Forró Caju 2023 se detaca nacionalmente ao aliar a modernidade à cultura popular

Agência Aracaju de Notícias
11/07/2023 07h10

Trilhar os caminhos da modernidade sem deixar de lado aquilo que é tradicional na cultura de um povo não é um desafio fácil, mas foi uma aposta feita pela Prefeitura de Aracaju e que deu certo. Mantendo a tradição, o Forró Caju 2023 conseguiu, mais uma vez, destacar-se nacionalmente ao aliar a modernidade da linguagem musical do forró, atendendo públicos mais jovens, à preservação e tradição do ritmo mais autêntico, o pé de serra.

Na edição deste ano, o Forró Caju 2023 teve 17 dias de programação. Além de ter preservado sua essência, o evento se expandiu para além dos palcos Luiz Gonzaga, Gerson Filho e Arraiá da Clemilda, na praça Hilton Lopes, entre os Mercados Centrais, e chegou a diversos bairros e pontos estratégicos da cidade, levando arte, cultura e diversão típicas do ciclo junino no Nordeste, fazendo de Aracaju "a capital da Alegria".

Uma das principais garantias de sucesso dessa festa e da preservação da cultura do forró no Nordeste foi o fato de, além do foco na contratação de artistas que trabalham com a vertente do forró, das mais de 100 atrações a se apresentarem na cidade, 90% delas são artistas sergipanos. Dançarinos, forrozeiros e outros profissionais que trabalham com o forró reconhecem a importância desse evento. Através da sua arte e da oportunidade de ocupar um dos palcos do Forró Caju 2023, seja na Praça Hilton Lopes ou bairros como Farolândia e Bugio, esses sergipanos puderam reforçar esse valor.

“Isso demonstra o respeito que a gestão tem, e o seu papel na construção cultural da nossa identidade brasileira e, sobretudo, nordestina. Precisamos preservar a cultura do Nordeste. Ver um evento como o Forró Caju 2023 sendo realizado dessa maneira, é uma satisfação muito grande por saber que estamos proporcionando para essas milhares de pessoas que vieram, e para todos nós, esse momento de alegria”, ressalta o secretário de Comunicação Social da Prefeitura de Aracaju, Carlos Cauê.

Forró Caju em toda a cidade
O Forró Caju 2023 contou com a volta do Forró nos Bairros, uma iniciativa que reforçou a valorização das tradições comunitárias, fomentando a economia da cidade, sobretudo nas localidades diretamente contempladas: os bairros Bugio e América, na zona Norte; além de Farolândia e 17 de Março, na zona Sul.

Este ano, a programação do principal evento junino da capital sergipana também contou com o São João na Praça, uma programação que antecede os shows prinipais do evento, e é realizada anualmente em parceria com a Federação do Comércio de Bens, Serviços e Turismo de Sergipe (Fecomércio), Sesc e Senac. Ao longo de dez dias, a praça General Valadão, no Centro, envolve aracajuanos e turistas com atrações de artistas locais e concurso de quadrilha junina.

No aeroporto, rodoviárias e mercados centrais e setoriais da cidade, mais forró, com o Circular Junino, um projeto que também integrou a programação do Forró Caju 2023. Com forró pé de serra, quadrilha junina e outras apresentações culturais, o Circular Junino fez história nas portas de entrada da cidade, reforçando a divulgação das tradições locais e a divulgação do Forró Caju. Além disso, o evento englobou também a Marinete do Forró, que encantou quem aproveitou o city tour especial e também aqueles que na rua se deslumbravam com o arraiá móvel passando por alguns dos principais pontos turísticos da cidade.

Presidente da Funcaju, Luciano Correia avalia que, diante da grade de programação e as escolhas da gestão para a realização do festejo, a capital sergipana se reafirma, por mais um ano, como a cidade onde a tradição é mantida, com a oferta de experimentações exclusivas e de qualidade.

“Aracaju é a capital nordestina que tem a maior presença de artistas e músicas de raiz nordestina. Salvador, por exemplo, tem espaços dedicados ao forró, mas tem uma mistura maior. Eu não sou contra isso, pois o público gosta, mas nós tomamos como opção, há muito tempo, fazer esse equilíbrio entre a modernização, com essas novas emergências de linguagens musicais, e o forró tradicional, porque é a música raiz nordestina que faz com que Aracaju seja o palco principal entre as capitais nordestinas e até mesmo com cidades que não são capitais, como Petrolina, Juazeiro e Campina Grande. Nós temos mais presença de música raiz nordestina do que Caruaru, por exemplo. Temos um diálogo com essas outras linguagens, mas que tem na sua base musical os ritmos nordestinos. Nossa programação é sempre dentro do espírito daquilo que a gente promete no período junino”, declara o gestor.

Ainda conforme aponta Luciano, ao longo dos anos, o Forró Caju tem “cada vez mais aberto novas janelas de oportunidades para os nossos artistas locais e de divulgação de seu trabalho”, algo que ele entende ser fundamental não só na questão financeira desses profissionais, tendo em vista o pagamento de cachê por apresentação, mas também por poderem estar em “palcos privilegiados que permitem a circulação e divulgação do trabalho desses artistas”, garantindo que um público maior conheça seus trabalhos e o fomento dessa cultura em todo o país, já que no período a cidade sempre fica repleta de turistas.

Tradição comprovada
De acordo com produtora cultural e pesquisadora de cultura popular Grazzy Coutinho, o significado de ‘tradição’ está ligado diretamente ao que uma comunidade é e representa para a sociedade, ou seja, a tradição do mês de junho com o Forró Caju fala sobre quem é o povo sergipano e aracajuano. Ela ressalta a importância do forró pé de serra no período junino na cidade enquanto forte tradição em Sergipe e Aracaju.

“Nós temos uma tradição muito grande no pé de serra, com grandes nomes, a exemplo do cantor Erivaldo de Carira, que é uma representação muito forte da qual temos que ter orgulho. Temos também o exemplo de Mestrinho, que é filho de Erivaldo, começou a sua vida profissional aqui enquanto sanfoneiro. Esses são dois exemplos dentre tantos outros nomes que mostram que temos o pé de serra muito forte aqui, sem deixar de evidenciar também o estilo que bebe também de algo mais moderno, com estilo eletrônico, por ser uma vertente do ritmo, a exemplo das bandas de forró mais modernas”, avalia a pesquisadora.

Grazzy destaca a importância da realização de grandes festejos, a exemplo do Forró Caju, como um espaço de importância para a manifestação desta tradição e detalha nas observações feitas ao longo dos 17 dias de festa como isso se comprova.

“Temos o costume de achar que as pessoas só dão valor para o que vem de fora, mas podemos perceber a importância da nossa tradição quando vemos as pessoas se divertindo. O que é nosso também encanta, e como encanta. Aracaju vem desempenhando um papel fundamental. Eu fiquei encantada em ver o Forró nos Bairros. No Augusto Franco, por exemplo, as pessoas levaram suas mesas para curtir o forró em família, e isso é muito importante. São as nossas praças sendo ocupadas com cultura. A minha torcida, enquanto pesquisadora de cultura popular, é que isso nunca deixe de acontecer, que isso reverbere ano após ano, que as nossas tradições caminhe lado a lado com a modernidade”, avaliou.