Educação antirracista: escolas passam a contar com livros da Coletânea Afroletramento

Educação
17/09/2025 18h40
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A partir da próxima semana, 25 escolas da rede pública de Aracaju passarão a contar com livros que abordam questões étnico-raciais. A Secretaria Municipal da Educação (Semed), por meio da Coordenadoria de Políticas Educacionais para a Diversidade (Coped), adquiriu livros da Coletânea Afroletramento, da Editora goiana Inteligência Educacional. Com o material literário voltado aos alunos dos anos iniciais do ensino fundamental, do 1º ao 5º ano, e ao público da Educação de Jovens e Adultos (EJA), os professores vão trabalhar conteúdos referentes à história, cultura afro-brasileira e diversidade em sala de aula.

Com o intuito de preparar a rede para a introdução dos livros, a Coped promoveu nesta quarta, 17, a Formação sobre a Coleção Afroletramento, destinada a técnicos da Semed. A capacitação foi ministrada pelo próprio autor dos livros, o professor Edergênio Negreiros Vieira, e a coordenadora pedagógica da editora, Samara Xavier. A parceria com a editora de Goiás tem o objetivo de fortalecer as práticas pedagógicas em prol do letramento racial nas unidades de Aracaju, reafirmando o compromisso da Semed com uma educação antirracista. A medida está em sintonia com a Lei nº 10.639/03, que incluiu a obrigatoriedade da temática no currículo oficial de todas as escolas do Brasil.

De acordo com Valdeci Santos, coordenadora da Coped, essa aquisição representa um avanço significativo para a rede de Aracaju, uma vez que valoriza o tema e sua aplicação direta no dia a dia escolar. “A distribuição desses livros vem reforçar a ideia de que assuntos transversais podem, sim, ser integrados ao ensino de diferentes disciplinas e contemplar o trabalho com diferentes habilidades. A integração de conteúdos relacionados à educação antirracista em nossas aulas pode contribuir para promover uma educação com mais equidade e justiça social”, ressaltou Valdeci Santos.

Conforme o autor goiano Edergênio Vieira, essa formação com os técnicos da Semed é justamente para que eles possam multiplicar esse saber, esse conhecimento focado numa Educação Afrocentrada com os demais professores de Aracaju. A coletânea escrita por ele é composta por cinco livros, cada um destinado a uma série dos anos iniciais. Com protagonistas negros, as obras têm como propósito central promover a inclusão e o conhecimento, e valorização da cultura afro.

O livro que será usado no 1º ano nas escolas de Aracaju é o ‘Tem gente de todo jeito’, o qual narra a beleza que existe na diversidade. “Ela não existe para nos separar, muito pelo contrário, ela existe exatamente para nos conectar enquanto seres humanos", destacou Edergênio. O material do 2º ano é  ‘Na horta da Vovó Lina’, que destaca um encontro intergeracional, no qual Dona Lina ensina à neta dela, Heloísa, todas as belezas em relação ao poder das plantas e ervas. 

Nesse contexto, ele sugere trabalhos com a cantiga popular conhecida como Alecrim Dourado. “Exatamente para fazer com que as professoras, especialmente as do 2º ano, possam trabalhar com a questão da alfabetização e do letramento junto às crianças”, explicou. 

O livro para o 3º Ano é ‘O menino que escrevia na parede’. Nesse, o personagem principal é Cadu, um menino surdo que se apaixona pela arte do grafite, pela estética da pintura e da arte urbana. A obra do 4º ano é ‘Africalidades’, a qual descreve a travessia do Oceano Atlântico feita pelos filhos da diáspora africana. O livro do quinto ano é ‘Abidemi: a força da superação’. “Abidemi é uma palavra em Iorubá que significa ‘aquela que nasceu sem pai’, cuja narrativa gira em torno da perspectiva de uma jornada da heroína, de uma criança que nasce sem pai e que tem um grande sonho de se tornar jornalista”, afirmou o autor.