Para conscientizar e promover o engajamento dos servidores sobre o Transtorno do Espectro Autusta (TEA), a Prefeitura de Aracaju, através da Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplog), promoveu palestra relacionada à campanha "Autismo: Não Julgue, Compreenda! Entenda a prática". A atividade aconteceu nesta terça-feira, 23, na sede da Escola de Governo e Administração Pública (Esgap).
Participaram da palestra cerca de 30 servidores de secretarias que atuam diretamente no atendimento ao cidadão. A campanha tem como foco levar capacitação para os servidores públicos, buscando a conscientização acerca do autismo e dos direitos das pessoas autistas. O diretor da Esgap, Bosco Rollemberg, ratifica o papel da Escola no apoio à campanha. Nós nos somamos a esse movimento de qualificar os servidores para um melhor atendimento às pessoas autistas. Hoje, além da fala de uma profissional, tivemos a experiência de uma mãe e o depoimento maravilhoso, consciente e perspicaz de um jovem autista", afirmou.
A atividade foi composta por palestras da coordenadora de Proteção Básica da Secretaria Municipal da Família e da Assistência Social (Semfas), Catharina Menezes, e de Maria da Conceição de Souza, mãe de um jovem criador de conteúdo digital, Emmanuel Moraes, que é uma criança autista. Segundo a coordenadora psicossocial da Esgap, Ana Dalva Trindade, o principal objetivo é proporcionar um atendimento humanizado ao cidadão.
"Sabendo lidar com a pessoa autista, o servidor vai ser sensibilizado a proporcionar um ambiente mais humanizado e fazer o acolhimento da forma adequada no momento do atendimento, seja em qualquer área ou secretaria. É importante ter o conhecimento dos direitos e deveres para garantir um atendimento e prestação dos serviços da melhor forma", avalia Ana Dalva.
Engajamento
Essa não foi a primeira atividade que levou aos servidores mais conhecimento sobre os direitos da pessoa autista. A coordenadora da Proteção Básica da Semfas, Catharina Menezes, que também é mãe atípica, destaca que a iniciativa vem tendo receptividade em diversos órgãos municipais que lidam diretamente com o cidadão no dia a dia.
"Tínhamos muito feedback negativo com relação ao acolhimento no atendimento, faltava um olhar específico para as pessoas autistas. Abraçamos essa causa, deu certo, e a Esgap agora está levando para outras secretarias. Já houve uma ação voltada para o atendimento na Semfaz, também já estivemos com o pessoal das unidades de saúde, e sempre todos se engajam na discussão. A Prefeitura tem dado um suporte maravilhoso, tanto para as famílias que têm pessoas atípicas em casa, quanto para quem está atendendo a população", ressalta.
Conscientização
Com mais de dez mil seguidores em uma das principais redes sociais, Emmanuel Moraes, de apenas 12 anos, mantém uma produção de conteúdo digital voltada para a inclusão e conscientização. Ele conta que já palestrou em outros locais, mesmo fora da cidade, mas que a falta de acolhimento é um problema. "Tem que ser falado sobre a conscientização do autismo, especialmente sobre isso. Já vi muita gente preconceituosa por aí. Quem trata bem o autista ou é porque também é, ou porque tem alguém autista na família", desabafa.
Maria da Conceição palestrou sobre sua experiência enquanto mãe de uma criança autista. Para ela, levar informação para as pessoas é a melhor forma de combater o preconceito e garantir que os direitos dos autistas sejam assegurados. "Deficiência é a falta de conhecimento. Isso atrapalha muito porque o autismo não está na aparência física, mas são pessoas que precisam de um acolhimento, precisam que o profissional tenha um pouco de entendimento. Eu, antes, também não tinha esse conhecimento, precisei ter Emmanuel na minha vida para poder aprender. Então, como eu vou cobrar da sociedade se eu não estou ensinando? É por isso que fazemos essa campanha de conscientização: para que eu possa ensinar à sociedade e, depois, cobrar dela", disse.
