Educação de Aracaju lança cartilhas do projeto Florir

Educação
30/11/2023 23h00

Na noite desta quinta-feira, 30, a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal da Educação (Semed), promoveu uma ação de lançamento das cartilhas do projeto Florir. O evento também celebra os dois anos de atividades da iniciativa e foi realizado na Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Carvalho Neto, localizada no bairro Novo Paraíso, contando com rodas de conversa e entrega dos encartes aos alunos da Educação para Jovens e Adultos (EJA).

As rodas de conversa tiveram como tema principal 'A Dignidade' e foram promovidas para dois públicos distintos: às alunas, a temática discutida foi 'Dignidade: o que é ser mulher'; e para os alunos, 'Masculinidade Tóxica'. O secretário da Educação de Aracaju, Ricardo Abreu, esteve presente na abertura das atividades. De acordo com o gestor, "o projeto tem avançado nos seus objetivos e é motivo de muita honra celebrar as ações do Florir".

"Estamos, hoje, reunidos na Emef Carvalho Neto para uma comemoração que, para nós, é muito importante, nos dois anos do projeto Florir, que visa ofertar mais dignidade às pessoas que menstruam, da nossa rede, mas que vem evoluindo para outras esferas. Nós visitamos escolas, conversamos com meninas e mulheres, e também estão surgindo demandas em relação ao público masculino", afirma o secretário.

O projeto Florir surgiu por meio de um Plano Intersetorial Integrado idealizado pela Prefeitura, em parceria com Ministério Público de Sergipe (MPSE), e com um sistema integrado entre a Semed e as Secretarias Municipais da Assistência Social e da Saúde (SMS). A iniciativa foi promulgada através da Lei nº 5.399/2021.

O principal objetivo do Florir é garantir dignidade menstrual às estudantes da rede municipal de ensino. As ações nas unidades escolares da rede municipal de ensino são de responsabilidade da Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped). A cartilha

"Estamos muito felizes em podermos disponibilizar esta cartilha. É um orgulho para nós. Ela é extremamente didática, mas trabalha com a ludicidade. Nela temos caça-palavras, curiosidades, informações sobre a higiene feminina. É um folheto extremamente interativo e para nós, da Secretaria da Educação, é motivo de muita alegria podermos lançar e distribuí-las aos nossos alunos", expressa a coordenadora da Coped, Analice Marinho.

Para a aluna Maria Fernanda Ramos, de 15 anos, que cursa a 9ª etapa na EJA, as ações do Florir têm sido muito importantes para ela e suas colegas. "Nem todas as mulheres têm condições de comprar absorventes todo mês e nem têm acesso às informações que, agora, estão sendo passadas para nós. Achei a cartilha muito bonita, organizada e passa conhecimentos muito interessantes, ao mesmo tempo em que é divertida", relata.

Já Marleide dos Santos, de 47 anos, cursando a 7ª etapa, diz que estes diálogos com os estudantes é fundamental para mudar alguns tabus. "Com minha mãe, era muito difícil falarmos sobre esses assuntos. Tenho uma filha de 21 anos e agora é tudo diferente. Converso sempre com minha menina sobre menstruação, sobre evitar gravidez indesejada e, graças a Deus, ela tem muito juízo. Essa roda de conversa, por exemplo, ajuda muito a gente mudar alguns paradigmas na sociedade", conta.

Técnica da Coped, Claudia Mendonça dirigiu a roda de conversa entre as alunas. "Dividimos estas ações em dois grupos, para que pudéssemos ter discussões pertinentes a cada um deles. Decidimos ampliar o diálogo, hoje, e estamos felizes em distribuir este material que foi produzido no setor a partir das nossas vivências nas escolas. Estamos também aproveitando este momento para falar sobre a importância de não repetirmos ciclos que podem nos ser nocivos, isto está sendo passado através de vídeos, músicas, e diálogo", detalha.

A respeito da roda de conversa voltada aos alunos, o estudante Damião Veríssimo, de 50 anos e no 3º ano da EJA, diz que o tema Masculinidade Tóxica é necessário para que os homens tenham mais consciência de que a mulher pode estar onde quiser.

"Muitos querem agir com autoridade, mas temos que entender que as mulheres estão conquistando o que lhe é de direito. Hoje o diálogo foi muito bom e nos fez refletir sobre o quanto precisamos respeitar mais o outro gênero. Aqui na escola, as professoras abordam estes assuntos durante as aulas e o mundo só vai melhorar se todos entenderem que homens e mulheres têm que receber oportunidades por igual", enfatiza Damião.

O aluno Valfran Alcântara, de 38 anos e cursando a 8ª etapa complementa a opinião de Damião. "Muitos homens ainda não sabem como tratar a mulher. Esse negócio de mandar nelas não existe. Elas podem vestir a roupa que quiserem, ir para onde desejarem. As mulheres não têm dono e muitos fatos ocorrem de forma abusiva", pontua.