Alunos da rede municipal de Aracaju participam de Festival Paraolímpico 2023

Educação
20/05/2023 16h09

A manhã deste sábado, 20, foi diferenciada, com muita diversão, atividade física e interação para cerca de 149 alunos com deficiência da rede municipal de ensino da capital. Eles participaram da primeira etapa do Festival Paraolímpico 2023, no campus São Cristóvão da Universidade Federal de Sergipe (UFS). Além de transporte para os estudantes e seus responsáveis, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), apoiou a participação no evento através da equipe da Coordenadoria de Educação Física e Esporte (Coefesp), que estava presente no local.

O Festival, que acontece em Sergipe pela quinta vez, é uma iniciativa do Comitê Paraolímpico Brasileiro (CPB), em parceria com a Caixa Econômica Federal e da UFS. O intuito é promover a participação de crianças e jovens com deficiência física ou intelectual em atividades esportivas. Em formato de rodízio de grupos e instruídos por professores de Educação Física voluntários, todos os estudantes praticaram modalidades como Atletismo, Bocha, Judô e Badminton.

Coordenador da Coefesp, Robson Santos ressalta que é fundamental promover ações esportivas voltadas para estes alunos. "Este momento é de suma importância para eles e fundamental para nós, enquanto gestores. A UFS é a nossa parceira número um e sempre estou buscando trazer mais oportunidades para estes estudantes através de parcerias como esta. Tenho 37 anos de profissão e ainda fico muito contente de estar em um momento assim, de vê-los brincando, se relacionando, aprendendo e sendo felizes", relata.

Novas possibilidades
Quem também acompanha os alunos no Festival Paralímpico são os membros da gestão escolar de cada unidade de ensino da rede. Coordenadora pedagógica da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) José Conrado de Araújo, do bairro São Conrado, Ivanilde Oliveira afirma que esta oportunidade chega muito além do objetivo de fazer os alunos conhecerem e praticarem novos estilos esportivos, abrangendo o leque de fomento à inclusão.

"É emocionante saber que eles vão ter um dia diferente, que vão conhecer pessoas novas e terem a oportunidade de serem inseridos na prática de outras modalidades esportivas para além da escola. Outro fator importante aqui é a vinda deles para o ambiente da Universidade Federal: eu já vinha conversando com eles e dito que um dia eles estariam estudando aqui também. Disse que é como se fosse uma cidade, uma escola muito grande, falei sobre o sistema de cotas e que eles poderão, sim, fazer parte desse mundo", destaca Ivanilde.

Um dos alunos da Emef que está fazendo parte das atividades do Festival é Ricardo Santos, que tem 16 anos e está cursando o 9º ano. Estudante com deficiência intelectual, ele conta que está sendo bem interessante participar. "O que mais gosto dos esportes é o que tenha corrida. Sei que não importa quem ganha ou quem perde, mas sim a diversão e a participação. Faço Educação Física na escola, lá eu jogo bola, corro e tudo isso me ajuda a ficar mais disposto, muito animado para as aulas e a fazer novas amizades", expressa.

Atleta paraolímpico, José Ambrósio Chaves Neto é destaque nacional na modalidade Parabadminton (Badminton Adaptado), vice campeão em dupla na América do Sul e reconhecido internacionalmente no esporte. Convidado pela organização do evento para participar junto aos alunos, ele diz que com essa união e interação entre os participantes, todos ganham.

"Muitas pessoas deficientes podem começar algo novo hoje e chegar mais longe. Há 17 anos eu não era um atleta, era uma pessoa com uma vida comum. Devido a um acidente, a um assalto, fiquei paralítico e hoje, graças a Deus, sou um atleta paraolímpico que tem conquistas internacionais. Ter essa oportunidade é muito válido e pode interferir positivamente na vida deles, principalmente na das crianças. Vejo que uns que vão crescer, vão ficar adultos com a deficiência e, através de um projeto desse, podem escolher o caminho que querem seguir", pontua Chaves Neto.

Olhar de mãe
Da Emef José Souza de Jesus, no bairro 17 de Março, Marley Gabriel Santos, que cursa o 4º ano e tem 10 anos, é estudante com deficiência física e foi ao Festival acompanhado de sua mãe Géssica Paloma Santos e de sua irmã, a bebê Júlia Pérola Santos. Dona de casa, Géssica conta que fez questão de estar com o filho.

"É alegria e satisfação o que eu sinto em vê-lo participar porque é mais uma oportunidade que surge. Não só para ele, mas para tantos outros estudantes. Meu filho é uma criança que está incluso. Ele é extrovertido, gosta de brincar, e hoje está aqui podendo expandir suas opções, ganhar novos conhecimentos, conversar, estar com outras crianças. Isso incentiva não só o lado físico, mas o emocional também e espero que desperte nele o interesse por algum esporte diferente", enfatiza ela.

Já Célia de Souza veio acompanhar as filhas Tawane de Souza, que cursa o 5º ano, tem 10 anos e é pessoa com autismo, e Tayná de Souza, que cursa o 7º ano e tem 13 anos. Ambas estudam na Emef Bebé Tiúba, no bairro Luzia. A mãe conta que a menina mais velha auxilia e motiva bastante a irmã e outros alunos com deficiência da unidade de ensino, levando-a a ser convidada a também se inscrever neste evento.

"Tê-las participando deste Festival hoje é de grande relevância porque é um projeto inclusivo, onde há grande participação não só das crianças com necessidades especiais, mas de suas famílias. É o meu segundo ano vindo aqui e creio que o evento tem motivado muito os pais, os ajudando a entender que os filhos vêem o mundo de forma diferente, mas que são seres humanos que podem realizar muitas coisas. É o sonho de toda mãe que os filhos estejam incluídos, que não sejam tratados como doentes, porque eles são capazes, ainda que dentro de suas limitações", explana Célia.

Ela enfatiza, ainda, a perspectiva de troca com outras mães. "Hoje nós, pais, estamos conversando e interagindo entre nós também. Tem outra mãe de aluno autista que está participando hoje porque incentivei. Antes não queria trazê-lo porque achava que ele ia ficar incomodado com o barulho, mas falei para ela que era importante ela vê-lo jogando, brincando, e ele tem se destacado aqui, está se divertindo muito", conta.