Atividades terapêuticas estimulam a recuperação e autoestima dos usuários dos Caps

Agência Aracaju de Notícias
07/06/2024 09h40
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Os Centros de Atenção Psicossocial (Caps), equipamentos sociais gerenciados pela Prefeitura de Aracaju, oferecem aos usuários uma série de atividades e oficinas terapêuticas que têm feito toda a diferença no desenvolvimento e recuperação da saúde mental. Seja através de palestras, rodas de conversa, ou até mesmo ações que promovem as habilidades manuais, as pessoas atendidas pelos Caps passam a ter uma melhora significativa em suas vidas, pois é lá onde encontram a oportunidade de manifestar seus sentimentos e de desenvolverem habilidades.

No Caps III David Capistrano Filho, localizado no bairro Atalaia, os usuários contam com uma gama de atividades que, além de terapêuticas, dão a eles a chance de se socializarem. É o que explica a coordenadora Elberlene Arimatéia Moura.

“Temos diversas ofertas, como palestras sobre cidadania, entre outros temas importantes, além dos trabalhos manuais, através dos quais eles executam suas habilidades e a arte, que é algo que ajuda muito na recuperação. Os usuários expressam as suas emoções nessas atividades, nos trabalhos que realizam, e têm a oportunidade de estarem com outras pessoas em um momento de descontração”, disse.

Uma das ações desenvolvidas no Cap é a oficina de pintura de tecidos, que acontece uma vez por semana. É nela que os usuários atendidos têm a chance de aprender a pintar e produzir arte. As habilidades manuais também são treinadas nas oficinas de flores e tapeçaria, e bonecas e tapeçaria. A oficineira Maria das Graças Andrade conta que é grande a participação dos usuários, onde muitas vezes chega a atender 30 pacientes em uma única manhã.

“É algo que auxilia bastante, pois tira essas pessoas de um momento de depressão por estarem dentro de casa. Então eles vêm, fazem as atividades e eu vejo muito a evolução. Quando a gente observa um paciente que chega aqui, começa só jogando tinta, e depois já está pintando de forma adequada, vejo que ele evoluiu bastante. Isso dá a eles autoestima e eles começam a fazer arte. É algo que estimula as habilidades manuais e a mente”, afirmou.

Frequentadora do Caps há dois anos, Eliana Santos da Cruz, de 55 anos, relata que sua vida melhorou bastante ao participar das atividades, em especial, da oficina de pintura de tecidos, da qual gosta bastante. “Eu tenho uma grande melhora e tenho me desenvolvido muito com essas atividades. Quando venho aqui, eu me solto, parece que meus problemas desaparecem. Quando estou aqui e participo das oficinas, eu esqueço da depressão, da ansiedade do dia a dia. Enquanto estou trabalhando, pintando, conversando com a turma, o tempo passa e eu me sinto bem melhor”, declarou.

Oficinas temáticas

O Centro de Atendimento Psicossocial Primavera, na Farolândia, trabalha bastante o resgate da autoestima dos seus usuários por meio de oficinas temáticas. Para além de outras atividades, como horta terapêutica, futebol, corte e costura, eles também assistem palestras sobre temas importantes, quase sempre relacionados ao mês, como por exemplo, os festejos de São João e São Pedro, que estão sendo trabalhados em junho.

A enfermeira Rosângela Lima, uma das oficineiras, destaca que os usuários participam de rodas de conversa sobre alcoolismo, tabagismo, crack, além de assistirem filmes sobre essas temáticas. “Nosso público é de pessoas a partir dos 30 anos, que têm o vício do álcool ou das drogas. Alguns têm morada fixa, outros são moradores de rua. Ao chegarem aqui, recebem uma palavra amiga e deixam os problemas lá fora, ficam mais centrados aqui, e isso tem ajudado muito na recuperação”, explica.

Para a psicopedagoga Josecleres Ferreira, que também é oficineira, o resgate da autoestima faz parte do trabalho de ressignificação dessas pessoas. “Nós trabalhamos toda essa parte de evolução interior. Isso traz à tona aquele que está à margem da sociedade. Fazemos um resgate da sua autoestima e levantamos as hipóteses que podem ser alavancadas com o decorrer desse tratamento. A partir dessas oficinas temáticas, a gente tenta despertar neles essa vontade de sair das suas vulnerabilidades. Eles chegam com a autoestima baixa, com as vulnerabilidades expostas, e nós tentamos fazer esse resgate”, disse.

Um dos usuários do Caps é Raimundo Dantas de Oliveira, de 63 anos, que frequenta o Centro há dois anos. Para ele, as oficinas são um verdadeiro incentivo à vida. “Essas atividades nos estimulam a chegar nas soluções dos problemas dos quais procuramos nos afastar. Eu comecei com o alcoolismo e cheguei ao ponto de quase perder minha família. Mas ao frequentar aqui, os profissionais do Caps passaram a me orientar, a me dar conselhos, atendimento com psiquiatra, e eu recebi toda a atenção. Então a gente participa de oficinas de artes, artesanato, costura, temos passeios, palestras, e a gente busca lutar contra aquilo que nós usamos, seja o álcool ou as drogas”, declarou.