Com o intuito de resgatar a tradição dos antigos carnavais de rua, a Prefeitura de Aracaju, está apoiando no Carnaval 2008 as agremiações associadas à Liga de Blocos, assim como os grupos independentes. A iniciativa promete promover a inclusão social e proporcionar o ´carnaval da tranqüilidade´ aos aracajuanos e turistas que resolverem passar o feriado na capital.
Para marcar a mudança, no Carnaval 2008 os blocos desfilarão na sexta-feira, dia 1º de fevereiro, a partir das 18 horas, na Passarela do Caranguejo (Orla de Atalaia) e, posteriormente, em seus respectivos bairros. Segundo o presidente da Liga dos Blocos, Pedro Souza Santos, a PMA, por meio da Fundação Municipal de Cultura, Turismo, e Esporte (Funcaju), vinha conversando com os dirigentes dos blocos desde fevereiro de 2007, quando foi decidido que o carnaval de rua tradicional voltaria a ser valorizado.
Entre os 25 blocos que compõem a Liga dos Blocos e receberam incentivos da PMA, estão grupos dos bairros Siqueira Campos, Suissa, Getúlio Vargas, Industrial, Santo Antônio, Pereira Lobo, América e outros. "O prefeito Edvaldo Nogueira foi muito compreensivo no aspecto de envolver o maior número de bairros no recebimento dos incentivos. Houve bastante sensibilidade nesse resgate do carnaval", comenta o presidente da Liga dos Blocos.
A expectativa de público para o cortejo na sexta-feira é de cinco mil pessoas. Na abertura, além do desfile dos blocos, haverá também a entrega da chave da cidade ao Rei Momo e à Rainha do Carnaval. Um dos blocos mais aguardados é o Afro Cultural Axé Kizomba, do bairro Santos Dumont.
Axé Kizomba
O papel assumido pelos integrantes da militância cultural do bloco Afro Cultural Axé Kizomba, da comunidade do Santos Dumont, desde 1989, ano da sua criação, foi de transformação de suas realidades. Baseados no resgate cultural dos costumes africanos, o trabalho do bloco ultrapassa os cinco dias de carnaval. Inicialmente formado por 100 integrantes, entre eles artistas de teatro, dança e música, nestes festejos o Kizomba promete sair na avenida com 300 componentes.
Este ano, o tema do carnaval do Kizomba é `Os 120 anos de abolição da escravatura´. Segundo Pedro Souza, coordenador do bloco, o grupo levará para a avenida a capoeira, o maculelê, o samba de roda e várias outras danças afro, ao som da tradicional banda Ilêaiê e das 25 músicas autorais do bloco.
O nome, também de acordo com o coordenador, significa ´Salve a festa da raça´ e vem do ´kizumbo´ - dialeto falado em Angola e Moçambique, países do continente africano, colonizados por portugueses, como o Brasil. "Os nossos objetivos como bloco são: preservar a cultura afro-brasileira; fortalecer os eventos das religiões afro-brasileiras; e discutir a resistência cultural", esclarece.
No âmbito da ação política, o coordenador conta que alguns componentes já foram eleitos delegados do Orçamento Participativo (OP), da PMA, assim como fazem parte dos conselhos de saúde. Como consequência disso, várias ruas que passaram por melhorias têm a assinatura do governo municipal, pelo atendimento de solicitações dos moradores. Além disso, os participantes do Kizomba são envolvidos em projetos na área da saúde e na área da cultura.
Para o desfile do bloco Axé Kizomba no bairro Santos Dumont, a PMA providenciou segurança, carro de apoio, organização do trânsito, a limpeza das ruas e pintura dos meio-fios. "Queremos agradecer o apoio da administração municipal e o atendimento das nossas solicitações de deixar as ruas adequadas para que a nossa comunidade se sinta bem. Afinal, aqui também tem carnaval", declara o coordenador.
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