Maternidade Lourdes Nogueira chega a 800 partos em três meses de funcionamento

Agência Aracaju de Notícias
17/07/2023 08h49

Nesta segunda-feira, 17 de julho, a Maternidade Lourdes Nogueira completa 90 dias de funcionamento. Inaugurada há três meses pela Prefeitura de Aracaju, esta é a primeira unidade pública do Município dedicada aos serviços obstétricos e neonatais. Durante esse período, mais de 800 bebês nasceram na maternidade, que prioriza o atendimento humanizado às pacientes e seus filhos, garantindo experiências positivas nesse momento tão especial e delicado da vida.

Construída no bairro 17 de Março com um investimento superior a R$18 milhões, a Maternidade Lourdes Nogueira ocupa uma área de 7,6 mil m² e possui um edifício de quatro pavimentos. Com 50 leitos obstétricos, 10 leitos de Terapia Intensiva Neonatal (UTIN), 15 leitos de Unidade de Cuidado Intermediário Convencional (UCINCO) e a inovadora Unidade de Cuidados Intermediários Canguru (UCINCA), que promove o contato pele a pele do bebê com a mãe e/ou pai, seguindo o conceito de atendimento humanizado preconizado pela Organização Mundial de Saúde.

Segundo a secretária da Saúde de Aracaju, Waneska Barboza, dos mais de 800 partos realizados na maternidade, 70% foram partos naturais e de forma autônoma, demonstrando que a unidade tem cumprido sua missão de oferecer um modelo humanizado desde o acolhimento até o parto, com foco na sensibilização e promoção do parto normal, sempre que possível.

A secretária também ressalta que, na unidade, as mães são incentivadas a considerar o parto normal como a melhor opção para elas e seus bebês. A cesariana é realizada somente quando não há condições clínicas para o parto normal. Mais de 70% dos atendimentos foram realizados por residentes de Aracaju, o que reafirma a importância dessa maternidade para todo o estado, uma vez que parte dos pacientes é proveniente de outros municípios, como Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, São Cristóvão e até mesmo cidades mais distantes da região metropolitana, como Porto da Folha, Poço Verde, Ilha das Flores, além de municípios baianos.

"A maternidade  tem sido referência no sentido de ser um espaço onde as mulheres podem, de forma natural, ter os seus filhos, e de forma muito humanizada. Temos oito quartos de PPP (pré-parto, parto e pós-parto), que são salas com alguns equipamentos fisioterapêuticos, com uma equipe multidisciplinar disponível justamente para ajudar essa mãe a encontrar a melhor forma de ter seu filho. Além disso, estamos sendo referência para mulheres de outros municípios que têm o desejo de ter os filhos de maneira natural. Elas têm vindo para cá”, afirma Waneska Barboza.

Dos mais de 800 partos realizados até a manhã desta segunda, cerca de 500 foram partos normais e 300 cesariana. Aracaju lidera o número de partos realizados na unidade, com mais de 70% do total. Ao todo, a Maternidade Lourdes Nogueira já atendeu usuários de 34 municípios, sendo 32 de Sergipe e outros dois, Rio Real e Fátima, localizados na Bahia.

“Hoje, se a pessoa for procurar parto humanizado na rede privada, só é disponibilizado para quem pode pagar. Um parto desse tipo custa em torno de R$ 15 mil a R$ 20 mil. Até quem tem plano de saúde às vezes não tem acesso. Mas, nós temos uma maternidade que foi pensada com essa lógica, está em funcionamento e atende a esse objetivo, que é fazer do nascimento um evento social. A maternidade tem esse lado humano que tem sido ofertado e que, graças a Deus, tem cumprido a sua função”, reitera a secretária.

Equipe multidisciplinar

De modo a fortalecer a abordagem humanizada no atendimento, a maternidade oferece um serviço multidisciplinar que garante um acompanhamento abrangente desde a chegada da paciente à unidade. Uma equipe composta por psicólogos, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos e assistentes sociais trabalha em conjunto para proporcionar o melhor cuidado. A diretora técnica da maternidade, Stephanie Almeida, destaca que esse é um aspecto fundamental para o funcionamento da unidade.

“Eu destaco o fato de que a paciente é atendida por uma equipe multidisciplinar, que se conversa, que trabalha realmente focada na paciente. Então a gente tem esse olhar que é focado na paciente. Isso possibilita que a paciente receba o melhor tratamento. Além de toda a parte técnica, isso é feito de forma humanizada. Tanto porque a estrutura possibilita isso, quanto às ações dos profissionais, eles têm esse olhar humanizado. Acho que esse é o principal diferencial. Nós temos uma coordenação muito atuante, que sabe identificar situações que requerem um olhar mais atento. Essa integração e comunicação da equipe tem sido um diferencial também para a gente visar o melhor atendimento para a paciente, que vai refletir não só na satisfação dos usuários, mas em uma assistência de qualidade”, afirma a diretora.

Segundo a secretária Waneska Barboza, quando o atendimento é humanizado, estabelece-se um vínculo mais próximo entre os profissionais e as pacientes. Por isso, a Maternidade busca estabelecer essa conexão desde o início do pré-natal na Unidade de Saúde da Família.

“A partir daquele momento ela tem o compromisso de, regularmente, visitar a nossa equipe, para que avalie a sua gestação, veja a necessidade de alguns exames e medicamentos que ela vai precisar usar durante a sua gestação. Hoje, Aracaju já consegue ter mais de 80% das suas gestantes com, no mínimo, seis consultas de pré-natal, o que é um dado muito importante principalmente para reduzir a mortalidade infantil. Essas mulheres são acolhidas, vinculadas à equipe da Saúde da Família e são acompanhadas. Próximo ao final da sua gestação, elas começam a ser apresentadas ao espaço onde terão os seus filhos, como no caso da Maternidade Lourdes Nogueira, para que conheçam o local e a equipe que estará disponível, para conhecer como esse filho poderá vir ao mundo”, explica a secretária.

Avaliação Positiva

A secretária ressalta que mais de 90% das usuárias da maternidade avaliam a unidade de forma positiva, destacando o atendimento humanizado. Um exemplo é Wagnar de Jesus Vieira, mãe dos gêmeos Ravy e Rayanna Vieira e Silva. Ela recorda que, quando chegou à Maternidade Lourdes Nogueira em 4 de junho, foi prontamente acolhida pela equipe, deixando uma primeira impressão positiva devido ao bom atendimento e cuidado recebido.

“Eu me senti acolhida assim que cheguei, e isso é algo que dificilmente a gente espera que aconteça nas outras maternidades. Superou todas as minhas expectativas. Todas as mulheres gestantes daqui do Santa Maria têm que se sentir seguras, porque a equipe da maternidade é muito maravilhosa”, destaca Wagnar.

O trabalho de parto de Wagnar foi uma experiência memorável, e ela atribui isso ao profissionalismo dos médicos, enfermeiros, nutricionistas, fisioterapeutas e outros membros da equipe multiprofissional que acompanha não apenas ela, mas todas as pacientes que chegam à unidade.

"A maternidade está de parabéns. Até mesmo os profissionais mais jovens pareciam ter anos de experiência, são muito capacitadas. Recebi muito apoio de todos, pois tenho uma filha pequena e precisava voltar para casa, e eles me deram essa oportunidade, que eu não sei se outra maternidade faria isso. Sem contar os kits que eu recebi e me ajudaram bastante. Veio com as roupas, que são ótimas, fralda, sabonete, bolsa", reconhece Wagnar.

Atualmente, os gêmeos já têm mais de um mês de vida, e a mãe relata que continua recebendo apoio contínuo dos profissionais da unidade. "Estou tendo também muita atenção desde que saí da maternidade. Disseram para qualquer coisa que eu sentisse ou precisasse, que era para ligar para lá e retornar. O pessoal da comunicação também é muito atencioso, já veio aqui na minha casa, e o pessoal do Cras [Centro de Referência da Assistência Social] também está me dando assistência. É toda uma rede que a Prefeitura de Aracaju dispõe e eu venho sendo muito bem atendida”, reforça.

O tratamento especializado tanto para a mãe quanto para o bebê na Maternidade Lourdes Nogueira também foi observado por Wesley Moura Cruz, pai de Melinda Nascimento Moura, que nasceu em 9 de julho, às 7h52. Ele teve a oportunidade de acompanhar o parto de sua esposa, Jaqueline Nascimento, e descreveu a experiência como incrível.

“Eu vi todo o nascimento da minha filha e foi muito lindo. Eu vi desde o cabelinho, ao corpo inteiro nascendo. Foi uma coisa sensacional, muito bonita. A equipe de profissionais é muito atenciosa, tanto com a mãe quanto com a bebê assim que nasce, então só tenho a elogiar a maternidade. O trabalho dos fisioterapeutas também foi muito bom na hora das contrações, ajudou muito, foi lindo. A maternidade tem muitos diferenciais, e até a alimentação aqui é uma das principais”, elogia Wesley.

A jovem Elaine Pereira, mãe do Oliver Pereira, também deu à luz na Maternidade Lourdes Nogueira em 8 de julho. Residente no bairro Siqueira Campos, ela fez todo o pré-natal na Unidade Básica de Saúde da região. Quando a Prefeitura de Aracaju inaugurou a primeira maternidade municipal da capital, Elaine não teve dúvidas de onde gostaria de ter seu filho.

"Eu já sabia da existência da maternidade, mas a médica fez questão de enfatizar que eu seria muito bem atendida aqui, então vim direto para cá. Meu parto foi normal e perfeito. Quando cheguei, já estava com cinco centímetros de dilatação, então foi rápido. Os profissionais foram excelentes comigo; ninguém forçou nada. Tudo ocorreu conforme meu corpo queria, foi excelente e isso me garantiu uma experiência perfeita. As pessoas  falam muito sobre parto e então eu achei que seria algo mais complicado, mas, está tudo dando certo até agora", relata a mãe de primeira viagem.

Acolhimento de grupos em situação de vulnerabilidade
Envolvendo todas as vertentes de um atendimento humanizado, a Maternidade também se dedica a acolher grupos mais vulneráveis, como mulheres vítimas de violência e a população LGBTQIA+. De acordo com a secretária Waneska, isso evidencia a ampliação do conceito de ‘olhar humanizado’ dentro da instituição, que visa oferecer um serviço não apenas focado no parto natural e no suporte à gestante e seus familiares mas também aqueles que enfrentam situação de vulnerabilidade, seja mulher, homem ou criança através de uma escuta especializada.

“Quando nós pensamos nos serviços que a nossa maternidade iria oferecer para a população, e já que pensamos em ser uma maternidade referência nesse acolhimento e humanização, pensamos nisso, em acolher as necessidades da população. Esse é um serviço que hoje está habilitado para acolher pessoas vítimas de violência, independente do gênero, e depois desse acolhimento, fazer o devido encaminhamento; se essa mulher, se esse homem, se essa criança deve seguir e para onde deve seguir. Mas, o primeiro acolhimento é aquele que traz a pessoa que está sofrendo para dentro, para escutar. Obviamente tem a parte clínica, que é feita. Mas, tem a escuta, que é trazer conforto para essa pessoa que foi vítima de alguma violência, e depois organizar a trajetória dessa pessoa para onde ela deve dar segmento, onde ela deve ser tratada. Esse é o objetivo que a gente tem, e é isso que a nossa maternidade se propõe a fazer e já vem fazendo”, explica.