PMA inicia curso para condutores de veículos de tração animal

Transporte e Trânsito
05/05/2008 19h08
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Quando teve sua carroça atropelada no início deste ano, Sílvia dos Santos, 30, não sabia como cobrar seu prejuízo. Ela foi atingida por um motociclista que seguia na contramão e se recusou a pagar os danos. No entanto, no Curso de Formação de Condutores de Veículos de Tração Animal, promovido pela Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA), ela descobriu que tem os mesmos direitos e deveres dos condutores de veículos automotores.

"Aqui a gente fica sabendo a importância de estar com tudo certinho e como andar nas ruas junto com carros, motos, ônibus e caminhões. Se eu estivesse com minha carroça emplacada quando tive o acidente, poderia até cobrar meus direitos, mas como não estava, o rapaz não assumiu a culpa e foi embora. Nunca entro na contramão, mas mesmo assim tomei o prejuízo", diz Sílvia, que conduz carroça há um ano.

Sílvia é um dos 20 alunos da primeira edição do curso, que teve início hoje, segunda-feira, no bairro Santa Maria. A localidade foi escolhida pela Superintendência Municipal e Transportes e Trânsito (SMTT) para dar início ao projeto de cadastramento, capacitação e regulamentação de veículos de tração animal por ser um dos locais com maior concentração e atuação de profissionais desta atividade em Aracaju.

"Contamos com cerca de 150 pessoas já cadastradas no Santa Maria e que vão participar dos cursos. A idéia é abranger todos trabalhadores nesta atividade em Aracaju", explica a técnica Selma Dantas, da Escolinha de Trânsito da SMTT. Ela é uma das gestoras da atividade com os carroceiros. "Depois daqui, o curso vai para o Bugio e o Santos Dumont, outros bairros com grande presença de carroças", explica.

Segurança

A idéia da SMTT é aumentar a segurança no trânsito em Aracaju, qualificando e regularizando a atividade de transporte de carga feito com tração animal, conforme determina a Lei Municipal nº 3.502, de 26 de novembro de 2007. O Curso de Formação de Condutores de Veículos de Tração Animal é ministrado em três módulos, totalizando oito horas de aulas teóricas. As instruções são divididas em dois dias consecutivos, das 14 às 18 horas.

"No primeiro dia de aula enfatizamos as Normas de Circulação e Conduta e, em seguida, falamos sobre Sinalização de Trânsito. No segundo dia é a vez do tema Responsabilidade dos Condutores, que envolve a legislação específica para veículos de tração animal", explica o supervisor de trânsito da SMTT, Luiz Laerte Lopes.

Segundo Laerte, que também é instrutor da Escolinha de Trânsito, as aulas visam esclarecer aos condutores de veículos de tração animal a importância de trabalhar de forma correta e segura. "Procuramos mostrar, por exemplo, as situações onde há maior perigo e como eles podem colaborar para que o trânsito flua com maior facilidade, sob pena de infringir o Código Brasileiro de Trânsito [CTB]", acrescenta.

O condutor de carroça Genivaldo Bispo dos Santos, 28, conta que trabalha nas ruas há 12 anos e que, a exemplo da colega Sílvia, já passou por situações difíceis. "Motoristas de veículos maiores, como ônibus e caminhões não nos respeitam, assim como os patrões acham que a gente pode fazer qualquer trabalho. Aqui vamos saber melhor do que podemos e o que devemos fazer para dirigir melhor, além de recebermos orientação de como preservar e cuidar dos animais", opina.

Genivaldo acredita que o prefeito Edvaldo Nogueira acertou ao criar o curso, que segundo o trabalhador, ajuda a preservar vidas - tanto de condutores e de pedestres, como dos animais que movem as carroças. "Precisamos evitar, por exemplo, que cavalos sejam maltratados ou crianças conduzam veículos", lembra o carroceiro, mencionando casos como o registrado pelo repórter-fotográfico da PMA Sílvio Rocha, no próprio Santa Maria.