Florir: Prefeitura distribuiu mais de 7 mil pacotes de absorventes a estudantes em junho

Educação
28/06/2023 11h39

Somente neste mês de junho, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), distribuiu 7.022 pacotes de absorventes a 3.511 pessoas que menstruam e estão matriculadas nas escolas da rede. Cada estudante recebeu dois pacotes do produto. A iniciativa faz parte do Projeto Florir, que visa combater a pobreza menstrual, condição que  reúne uma gama de aspectos sociais, como a falta de acesso a itens como os absorventes, papel higiênico e sabonete.
 
O Projeto foi lançado a partir de um Plano Intersetorial Integrado entre a Prefeitura e o Ministério Público de Sergipe (MP/SE) em setembro de 2021, a partir da Lei 5.399/2021, com o objetivo de promover ações relacionadas à saúde e à educação menstrual para as crianças e adolescentes que menstruam das escolas municipais da capital. O Florir também atua na perspectiva de ampliar o diálogo sobre o tema entre os que fazem a comunidade escolar para mitigar a desinformação sobre menstruação. Suas ações são desenvolvidas pela Semed, em parceria com as Secretarias de Saúde (SMS) e de Assistência Social.
 
De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), 62% das pessoas que menstruam dizem já terem deixado de ir à escola por conta do período menstrual e 73% dizem que já sentiram constrangimento no ambiente escolar por estarem menstruadas. Neste sentido, a Educação de Aracaju considera a dignidade menstrual como questão de ordem pública e fator relevante para a qualidade da aprendizagem, trabalhando intensamente nas ações pedagógicas por meio da Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped/Semed).
 
Conforme explica a técnica da Coped, Cláudia Mendonça, para que essa adolescente tenha acesso aos absorventes fornecidos pela escola é necessário que ela esteja ativa no CadÚnico, cadastro realizado através do Centro de Referência de Assistência Social (Cras) da região, e solicitem o recebimento dos produtos à direção escolar. Não há uma idade mínima para receber os itens. A partir do momento que houver a primeira menstruação, o produto já pode ser solicitado.

Menstruação e tabu
 
Segundo Cláudia, muitos estudantes ainda têm vergonha de falar que menstruam ou desconhecem sobre o funcionamento do sistema CadÚnico, não impedindo, quando menor de idade, que seu responsável vá até o CRAS para se inscrever ou atualizar seu cadastro.
 
A Coped realiza oficinas pedagógicas periódicas a fim de esclarecer esta e outras questões relacionadas à menstruação, como a sua importância, seus efeitos no corpo feminino, a anatomia feminina, o que é ser mulher e seus direitos, e os critérios para que possam receber os absorventes.
 
"Na escola, essas pessoas precisam se autodeclarar, na direção, que menstruam. Por vezes, se sentem constrangidas em chegar para a coordenadora ou para alguém da direção escolar e falar sobre isso, mas temos observado que esta vergonha tem diminuído após o trabalho educativo, que é um processo de conscientização de direitos mesmo. Outra coisa que a gente tem tomado cuidado é não usar o termo que esse trabalho é apenas para mulheres, mas para todos que menstruam. Então, na rede, já trabalhamos questões mais profundas, que precisam ser discutidas também, como por exemplo, sobre como o indivíduo se enxerga", detalha a técnica.
 
As oficinas do Florir são realizadas periodicamente nas escolas municipais, buscando reforçar as informações e aumentar o número de alunas que procuram a direção para o recebimento dos absorventes. Além disso, há um trabalho de orientação e acompanhamento aos profissionais que atuam nas unidades de ensino, como o curso formativo realizado pela Coped no mês de maio, visando esclarecer equipes de gestores escolares a respeito dos trâmites institucionais e solicitação dos itens de higiene para a menstruação.
 
Durante as oficinas são realizadas rodas de conversas com estudantes que menstruam e com meninas que ainda não menstruam, com o intuito de desconstruir mitos ou receios em relação à menstruação, muitos passados através de gerações. Também são abordados temas como a cólica e a anatomia que envolve o fluxo menstrual.
 
"Nessas conversas, ainda encontramos algumas alunas que não sabiam que tinham ovário ou útero, aquelas que ainda não menstruam, que entendem mais ou menos o que é a menstruação, com informações somente de ouvir falar das outras colegas. Por outro lado, observo que muitas mães já desmistificaram e conversam abertamente sobre isso com as filhas, estando muito mais esclarecidas e conscientes sobre o que é a menstruação e a sua importância. São dois extremos e o nosso objetivo é diminuir este abismo entre aquelas que compreendem bem o assunto e as que têm pouquíssima informação", explana Cláudia.