vacinação contra a Poliomielite, que acontecerá no próximo mês de agosto", reforçou.

Sobre a poliomielite

Também chamada de paralisia infantil ou pólio, a poliomielite é uma doença infectocontagiosa viral aguda caracterizada por um quadro de paralisia flácida, de início súbito (agudo). A patologia é causada pelo poliovírus, e a evolução do déficit motor, frequentemente, não ultrapassa três dias. Geralmente acomete os membros inferiores, de forma assimétrica, tendo como principal característica a flacidez muscular, com sensibilidade conservada e ausência de reflexos nos membros atingidos.

A transmissão ocorre por contato direto de pessoa a pessoa, pela via fecal-oral (mais frequentemente), por objetos, alimentos ou água contaminados com fezes de doentes ou portadores; ou pela via oral-oral, através da saliva (ao falar, tossir ou espirrar). O vírus se reproduz no intestino, mas ataca o sistema nervoso, destruindo neurônios e provocando paralisia total ou parcial.