Entender, saber identificar e como agir diante de situações de assédio no trabalho. Esse foi o principal foco da palestra realizada pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal do Planejamento, Orçamento e Gestão (Seplog) nesta terça-feira, 21, através da Escola de Governo e Administração Pública (Esgap), com o tema "Prevenção ao assédio no âmbito da administração pública".
A atividade foi conduzida pelas advogadas Danila Leite e Fabiana Macedo, que explanaram sobre sinais e características de comportamentos nas relações de trabalho que podem se configurar em diferentes tipos de assédio, além de formas de agir perante esse tipo de situação.
A coordenadora psicossocial da Esgap, Ana Dalva Trindade, ressalta a importância de difundir essa informação dentro dos setores, pois o assédio, por muitas vezes, se torna uma atitude cotidiana por não ser percebido pela vítima. "Muitas vezes a gente passa por uma situação e não sabe o que fazer e, às vezes, nem sabe exatamente pelo que está passado. É importante conhecermos nossos direitos e deveres, e os servidores agora poderão atuar como agentes multiplicadores desse conhecimento", analisa a coordenadora.
Designar tarefas humilhantes, excluir de atividades, exigir constantemente reuniões fora do horário de expediente, dar apelidos constrangedores. Todas essas ações, de acordo com Fabiana Macedo, se configuram como assédio. Ela destaca a necessidade de saber identificar o assédio e agir diante disso, seja enquanto vítima ou testemunha.
"O silêncio toma partido de quem comete o assédio, toma partido contra a vítima. Quando silenciamos, nos tornamos vulneráveis e entregamos nosso poder para outra pessoa, que irá decidir o que faz e quando faz. Mas isso não serve só para a vítima, serve para as testemunhas, que estão vendo o que acontece. É importante para a vítima saber que não está louca nem sozinha, e isso é bom para fortalecer o emocional, juntos somos mais fortes mesmo", garante.
A advogada falou sobre diferentes tipos de assédio e comportamentos abusivos que podem acontecer no ambiente de trabalho. De acordo com ela, o assédio moral é o mais comum no trabalho, e exemplifica que usar redes sociais para monitoramento ou constranger alguém publicamente em grupos de aplicativo de mensagens também são formas de assediar. "O assédio sexual é mais facilmente identificado porque ele é mais gritante, a vítima percebe logo o que está acontecendo, mas o assédio moral é mais sutil, existe uma "sofisticação" na forma de assediar, a exemplo do uso de redes sociais", pontua Fabiana.
A palestrante Danila Leite reforçou que levar esse debate aos servidores municipais é necessário para disseminar o conhecimento e buscar formas de evitar. "O assédio é um fato social e está em todas as instâncias de poder, sejam empresas privadas ou públicas. É uma chaga social que precisa ser exterminada dos ambientes de trabalho, porque é preciso ter uma condição de vida digna, saudável, harmônica e respeitosa. Por isso, é importante que as pessoas saibam pelo que estão passando, ou que já foram possíveis assediadores. Por isso essa capacitação é tão importante, para que possamos prevenir essa conduta que faz tanto mal e adoece tantas pessoas", afirma.
A coordenadora de Políticas para as Mulheres da Diretoria dos Direitos Humanos da Secretaria Municipal da Assistência Social (Semfas), Edlaine Sena, afirma que além do conhecimento adquirido, a palestra servirá para suscitar novas reflexões sobre o trabalho desenvolvido dentro da própria gestão.
"A palestra foi muito enriquecedora e construtiva, também para podermos discutir nossas próprias políticas voltadas para identificação do assédio e formas de denúncia. Esse momento é importante para trazer essas informações que são fundamentais no nosso dia a dia, na saúde do trabalhador. O assédio pode estar presente em qualquer relação, então é preciso que exista esse despertar, e essa palestra também nos dará um despertar para novas estratégias de trabalho", disse.
