O prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, prestigiou na noite de ontem, quinta-feira, a abertura da Exposição Coletiva Junina 2008 na Galeria Álvaro Santos, Centro da cidade. Em sua terceira edição, a mostra reúne 47 peças de 35 artistas, entre pinturas e esculturas nos mais diversos estilos e técnicas, e retrata o momento cultural gerado em torno das homenagens a Santo Antônio, São João e São Pedro, que se transformaram numa das mais importantes manifestações do povo nordestino.
"Essa exposição reflete a idéia de que o São João não é só um elemento do folclore, mas é uma manifestação cultural, artística e história da nossa cidade e, como tal, deve impregnar todos os setores, desde a produção fonográfica até as artes plásticas. Acho que, inclusive, deveríamos explorar outros aspectos que mostrassem a dimensão que o período junino tem para nós sergipanos e nordestinos, como pensar em curta-metragens, filmes e em outras linguagens artísticas", argumentou o prefeito.
Edvaldo Nogueira ficou impressionado com a pluralidade de temáticas exploradas pelos artistas, desde o ritual da festa, com a representação do casal matuto, da dança e da fogueira, passado pelo protesto contra as bombas até aspectos psicológicos do homem do interior. "O mais interessante foi a qualidade das obras, que abordaram temas recorrentes com muita qualidade, propriedade e criatividade. O que revela que o São João está presente na alma e na cultura do nosso povo", afirmou.
Para o diretor da Galeria Álvaro Santos, Fernando Cajueiro, a proposta da mostra é revelar a diversidade cultural de Aracaju a partir do olhar de artistas que apostam no figurativo. "Nossa intenção é possibilitar que se observe, a partir das opções de cada um, detalhes reveladores da nossa diversidade cultural, do universo da religiosidade e da celebração da alegria, tão presentes entre os sergipanos e brasileiros em geral", ressaltou.
Nome presente nas três edições da Coletiva Junina e consagrado nas artes plásticas de Sergipe, Joel Dantas tradicionalmente aborda a pirotecnia em suas peças, mas esse ano optou pela quadrilha. "Nesse quadro explorei o movimento e retrato a descontinuidade, no momento em que a dança é interrompida quando alguém se abaixa para pegar o chapéu que acabou de cair. Meu trabalho procura contribuir para a preservação das nossas raízes culturais. Não podemos deixar morrer esse ciclo que passa de geração para geração", explicou.
Protesto
Ao invés de retratar algum aspecto pitoresco ou o cotidiano do período junino, a artista baiana Bena Loyola usou a técnica mista para protestar contra as bombas e fogos tão comuns nesse período. "O São João é uma festa linda, com suas quadrilhas, músicas, roupas e comidas típicas, mas as pessoas insistem em brincar com essas bombas que, quando não matam, mutilam e deixam seqüelas por toda a vida. Não vejo sentido nisso e então resolvi fazer um alerta para a sociedade, principalmente às mães que sofrem quando os filhos insistem em brincar com fogo", argumenta.
A exposição permanece aberta ao público até o próximo dia 12 de julho, de segunda a sexta, das 8 às 18 horas, e aos sábados, das 9 às 13 horas. Participam dessa coletiva pintores e escultores como Tintiliano, Abrão Dias, Edson Ferreira, Jacira Moura, Chico Só, Wilma Souza, Hortênsia Barreto, Belém, Anete Sobral, Roger Rocha, André Moreira e Cãa. A galeria fica na praça Olímpio Campos, nas imediações da Catedral Metropolitana, Centro da cidade, e é mantida pela Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esporte (Funcaju) da Prefeitura de Aracaju.