Projeto de monitoria entre alunos emociona crianças do 1º ano da Emef Manoel Bonfim, no Bugio

Educação
09/11/2023 13h09

Complementando os esforços que a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Educação (Semed), vem realizando a favor da alfabetização na capital, a professora Rosana de Jesus, da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Manoel Bonfim, no bairro Bugio, idealizou e tem trabalhado o projeto 'Aluno Ativo' como estímulo à aprendizagem dos seus 28 alunos do 1º ano. Um grande diferencial na proposta é o senso de cooperação evidenciado em sua metodologia: crianças que estão mais avançadas no nível de leitura são promovidas a monitoras de seus colegas, os auxiliando nos exercícios em sala de aula.

A ação de monitoria vem acontecendo ao longo de todo ano letivo 2023, mas de maneira informal, com alunos que já estão mais avançados na leitura auxiliando os coleguinhas que têm dúvidas ou mais dificuldade. No entanto, nesta última terça-feira, 7, a emoção dos alunos surpreendeu toda a equipe escolar durante uma pequena cerimônia, realizada na biblioteca da escola, com o intuito de condecorar os estudantes que mais têm se destacado no desempenho escolar e promovê-los, simbolicamente, a monitores.

Na ocasião, 11 estudantes receberam certificados, crachás de identificação e lembrancinhas. A comoção ocorria de acordo com a surpresa deles próprios ao serem chamados à frente e, segundo a professora, pelo sentimento de vitória e reconhecimento que o momento gerou entre as crianças. Rosana explica que seus alunos têm consciência do quão importante é conquistar a habilidade em ler e o quanto isto será utilizado em toda a vida. Além disso, ela conta que a iniciativa tem um sentido ainda maior: estimular a confiança em si mesmo, mostrar que todos são capazes de superar seus desafios e fazer com que as boas atitudes sirvam de exemplo para todos.

"Percebi que os alunos que estavam em um nível mais avançado faziam as atividades passadas por mim e iam ajudar alguém na sala que estava com dificuldade. Observando esse interesse, resolvi torná-los monitores e os treinei para saberem a forma mais apropriada de abordar o coleguinha. A ideia foi bem recebida pela turma e está sendo um estímulo para quem ainda não é monitor. Até recebi a ligação de uma mãe perguntando o que podia fazer para o filho também ser. Outra criança, na sala de aula, veio logo me mostrar que havia feito uma atividade que estava atrasada, dizendo: 'olha professora, eu fiz. Agora tenho que dar exemplo, né'", relata Rosana.

A professora pontua, também, que este foi um meio de contribuir com as estratégias que têm sido implantadas pela Semed para potencializar o processo de alfabetização nos anos iniciais, minimizando a distorção idade-série e complementando os esforços do Programa Educaju na prática da rotina escolar.

"Quando começamos o ano letivo, a maioria da sala era de leitor pré-silábico. Agora, perto da conclusão, é leitora de palavras, e sete, do grupo de alunos, já são leitores de texto. Além das estratégias em sala de aula, também trabalhamos bastante o Educaju. O material do programa é muito, muito bom mesmo. Tanto que estamos utilizando esses livros como principais, e os demais são trabalhados para dever de casa", enfatiza a docente.

Escola engajada
Além do Educaju e entre as estratégias executadas na rotina escolar para fortalecer o processo de alfabetização e fomentar a leitura, a unidade de ensino incentiva a utilização da biblioteca pelos alunos, no dia a dia, assim como o empréstimo de livros para serem levados para casa. Outra ação que tem engajado não só o alunado, como a comunidade do Bugio, é o BiblioSesc, fruto de parceria entre a escola e o Sesc, onde um caminhão funciona como biblioteca itinerante e fica à disposição dos estudantes e da população em frente à Emef todas as quartas-feiras.

A Diretora da Emef, Karine Melo, afirma que a escola trabalha o incentivo à leitura no sentido de que, principalmente os alunos dos anos iniciais, estejam fortalecidos em relação à alfabetização. Para isto, a unidade escolar tem promovido meios para que as crianças desenvolvam bem a habilidade de ler e escrever. Ela exalta a ideia da professora Rosana e fala que prontamente sugeriu que houvesse uma solenidade na biblioteca, a fim de fazer os estudantes se sentirem importantes e honrados.

"A gente quer que o aluno realmente se desenvolva na alfabetização, na medida em que ele puder, já no 1º ano, para que no 2º ele só cresça. Um projeto como este faz com que os meninos tomem consciência da importância da leitura e como isto será tão necessário para eles no futuro. Foi um momento lindo. Eles se emocionaram e a gente nem esperava por isso. Alguns chegaram aqui sem reconhecer uma letra, e agora já estão lendo. A gente tem que ter esse cuidado, esse carinho, porque é uma fase de aprendizado que é a base que vai alavancar os conhecimentos que virão durante as outras séries", conta Karine.

Alunos motivados
Aluno do 1º ano da professora Rosana e um dos monitores, Daniel Ramos, de sete anos, já é leitor e escritor de textos. Foi ele quem começou o movimento de ir até os colegas que estavam precisando de ajuda na leitura e auxiliá-los.

"Senti uma emoção muito grande dentro de mim quando a professora me chamou na biblioteca. Foi como se tivesse dois de mim, porque a felicidade não cabia. Eu também aprendo ajudando meus amigos. Eu ajudo a aprender a ler, a fazer o dever, a agenda... Ainda não sei que profissão quero ter, mas talvez eu queira ser um professor como a minha é", expressa o garoto.

Luiz de Jesus, com sete anos e da mesma turma de Daniel, conta que sentiu uma alegria inexplicável por ser promovido a monitor. "Eu acho que a leitura vai ser muito importante para mim porque quando eu terminar todos os anos na escola, já vou ser policial e vou ter que saber fazer textos. De vez em quando vou à biblioteca e pego um livro para ler em casa e também falo para meus colegas fazerem isso. Eu gosto muito de ajudar", explica.

Já o Luan Gabriel Nascimento, de seis anos, segundo a professora Rosana, iniciou o ano com bastante dificuldades na aprendizagem e deu um grande salto no desempenho escolar, tornando-se monitor da turma. "Eu estou gostando muito de aprender a ler e fiquei muito feliz por ter sido promovido e poder ajudar meus colegas e ganhar isso da tia. Faço meus deveres de casa sozinho, e ler é tão bom, vai me ajudar a ser mais esperto e ser alguém na vida. Quero ser médico", contou.