Prefeitura de Aracaju participa do Censo da População em Situação de Rua

Agência Aracaju de Notícias
06/09/2024 15h21
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Ao longo de três noites, de 3 a 5 de setembro, um grupo de trabalho percorreu as ruas da capital para realizar o Censo da População em Situação de Rua de Aracaju. A ação envolveu a participação de cerca de 50 recenseadores, e a gestão municipal se fez presente, por meio da Secretaria Municipal da Assistência Social, contribuindo com a disponibilidade de 30 trabalhadores, transporte para deslocamento das equipes, água e smartphones para cadastro das informações. A Secretaria Municipal da Saúde (SMS) também fez parte do trabalho.

Além de equipes das Secretarias Municipais da Assistência Social e da Saúde, o grupo de trabalho também foi composto por representantes da Universidade Federal de Sergipe (UFS), da Comunidade Católica Bom Pastor, do Movimento Nacional da População em Situação de Rua (MNPR), da Pastoral do Povo da Rua, Ministério Público Federal (MPF), do Tribunal Regional do Trabalho (TRT), do Conselho Regional de Psicologia - 19ª Região e da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) - seccional Sergipe.

Nos três dias de realização do Censo, foram identificadas cerca de 600 pessoas em situação de rua em Aracaju. De acordo com a secretária municipal da Assistência Social, Rosária Rabelo, esta ação já havia sido realizada há alguns anos, mas, houve a necessidade de atualização dos dados relacionados a esta população. “Existe um recorte relacionado à essa população antes da pandemia e pós-pandemia, que aumentou consideravelmente no país inteiro. Então, isso é um fenômeno que tem chamado a atenção dos estudiosos na área. Após esse Censo, vamos traçar o perfil para ver quem são essas pessoas que, efetivamente, estão vivendo nas ruas da cidade. Isso vai fazer com que a gente possa redimensionar as ações, os serviços, os programas que existem na cidade voltados para essa população”, explicou.

A coordenadora do Consultório na Rua, da Secretaria Municipal da Saúde, Keila Costa, destacou que o Censo vai auxiliar na construção de políticas públicas de saúde para esse público-alvo.

“Esse é um feito histórico e de extrema relevância, construído por várias mãos e que possibilita a construção de políticas públicas efetivas diante dos levantamentos que vão ser demonstrados, sejam eles no âmbito quantitativo, quando trazem à tona a quantidade da população em situação de rua existente no município, seja qualitativo, quando trazem as características que permeiam essa população”, declarou.

Ela ressaltou ainda que a Secretaria Municipal da Saúde possui serviços que promovem políticas públicas para essa população, dentro da Rede da Atenção Psicossocial, como o Consultório na Rua e o projeto Redução de Danos. “Isso  vai nos ajudar a nos debruçarmos diante dos levantamentos feitos para que possamos construir ainda mais estratégias de cuidados para essa população. Então, é um grande feito, é um momento importantíssimo para o município, em especial para a população e situação de rua do município de Aracaju”, afirmou.

Censo da População em Situação de Rua

Um dos coordenadores do grupo de trabalho, Matheus Barros acompanhou todo o trabalho dos recenseadores durante as três noites. Na primeira, as equipes percorreram a zona Sul, a Orla de Atalaia e toda a região da antiga Zona de Expansão. A segunda noite foi a vez do centro da cidade e, na terceira noite, foi finalizada a etapa quantitativa do processo, desta vez nas zonas Norte e Oeste.

“A gente fez uma varredura completa dessas regiões, no sentido de abordar essas pessoas e aplicar o questionário, seja de forma direta ou indireta. A gente espera, com essa metodologia, chegar no quantitativo mais aproximado de pessoas em situação de rua aqui no município de Aracaju”, disse o coordenador, explicando ainda que o questionário serviu para apurar seis questões básicas, como nome, raça, cor, idade, tempo de rua, entre outros detalhes”, disse.

O coordenador do Grupo de Trabalho ainda destacou que “o objetivo do Censo é instrumentalizar e qualificar a política pública já existente no município, além de trazer uma realidade e um conhecimento mais aproximado sobre essa população, para que a gestão municipal possa ter a ampliação das políticas públicas”.

Quem também participou da ação foi Alisson Costa de Oliveira, do Movimento Nacional da População de Rua. “O Censo tem a importância de trazer à tona a realidade sobre a quantidade de pessoas em situação de rua, e foi um gatilho nosso, no início de 2020, porque a gente viu um aumento de 300% da população aqui. Mas, em outros estados, com o Censo já feito, a gente descobriu que outras políticas tiveram mais avanços, e outras políticas foram aprimoradas. E a necessidade deste Censo é justamente para que dê visibilidade a essa população, cuja quantidade já era gritante antes da pandemia, e para que exista o aprimoramento da política pública para eles”, declarou.

A assistente social Rosivânia Ramos, da Associação Bom Pastor e apoiadora do Movimento Nacional da População de Rua, também comemorou a iniciativa. “Há mais de cinco anos a gente luta e insiste para que esse censo fosse realizado, porque a gente percebe que a política pública só vem a partir dessa contagem. A gente teve a ousadia de nos unir, como movimento, com o pessoal da rua, com o pessoal da UFS, então foram chegando apoiadores que confiaram e perceberam a importância disso. Nós recebemos uma emenda parlamentar e dedicamos totalmente à realização desse censo. Para a gente é uma grande alegria, como se fosse o sonho realizado, porque a gente sabe a invisibilidade dessas pessoas, a gente sabe o quanto elas sofrem. E hoje acredito que a política pública vai ressurgir de uma nova forma”, afirmou.