Teatro, música e dança se misturam no Arraial do Mercado Thales Ferraz

Cultura
20/06/2008 21h36

O Forró Caju 2008 não engloba apenas comidas típicas, música e dança. A maior festa junina do Brasil tem uma programação artística inovadora, além de muito forró pé-de-serra, trios nordestinos, bandas de pífano e grupos folclóricos. O Arraial, localizado no Mercado Thales Ferraz, surpreende o público, com encenação dos melhores grupos teatrais de Sergipe e quadrilhas formadas por portadores de necessidades especiais, crianças e idosos.

O ‘Boca de Cena', grupo teatral sergipano que abriu as programações de ontem, quinta-feira, trouxe para o Arraial do Forró Caju a peça ‘Um Casamento Complicado', produzida especialmente para o evento. Com muito humor e interação com o público, não foi difícil para os atores arrancarem risos e aplausos da platéia. A história faz alusão aos costumes do povo nordestino, demonstrando a fé, a cultura, as crendices populares, as danças e o vestuário do povo do sertão.

O espetáculo narra o conflito entre duas irmãs: Rosa Maria e Maria Rosa, sertanejas que imploram a Santo Antônio por um casamento. Só que aconteceu um problema: o santo casamenteiro se atrapalhou e arrumou o mesmo homem para as duas. Ao final, o padre se casa com duas mulheres e o rapaz que era disputado pelas irmãs se casou com uma moça da platéia.

O ‘Boca de Cena' é dirigido por Rogério Alves, estudante de Teatro da Universidade Federal de Sergipe (UFS) com sete anos de experiência em arte cênica. O grupo surgiu em 2005 através do Projeto ‘Nosso Palco é a Rua', e foi inspirado no Grupo Imbuaça (SE). O elenco é formado por Luiz Antônio, Ana Kely, Dani Menezes, Leandro Rondel, Lidiane Lima e Rafael Nascimento.

"A peça é uma grande confusão e é também a primeira vez que trabalhamos ao som de um trio pé-de-serra. A proposta do Arraial foi maravilhosa por resgatar e valorizar a nossa cultura, exaltando as manifestações. Nós fizemos a estréia desse nosso mais novo trabalho aqui no Forró Caju 2008", disse o diretor Rogério Alves, que interpretou um padre bastante irreverente.

Outra atração da noite foi a Quadrilha Pioneiros da Roça, com 27 anos de tradição, 60 componentes, além do seu trio pé-de-serra, roupas coloridas, muita alegria e animação. Lampião e Maria Bonita, Vaqueiro e Caipira foram alguns dos personagens retratados pelas canções. O Pilão de Pif encerrou a noite embalando os curiosos com coreografias mais soltas, criativas e despojadas.

Para a paulistana Helena Santos Silva, que dançou ao som do Pif, o Forró Caju vai deixar saudades. "É a primeira vez que venho a Aracaju e a esta festa tão linda. Estou achando uma maravilha porque nunca tinha visto isso. É uma novidade para mim. Adorei estar nessa terra e já fiz muitas amizades. Aprendi a dançar o forró pé-de-serra aqui. Pena que eu já vou embora", declarou.

Já para o odontólogo, Ricardo Borges, o Arraial é um fenômeno. "Aqui é a diversidade do Forró Caju com mais liberdade de escolher, porque temos todos os ritmos. Hoje é segundo dia que venho conferir o Arraial", disse.