Prefeitura trabalha cultura de paz na III Plenarinha da Educação Infantil

Educação
02/10/2023 12h49

Mariza Olivia dos Santos chorava emocionada enquanto assistia a sua filha Ana Júlia Lima, de 4 anos, cantando em um coral comandado pela professora. A menina e as demais crianças do pré-escolar da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Otília de Araújo Macêdo, do bairro 18 do Forte, participaram desta e de outras ações que integraram a III Plenarinha da Educação Infantil, realizada nesta segunda-feira, 2.

A III Plenarinha é uma iniciativa da Prefeitura de Aracaju, por meio da Coordenadoria de Educação Infantil (Coeinf) da Secretaria Municipal da Educação (Semed), que segue a agenda da Primeira Infância do segundo semestre de 2023 e ocorre em todas as unidades de ensino da rede que trabalham a modalidade. Ela é o resultado de um conjunto de ações realizadas nas escolas e na comunidade em que ela está inserida, com os estudantes, professores, pais e a população próxima participando, aprendendo e refletindo sobre o tema. A terceira edição tem como tema: “O eu, o outro e nós: promovendo a paz na escola e na sociedade”.

A coordenadora de Educação Infantil da Semed, Núbia Lira, afirma que o projeto é um convite a toda a sociedade para exercitar a escuta sensível e desmistificar a concepção adultocêntrica de que, segundo ela, o público infantil ainda não sabe o que é bom, o que é melhor e o que fazer para se sentir ou estar bem. Conforme ela explica, a criança é uma promotora de cultura e tem um forte potencial para promover uma mudança cultural na sociedade.

"Temos poder de desenvolver uma grande mudança na sociedade quando a criança é escutada sensivelmente, considerando aquilo que elas estão dizendo sempre quando não estão felizes ou quando algo não agradou. É muito comum, inclusive, a família e a sociedade, de um modo geral, dizer apenas que está tudo bem ou mandar brincar quando os filhos ou alunos estão reclamando de algo, sem levar em consideração o respeito que eles merecem e precisam ter. É necessário ter uma escuta sensível de perguntar porquê não gostou de algo e de que forma pode ser melhor", explica Núbia.

Ela pontua ainda que dar voz às crianças tem um papel muito importante no combate à violência doméstica, aos problemas sociais e tantos outros aspectos que geram traumas hoje ou no futuro de cada uma desses menores. 

"Quando a criança diz 'meu pai brigou em casa' ou 'minha mãe estava muito nervosa e me bateu' a gente se depara com uma postura de violência doméstica que ainda é comum, as pessoas acham normal, mas não é tranquilo para o filho e sua formação. É traumatizante e faz com que se precise de terapia mais tarde. Através de um projeto como este, o menino chega em casa e diz 'olha, não pode gritar', 'não pode bater, tem que só conversar'. Recebemos tantos depoimentos de famílias dizendo que mudaram e agradecem a escola. Esse é o impacto positivo de uma escola de educação infantil para a sociedade", detalha a coordenadora.

Participação das famílias
Durante o mês de setembro, desde que receberam as orientações da Coeinf/Semed, cada escola e turma planejaram e executaram atividades com o intuito de reforçar que as crianças são sujeitos de direitos, que têm voz, e que devem ser escutadas e respeitadas. As ações contam com a participação ativa das famílias e envolvem também a comunidade da unidade de ensino.

Coordenador pedagógico na Emef Otília de Araújo, Alessandro Felix conta que assim que a escola recebeu o material de orientação, realizou estudos e reuniões com os professores, definindo o que poderia ser feito, além de buscar o envolvimento da família. Segundo ele, a forte participação familiar foi um diferencial para este ano. 

"Tivemos a caminhada da paz, que ocorreu dia 28, com mães e pais presentes, e nos aprofundamos em cada temática: da paz voltadas à família, à escola, ao trânsito, no país e no mundo. Dentro da sala de aula, os professores começaram a trabalhar momentos de relaxamento, de escuta e muitos materiais são resultado do que foi realizado pedagogicamente durante o mês. Foi um período muito rico, que também nos permitiu enfatizar a importância dos pais estarem dentro da escola, fazendo parte da rotina escolar de seus filhos", pontua Alessandro.

Foi a conclusão de todo este trabalho, de acordo com Mariza, que trouxe bastante emoção para o momento em que assistia sua caçula Ana Júlia, e as demais crianças, se apresentando.

"Participei de todo o processo desta Plenarinha. Fui para a caminhada e faço questão de estar presente em cada ação porque, para mim, é um incentivo para ela participar e aprender. Este é um tema muito importante, todos nós precisamos refletir e praticar, seja na família, na escola ou no mundo. Ela entendeu a mensagem, tanto que às vezes em casa ela já diz 'mainha, não pode brigar com painho'. A escola sempre faz ações assim e a gente percebe que muita coisa vai mudando para melhor", relata.