Semed Aracaju debate Educação Antirracista e o uso dos livros do PNLD

Educação
22/08/2025 15h45
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Nesta sexta-feira, 22, a Secretaria Municipal da Educação (Semed) promoveu o II Encontro Xirê – Ilé Iwé, com o tema 'Educação Antirracista e o uso dos livros do PNLD'. No Espaço de Convivência da secretaria, foi realizada capacitação com professores com o intuito de fortalecer práticas pedagógicas de enfrentamento ao racismo. 

A iniciativa integra o projeto Ilé-Iwé (termo iorubá que significa escola), coordenado pelo Ministério Público de Sergipe (MPSE), que conta com a parceria da Educação de Aracaju e de outros quatro municípios: Nossa Senhora do Socorro, Barra dos Coqueiros, São Cristóvão e Laranjeiras. Professores, coordenadores pedagógicos, técnicos e assessores da Educação da rede pública dessas cidades participaram da formação.
 
O professor de Língua Portuguesa, Marcos André, foi o palestrante principal do evento. A temática abordada por ele abrangeu o uso dos livros do Programa Nacional do Livro e do Material Didático (PNLD) e a eficácia desses materiais num contexto antirracista – como prevê a legislação. O professor discutiu a aplicabilidade da Lei nº 10.639/03, que incluiu a obrigatoriedade da temática ‘História e Cultura Afro-Brasileira’ no currículo oficial da rede de ensino.

A palestra de Marcos André teve como foco a necessidade do fortalecimento da identidade histórico-cultural afro-brasileira em sala de aula. Ele discorreu ainda sobre questões de viés político e a importância de práticas pedagógicas a partir de textos que gerem o letramento racial. “São elementos que estão conectados. Juntos, eles favorecem um trabalho coeso para que o aluno, e a sociedade como um todo, despertem contra práticas que não são nada edificantes para o ser humano”, destacou.

Conforme Marcos André, cada escola possui um projeto político pedagógico e, caso o uso do nível PNLD não seja suficiente, ele defende a busca por alternativas para garantir o ensino da cultura afro-brasileira. “Existe a realidade individual da escola e o uso exclusivo dos materiais do nível PNLD podem não dar conta desse conteúdo. Dessa forma, temos que avaliar a possibilidade de trabalhar com o nível do PNLD literário ou com outras fontes”, afirmou. 

Um exemplo de material que ilustra a fala de Marcos André é o 'Ílumó: Quilombo Maloca', um projeto que trata do estreitamento da relação entre a educação pública e a educação quilombola. O autor, professor Roberto Amorim Ferreira, esteve presente na capacitação. “O livro aprofunda a Lei n° 10.639 no trato da educação da História da África, a educação afro-brasileira Ele visa a um aprofundamento para que os nossos professores tenham subsídios e possam fazer uma relação entre a história geral, história do Brasil e a de Sergipe”.

No âmbito da Educação de Aracaju, a professora Valdinete Paes, coordenadora das ações do Ilé-Iwé e técnica referência dos projetos de letramento racial da Semed. Segundo a professora, com a capacitação ofertada nesta manhã, professores ampliaram o senso crítico. “Foi apontado um caminho para reconhecerem a visão eurocêntrica e a afrocêntrica. E, a partir disso, eles poderão levar a valorização das outras culturas às salas de aula. Este é o nosso propósito: expandir e abrir o olhar para outras culturas, e não apenas para a europeia”, opinou.

Ela explicou ainda que a Semed tem promovido trabalhos nesse sentido nas escolas, preparando professores para que apliquem a legislação. “Hoje, a lei aponta para o trabalho de letramento racial voltado não só para o negro, mas também para o indígena. Agora, com a Política Nacional de Equidade, o nosso olhar também se volta para a população quilombola”, concluiu.