Na manhã desta segunda-feira, 2, o Ministério Público de Sergipe (MPSE) foi palco de um momento de celebração e reflexão com o encerramento do Projeto Ilé-Iwé 2024. A iniciativa é pioneira em educação antirracista e desenvolvida pela Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal de Educação de Aracaju (Semed), em parceria com a Coordenadoria da Promoção de Igualdade Étnico-Racial (Copier/MPSE).
O Ilé-Iwé, que significa “Casa do Saber” na língua iorubá, promoveu ao longo do ano ações voltadas para a valorização da cultura afro-brasileira e africana nas escolas das redes municipais de Aracaju, Barra dos Coqueiros, Nossa Senhora do Socorro, São Cristóvão e Laranjeiras, além de escolas estaduais, pela parceria com a Secretaria de Estado da Educação e da Cultura de Sergipe (Seduc).
Oficinas de turbante, arte e oralidade foram algumas das atividades realizadas, conectando estudantes e educadores às suas raízes culturais. O Ilé-Iwé está em conformidade com a Lei n° 10.639/03, que prevê a obrigatoriedade da temática História e Cultura Afro-Brasileira nos currículos escolares. O projeto realiza formação continuada para professores e coordenadores pedagógicos das redes de ensino envolvidas.
Durante a cerimônia de encerramento, gestores, professores e autoridades destacaram os avanços proporcionados pelo projeto. Diretor do Centro de Aperfeiçoamento e Formação Continuada de Educação (Ceafe/Semed), Williams do Santos esteve presente representando o secretário da Educação, Ricardo Abreu. Ele afirma que o Ilé-Iwé busca abranger todas as 79 escolas da rede municipal de Aracaju e é um convite às equipes diretivas que atuam na rede para a promoção de uma educação antirracista.
“As formações do projeto visam fazer com que coordenadores pedagógicos, diretores e professores desenvolvam mais expertise para realizarem a discussão do tema em sala de aula e expandir, cada vez mais, ações que combatam o racismo, o preconceito, e poderem disseminar uma posição antirracista. Este processo não aconteceria se não contássemos com o apoio dos nossos parceiros. Estamos muito satisfeitos e temos conseguido aumentar a participação de todos ao longo desses anos”", pontua Williams.
O evento contou coma presentações culturais, como o do espetáculo cultural Sankofa, do coletivo Hecta e, também, com a presença de alunos da Escola Municipal de Ensino Fundamental (Emef) Santa Rita de Cássia, do bairro América, e de Educação Infantil (Emei) Monsenhor João Moreira Lima, do bairro Lamarão. Esta, através da coordenadora pedagógica Clariane Maria Ramos, explanou ao público, na ocasião, o projeto Curumim, desenvolvido ao longo do ano letivo na unidade de ensino.
“Nós, da Emei Monsenhor João Moreira Lima, ficamos muito felizes em poder apresentar a sociedade as ações desenvolvidas no Projeto Curumim, visto que conseguimos atingir muitos objetivos traçados no projeto como por exemplo a elevação da auto-estima e o empoderamento, principalmente das meninas negras, bem como a valorização da identidade física e cultural por parte de nossos alunos e profissionais da escola. Agradecemos a colaboração e acolhimento de todos os profissionais da nossa escola que somaram- se na luta contra o preconceito e o racismo”, pontuou Clariane.
Segundo o promotor que lidera a Copier/MPSE, Julival Rebouças, o MPSE é um parceiro deste projeto cujo intuito é fazer com que haja uma maior conscientização da sociedade, a partir da comunidade escolar, sobre como prevenir casos de racismo, até mesmo porque, segundo ele, muitos alunos, e até mesmo professores, não sabiam como lidar ou a quem recorrer nesses casos.
"Nós criamos este trabalho a partir de uma construção coletiva envolvendo vários parceiros, a exemplo das Secretarias Municipais da Educação da região metropolitana e da Seduc. O propósito deste projeto é a implementação, nas escolas, do que prevê a Lei Federal nº 10.639/03, determinando a inclusão da história da cultura afro-brasileira nas escolas. Hoje, estamos na 4ª edição e realizando a culminância de mais um ano de ações", destaca Julival.
Ao longo de 2024, o Ilé-Iwé inspirou outras redes de ensino a adotarem práticas semelhantes, consolidando-se como uma referência em ações de educação antirracista. Com o encerramento deste ciclo, a Semed reafirma o compromisso de continuar promovendo a inclusão e a diversidade em suas políticas educacionais.