Rodas de Griô: Semed de Aracaju promove a valorização da ancestralidade

Educação
28/08/2025 11h30
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A Escola Municipal de Ensino Fundamental (EMEF) Sérgio Francisco da Silva, localizada no bairro Lamarão, sediou o evento que incentiva alunos e comunidade a se reconectar com suas raízes, por meio da escuta afetiva e valorização da sabedoria dos que vieram antes. Trata-se do projeto ‘Rodas de Griô, Saberes e Histórias dos Nossos Ancestrais’, que foi realizado nesta quarta-feira, 27, e contou com a participação de alunos dos sétimos anos e moradores da região.

Promovida pela Secretaria Municipal da Educação (Semed), por meio da Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped), a prática pedagógica tem a proposta de fortalecer os laços entre as gerações. A palavra ‘Griô’ vem da cultura africana e se refere a pessoas que guardam e transmitem as histórias, tradições, cantos e espiritualidades de seu povo.

O protagonista da tarde foi Antônio Casimiro da Silva, de 79 anos, ex-funcionário da escola e representante da figura do Griô. Casimiro é guardião e parte importante da história do Lamarão que não foi escrita, mas vivida. Na escola, não só atuou como vigilante, mas também ajudou a construí-la. Ele também é um dos primeiros moradores do Lamarão e ainda se dedica a funções na comunidade, com atuação no Conselho de Segurança e no Centro de Referência de Assistência Social (Cras).

Na iniciativa da Semed, Casimiro expôs os seus saberes, fomentando no público o sentimento de pertencimento e identidade. Ele abordou suas vivências, a importância da escola e da família, sua trajetória desde o lugar de onde veio até onde chegou, e como se reconhece como uma pessoa preta e atuante. "Quando eu cheguei aqui, não tinha água, não tinha luz, não tinha nada, só mato. Primeiro, a gente começou uma escola. Depois, formamos a associação e, a partir dela, a gente foi trabalhando", contou Casimiro.

A diretora da escola, Tanielly Farias, enalteceu a importância de apresentar o legado de Casimiro da Silva no ‘Rodas de Griô’. “É alguém da mesma comunidade, com uma situação de vida muito parecida e que tem vivências anteriores. Isso pode levar o aluno a refletir, além de tratar sobre etnia, a questão afro no que concerne ao respeito e à igualdade”, explicou.

Profissional técnica referência dos projetos de letramento racial da Coped, a professora Valdinete Paes descreve a relevância de trabalhar a relação entre as gerações, estimulando nas crianças a admiração pelos que vieram antes. “Nosso trabalho é incentivar nos alunos a reflexão acerca do respeito que nós temos que ter com os que nos antecederam, o respeito com os ancestrais e a importância de preservar as tradições”, afirmou a professora.

Segundo a professora, a cada ‘Roda de Griô’, passa-se a conhecer a história do bairro e da história da Escola sob a perspectiva dos mais velhos. Além disso, constitui-se como uma iniciativa que fortalece a promoção de uma educação antirracista. “O griô é esse ancião, a anciã, que tem uma vivência e são importantes para a escola e para a comunidade. Esse trabalho de ancestralidade com o preto velho, a preta velha, é mais um projeto da Semed de combate ao racismo e de atendimento às leis que regem a educação nas relações étnico-raciais”, reitera Valdinete Paes.

A iniciativa também contou com a apresentação do grupo de capoeira da comunidade Mandingueiro, com o objetivo de despertar nos estudantes o reconhecimento das riquezas culturais da ancestralidade afro-brasileira.