Aracaju + Cultura: Peça teatral ´Yerma´ estréia hoje no Teatro Atheneu

Funcaju
11/03/2008 17h13
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A peça teatral ´Yerma´, que retrata o universo feminino no drama vivido por sua personagem homônima em busca da sua identidade, estréia hoje, às 20 horas no Teatro Atheneu, com entrada franca. A peça é composta por nove atores sergipanos e integra o projeto Aracaju + Cultura, da Fundação de Cultura, Turismo e Esportes (Funcaju) da Prefeitura de Aracaju.

O Aracaju + Cultura viabiliza os projetos vencedores dos editais que envolveram as áreas de Audiovisual e Teatro lançados em 2007 pela Prefeitura. A entrega aos 10 proponentes selecionados do valor de R$ 15 mil para a realização dos projetos foi feita pelo prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, em novembro do ano passado.

´Yerma´ é também uma perseguição à maternidade, como um objetivo maior de existência da personagem principal, entrando em conflito com os valores sociais e culturais que determinam à exclusão e o preconceito com a mulher. O seu marido, João, interpretado por Heitor Andrade, reflete o patriarcado que julga, persegue e culpa a mulher delegando-a ao silêncio e a exclusão.

Um projeto de caráter psicanalítico, literário, interpretativo e folclórico, que visa à formação de um grupo seleto e coeso de artistas, a partir deste espetáculo, que desejam a experimentação de linguagens, o apuro técnico e a expressão artística através do teatro.

A proposta da peça é fazer com que, através da experimentação e da Antropologia Teatral, o grupo desenvolva uma linguagem dramática, aproximando o público do fato cênico. Compõe a ficha técnica: texto do poeta espanhol Garcia Lorca; tradução da professora Fabiana do Santos; direção de Rogério Feolli; Expressão Corporal e Coreografia do professor Everton Nunes; e direção musical de Beto Nunes. Já o elenco é composto por: Jacira Duarte (Yerma), Heitor Andrade (João), Jéferson Santos (Vítor), Carla Mesquita (Maria), Rita Maia (Velha), Monalisa das Graças (Moça I), Geovana Oliveira (Moça II), Flávia (Dolores) e Gustavo Floriano (Macho).

Um poema trágico representado em três atos nascido em meados de 1988, quando o diretor, Rogério Feolli, iniciou seus estudos e pesquisas sobre a Guerra Civil Espanhola e a obra literária do dramaturgo e poeta Federico Garcia Lorca, uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola. A idéia de realização do projeto partiu também de um ciclo de leituras dramáticas promovido pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) há 10 anos.

O diretor

Rogério Feolli, o diretor, começou a atuar desde 1995, época que fez o Curso Formação Teatral (CFT) promovido pelo Cultart. Desde então vem trabalhando com grupos como ´Imagem´, ´Deu Branco´ e ´Ciranda de Espetáculos´, além de desenvolver alguns trabalhos em conjunto com outros atores. Rio de Janeiro e Nordeste foram às regiões pelas quais já percorreu.

Na função de diretor, já trabalhou com peças infantis no Rio de Janeiro. Em ´Belo Belo: Retratos de uma Vida Inteira´, de Manuel Bandeira, foi ator e co-produtor em Aracaju. ´O Pequeno Príncipe´ e ´Jesus o Filho do Homem´ completam seu currículo de direção.

"Para mim foi uma felicidade ter sido agraciado por este projeto, apesar das dificuldades em se montar um espetáculo, mas a oportunidade de poder reunir pessoas interessadas em construir uma linguagem sergipana de fazer teatro, com certeza, é o maior incentivo. Cultura e arte só podem existir a partir de ações como esta da Funcaju em promover edital, já que existe uma população que tem sede de arte e uma classe de artistas querendo se expressar. Por isso, o patrocínio público é de suma importância, porque viabiliza não somente a realização artística, como também oportuniza uma maior acessibilidade ao público aracajuano do melhor dos seus artistas", ressalva o diretor Rogério Feolli.

Federico Garcia Lorca

Federico García Lorca (Fuente Vaqueros, 5 de junho de 1898 - Granada, 19 de agosto de 1936) foi um poeta e dramaturgo espanhol, uma das primeiras vítimas da Guerra Civil Espanhola.

Nascido numa pequena localidade da Andaluzia, García Lorca ingressou na faculdade de Direito de Granada em 1914, e cinco anos depois transfere-se para Madri, onde ficou amigo de artistas como Luis Buñuel e Salvador Dali publicando os seus primeiros poemas.

Grande parte dos seus primeiros trabalhos se baseiam em temas relativos à Andaluzia (Impressões e Paisagens, 1918), à música, ao folclore (Poemas do Canto Fundo, 1921-1922) e aos ciganos (Romancero Gitano, 1928).

Concluído o curso, foi para os Estados Unidos da América (EUA) e para Cuba, período de seus poemas surrealistas, manifestando seu desprezo pelo modus vivendi estadunidense. Expressou seu horror com a brutalidade da civilização mecanizada nas chocantes imagens de Poeta em Nova Iorque, publicado em 1940.

Voltando à Espanha, criou um grupo de teatro chamado La Barraca. Não ocultava suas idéias socialistas e, com fortes tendências homossexuais, foi certamente um dos alvos mais visados pelo conservadorismo espanhol que, sob forte influência católica, ensaiava a tomada do poder, dando início a uma das mais sangrentas guerras fratricidas do século XX.

Intimidado, Lorca, retornou para Granada, na Andaluzia, na esperança de encontrar um refúgio. Ali, porém, teve sua prisão determinada por um deputado católico, sob o argumento (que tornou-se célebre) de que ele seria "mais perigoso com a caneta do que outros com o revólver".

Assim, no dia de agosto de 1936, sem julgamento, o grande poeta foi executado com um tiro na nuca pelos nacionalistas, e seu corpo foi jogado num ponto da Serra Nevada. A caneta se calava, mas a Poesia nascia para a eternidade. O crime teve repercussão em todo o mundo despertando por todas as partes um sentimento de que o quê ocorria na Espanha dizia respeito a todo o planeta. Um prenúncio da Segunda Guerra Mundial.