Comprometida com uma educação plural e com a efetiva implementação de conteúdos e relações étnico-raciais na formação infantil, a Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal da Educação (Semed), promove, nas escolas da rede, ações que incentivam o respeito e compreensão da história e cultura afro-brasileira. Exemplo disto é o projeto “Curumim”, realizado na Escola Municipal de Educação Infantil (Emei) Monsenhor João Moreira Lima, no bairro Lamarão, direcionado a ensinar crianças, de forma lúdica, sobre a diversidade religiosa e a importância cultural.
Com uma programação composta de apresentações artísticas, brincadeiras, leituras, dentre outras atividades, a escola reúne os pequenos estudantes em área coletiva e proporciona um momento imersivo em diferentes culturas, como forma de introduzir e plantar a semente da educação antirracista. A gestora da Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade da Secretaria Municipal da Educação (Coped/Semed), Analice Marinho, explica que o projeto surgiu a partir de uma demanda da própria escola, após um episódio com um estudante.
“O pai de um dos alunos faz parte de uma religião afro-brasileira. Essa criança sempre chegava na sala comentando sobre os rituais da religião e os coleguinhas não conseguiam entender, gerando um certo preconceito. A escola procurou a Secretaria para saber como lidar com essa situação, daí nós começamos a pensar em um projeto para trabalhar questões étnico-raciais com crianças muito pequenas, da Educação Infantil”, conta Analice.
De acordo com a coordenadora, o projeto Curumim é baseado nas leis 10.639/2003 e 11.645/2008 e trabalha questões relacionadas à identidade racial, tanto dos negros quanto dos indígenas, com música, dança e alimentação, por exemplo, para que as crianças conheçam as culturas e aprendam a importância de respeitá-las.
“Além das crianças, nós envolvemos também as famílias porque de nada adianta fazermos essas atividades apenas de forma pontual, em uma sala de aula, sem também explicar a pais, professores e a toda comunidade escolar”, complementa Analice.
Presente nas ações do projeto Curumim, a coordenadora pedagógica da Emei, Clariane Maria, destaca que essa iniciativa é essencial tanto na esfera pedagógica, quanto na social. “Com as ações desenvolvidas no projeto, nós promovemos, através de atividades lúdicas, uma educação antirracista. No Curumim, nós contamos histórias, praticamos receitas de origem afrodescendentes, fizemos pinturas e máscaras artísticas e até confecção de brinquedos com materiais reciclados, sempre ressaltando a origem de brinquedos africanos que foram trazidos aqui para o Brasil. Estamos felizes com esse projeto que vem sendo desenvolvido aqui na nossa escola e esperamos que, com essas ações, a gente consiga superar as desigualdades raciais não só dentro da escola, mas, também, na comunidade em que estamos inseridos”, declara.
Para a professora Givaneide Santos, o Curumim representa uma celebração à diversidade cultural. “Nesse projeto, nós trabalhamos a conscientização sobre a questão da África ser nossa mãe no sentido de cultura e história. Com as atividades lúdicas, nós ensinamos aos alunos que temos várias coisas para comemorar e celebrar em relação a essa cultura maravilhosa que nos foi passada”, explica.
Em concordância, a professora Fátima Nascimento se diz muito feliz participando de algo tão grandioso e agregador. “Eu acho que assuntos tão importantes tem que começar da base e é no ensino infantil que a gente tem que começar a falar sobre essa nossa ancestralidade. É algo muito importante para a escola e para toda a sociedade”, avalia.