Assistência social de Aracaju é destaque no aniversário do MDS em Brasília

Família e Assistência Social
13/03/2008 08h51
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Aracaju é considerada referência pelo Governo Federal na implantação do Sistema Único de Assistência Social (SUAS) e isso foi destacado na tarde de ontem, quarta-feira, pelo presidente da República, Luiz Inácio Lula da Silva, em Brasília (DF), durante a solenidade alusiva ao quarto aniversário de criação do Ministério de Desenvolvimento Social e Combate à Fome (MDS). A capital sergipana foi escolhida para representar o Brasil através do depoimento da auxiliar de limpeza Joselita Jesus da Silva, moradora do bairro Santos Dumont e beneficiária do programa Bolsa Família.

Acompanhada de cinco de seus sete filhos, Joselita contou diante de um público de cerca de 1.400 pessoas - entre beneficiários de programas sociais, autoridades, parceiros e funcionários do MDS - como tem conseguido proporcionar saúde, estudo, lazer e alimentação para toda a família. Abraçada aos filhos, Joselita fez um relato que emocionou o público. "Eu tinha dificuldade de me comunicar, de entender meus filhos, por isso eu batia e deixava todos de castigo, mas descobri que eles precisavam de ajuda. Recebi muito apoio e minha vida mudou para muito melhor", afirmou, citando exemplos de como a assistência recebida abriu sua visão para a busca de uma vida mais digna.

Ela explicou que tudo começou a partir do contato que manteve com o Centro de Referência em Assistência Social (Cras) João de Oliveira Sobral, onde tomou conhecimento dos benefícios a que tinha direito. Na unidade, toda a família passou a ter orientações sobre outras formas de auxílio e incentivo que a Prefeitura Municipal de Aracaju oferece, por meio da Secretaria Municipal de Assitência Social e Cidadania (Semasc).

"O meu filho André Luis tem um problema chamado distúrbio de ausência, mas eu nem sabia o que isso significava ou como se tratava isso. Por isso eu ficava muito irritada e agressiva por ele não estudar e não passar de ano. Eu procurei a psicóloga, que me ensinou como cuidar dele e ele foi melhorando cada dia mais. Já a Ingrid Raquel era muito rebelde, mas aprendeu a respeitar o espaço dos outros e a ter limites. Dessa forma eu aprendi junto com eles a conviver em família", acrescentou a beneficiária.

Evolução

A agora também cozinheira Joselita lembrou ainda que participou de cursos de culinária, pois os resultados positivos iniciais a animaram, fazendo-a continuar a freqüentar o Cras João de Oliveira Sobral. Ela matriculou os outros filhos nos programas sociais oferecidos pela PMA e a família passou a crescer junta, pois ela teve mais tranqüilidade para deixar os filhos estudando e, por meio de sua capacitação, conseguiu aumentar a renda. "A gente busca o melhor para os nossos filhos e eu sei que o melhor eu estou fazendo, pois a riqueza que eu posso dar a eles é o estudo e quero buscar mais e mais", reforçou, enquanto era aplaudida pelo público.

Tomando o exemplo de Joselita, o presidente Lula ressaltou em sua fala o fato de que, através das ações do MDS realizadas em todo o país, por meio de parcerias com estados e municípios, os brasileiros se descobriram como cidadãos. "O milagre foi que as pessoas se descobriram para este Brasil e o país descobriu essas pessoas. O que precisamos fazer agora é consolidar a relação entre estado e sociedade. Quem vier depois tem que trabalhar com essa gente com respeito, atendendo às necessidades prioritárias do povo brasileiro", enfatizou.

Lula disse ainda que as melhorias na vida da população mais carente ecoam nos índices econômicos brasileiros. "Os pobres estão comendo e vestindo mais. E o melhor é que este governo despertou no Brasil uma idéia que atende diretamente mais da metade da população brasileira, nos mais diferentes programas. No entanto, o grande adversário do MDS é o preconceito cultural, que está arraigado na cabeça de uma parte da elite brasileira, que acha que tudo o que o governo federal lhe dá é investimento, mas tudo o que é dado ao pobre é gasto. Entretanto, o que investimos em políticas sociais significa um investimento tão importante quanto qualquer outro", lembrou o presidente.

Ampliação

Para o ministro Patrus Ananias, à frente do MDS desde sua criação, muito foi realizado nesses quatro anos e houve grande avanço na integração das políticas sociais, antes desarticuladas, mas que o desafio agora é ampliar a autonomia e participação popular e promover seu crescimento. "Temos trabalhado para os pobres, pelos pobres, mas precisamos trabalhar com os pobres, fazer com que eles se tornem atores do seu processo histórico, ou seja, que se tornem, de fato, cidadãos, como ocorre com dona Joselita e sua família. Só participando, só exercitando seus direitos e deveres as pessoas crescem. Queremos expandir a consciência desses beneficiários", reforçou.

O ministro garante que o MDS está cumprindo sua proposta, que é de garantir o direito básico à alimentação adequada. "A estratégia do Fome Zero tem papel fundamental para a melhoria das condições de vida da população mais pobre. O Programa contribuiu para a inserção do tema da segurança alimentar e nutricional no campo das políticas públicas no Brasil e na agenda internacional", disse Ananias, apostando em um futuro melhor. "Estamos vivendo a virada da história. Dada a continuidade, em 20 ou 30 anos, estaremos em um país melhor, com uma convivência mais razoável e justa", avaliou.

Durante a solenidade comemorativa, o presidente Lula e o ministro Patrus Ananias anunciaram e assinaram uma série de cooperações com diversos órgãos públicos federais, instituições de financiamento, estados e organismos internacionais, com o objetivo de ampliar a rede de proteção social em implantação no País, principalmente para gerar oportunidades de trabalho e renda. O evento também foi marcado por homenagens a funcionários e colaboradores da pasta pela contribuição dada à implantação das políticas sociais brasileiras voltadas ao combate à fome, geração de renda e emprego e promoção à cidadania.

Exemplo

Com o marido desempregado, Joselita sempre teve muitas dificuldades para manter sua casa, pois não possuía qualificação profissional. O seu maior medo sempre foi que a falta de condições levasse os filhos às drogas e à prostituição. No entanto, o atendimento que a família tem recebido no Cras João Oliveira Sobral, no bairro Santos Dumont, mudou a sua trajetória. Hoje ela trabalha e os filhos podem ir à escola. O objetivo dela é continuar batalhando, mas agora com mais força devido à nova condição. Mesmo pequena, sua remuneração já permite a certeza de alimentar, vestir e educar.

"Tenho hoje mais chances para lutar, antes era desigual. No Cras fiquei sabendo dos cursos de culinária e os diplomas que consegui abrem mais portas para eu tirar o meu sustento, pois também já posso cozinhar para as casas de família onde trabalho. O atendimento com a psicóloga e as assistentes sociais me ajudou a deixar meu lar em paz, pois antes eu não aceitava aquela situação de miséria e ficava muito agressiva. Tenho também mais tranqüilidade para cuidar dos meus filhos, que já têm oportunidade de estudar em boas escolas públicas, com material escolar e tudo. Aprendi a lidar com os problemas do meu companheiro", resumiu Joselita.

Durante a viagem a Brasília, Joselita e os filhos Ingrid Raquel, 17 anos, André Luiz, 12, Gilson, 13, Anne Karoline, 11, e Tatiana Valéria, 9, foram acompanhados pela secretária de Assistência Social e Cidadania, Rosária Rabelo, que representou o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira. Também integraram a comitiva o diretor do Cras João Oliveira Sobral, Marcos Aurélio Gonçalves, e a psicóloga da unidade, Geisa Lima, ambos, responsáveis pela aproximação da família com o Centro de Referência.

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