Programação especial marcou Dia Internacional das Pessoas com Deficiência em Aracaju

A Prefeitura de Aracaju, por meio da Secretaria Municipal dos Direitos da Pessoa com Deficiência (Semdef), realizou nessa quarta-feira, 3, uma programação especial em comemoração ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência. Dentre os eventos, ocorreram missa em Ação de Graças na capela de São João Batista, participação na fundação Academia Sergipana de Letras e Artes para Pessoas com Deficiências e Autistas (ASLIDA) e Prêmio Castro Alves de Inclusão.

Com a chegada da ASLIDA, Aracaju vive um dos momentos mais marcantes de sua história cultural e inclusiva, simbolizando a abertura de uma nova era na literatura sergipana, ampliando espaços, narrativas e produções criativas protagonizadas por pessoas com deficiência e autistas.

O secretário da Semdef, Antônio Luiz dos Santos, destaca que essa iniciativa reafirma a compreensão de que deficiência não é doença, como reforça a ONU, e que a diversidade humana deve ser celebrada, valorizada e representada em espaços culturais e acadêmicos. “A ASLIDA nasce plural, formada exclusivamente por pessoas com deficiência, seja físicas visuais, auditivas, intelectuais e também os autistas, além de familiares diretamente envolvidos na causa. A proposta é pioneira: reunir escritores já consagrados e novos talentos, garantindo voz, representatividade e reconhecimento literário a um segmento historicamente invisibilizado.”

Escritores experientes e novos talentos

Ao som da cantora lírica Marília Teixeira, a instalação da ASLIDA marca a posse de 15 membros, que recebem suas pelerines e passam a ocupar, oficialmente, as primeiras cadeiras da instituição. A Academia, entretanto, comportará até 40 acadêmicos, número que será alcançado progressivamente até 2026.

Os trabalhos foram abertos pelo Acadêmico fundador da ASLIDA e membro da Academia Sergipana de Letras, Domingos Pascoal, que também é professor, escritor, advogado e autor dos livros: “Experimente Mudar” e “A Mudança Começa em Você”.

Para Domingos Pascoal foi uma honra participar desse momento. “Quero deixar claro que a pessoa que tem algum tipo de deficiência não é incapaz. E pensar é uma das maiores virtudes que o homem tem. Então, essa academia congrega pensadores, pessoas que movimentam a literatura, pessoas que vão fazer a diferença. E eu acho que esse é o caminho que devemos perseguir, o da inclusão.” 

Para o fisioterapeuta, Leiz Conceição de Jesus, deficiência visual bilateral (perda de visão que afeta ambos os olhos), após um acidente aos 16 anos, o momento foi de muita emoção. “Ser empossado acadêmico da ASLIDA, ser membro e imortal me deixou muito emocionado. Mesmo sem visão me formei, e não foi fácil. Quero representar bem a nossa categoria PcD e começar a trabalhar os pensamentos com foco na literatura, apresentar e desenvolver trabalho e alguns livros sobre a nossa categoria, como venho fazendo durante minha trajetória da Universidade Federal de Sergipe (UFS)”, explicou Leiz, ainda emocionado.

Já o engenheiro Luiz Fernando da Silva Costa Santos, é pessoa com Transtorno do Espectro Autista (TEA), formado pela Universidade Federal de Sergipe (UFS.), possui participação na Escola Regional de Computação Bahia-Sergipe-Alagoas (ERBASE) e desenvolve projetos voltados à inovação tecnológica, com foco especial na criação de próteses de baixo custo, contribuindo para soluções acessíveis na área da Engenharia de Reabilitação. “Ser empossado membro da ASLIDA é motivo de muito orgulho. Agora vou focar na academia para entregar a comunidade o que ela espera da gente, muita produção”, enfatizou Luiz Fernando.

Empossados na ASLIDA

O presidente Antônio Luiz dos Santos e os demais membros: Laraine Neves Santos, Cristina Santos da Silva, Leiz Conceição de Jesus, Pedro Antônio Oliveira Garcez de Carvalho, Paulo Emídio da Silva Filho, Sérgio Ricardo Santana Cerqueira, Rosahyarah Alves Gouveia, Luiz Fernando da Silva Costa Santos, Antônio Francisco da Fonseca Filho, Carlos Henrique Oliveira Batalha de Matos, Reginaldo da Silva, Barbosa Freitas, Daniel Villa-Bôas, Victor da Silveira Almeida e Tatiane Santos do Carmo.

Prêmio Castro Alves de Inclusão reconhece protagonistas da causa em 2025
Logo após a instalação da Academia, ocorreu a entrega do Prêmio Castro Alves de Inclusão, concedido a sete personalidades, instituições ou iniciativas que se destacaram, em 2025, na defesa dos direitos e na promoção da cidadania das pessoas com deficiência. A honraria leva o nome do poeta Castro Alves, que também vivenciou a deficiência. O escritor teve parte do pé amputado após um acidente e, ainda assim, tornou-se um dos maiores nomes da literatura brasileira. O prêmio, portanto, homenageia não apenas sua trajetória literária, mas também seu simbolismo como figura histórica PcD.

Os homenageados foram: Marília Moreira Cavalcante, coordenadora de Ações Inclusivas (Coai), vinculada à Pró-Reitoria de Ações Afirmativas e Assuntos Estudantis (Proae/UFS); Bárbara Cristina da Silva Rosa, professora de graduação e pós-graduação da Universidade Federal de Sergipe e presidente da Comissão Multiprofissional de Atenção à Saúde da UFS e Coordenadora de Ações Inclusivas da UFS; Luiz Carlos da Silva , conselheiro Municipal de Defesa dos Direitos das Pessoas com Deficiência de Aracaju; Suely Maria Magalhaes Moura Rodrigues, presidente da Associação Sergipana do Cidadão com Síndrome de Down (Cidown) Aracaju; Nielly Rocha Mendes, advogada, vice-presidente da Comissão dos Direitos da Pessoa com Deficiência da OAB/SE, conselheira no Conselho Municipal de Defesa dos Direitos da Pessoa com Deficiência de Aracaju; os vereadores de Aracaju, Lúcio Flávio e Levi Oliveira; Jacqueline Andrea Furtado de Sousa, com Transtorno do Espectro Autista (TEA), professora da rede municipal de Aracaju, escritora, recebeu Comenda Excelência qualidade Brasil 2025, categoria profissional do ano, na Educação Inclusiva.

E encerrando a noite da programação especial alusiva ao Dia Internacional das Pessoas com Deficiência aconteceu o show com Pedrinho O Cara (membro da Aslida) com um vibrante tributo à Jovem Guarda.