Teatro sergipano também tem vez no Forró Caju

Cultura
25/06/2008 22h05

A programação do Forró Caju 2008 não economiza em cultura. A Cia. Ciranda de Espetáculo, por exemplo, apresentou o melhor das artes cênicas no Arraial do Mercado Thales Ferraz. Com inspiração na literatura de cordel, a companhia encenou a peça Feira de Versos. A fórmula baseada no bom humor e interação com o público garantiu mais uma noite de alegria no Arraial.

Feira de Versos foi o primeiro trabalho feito pela Ciranda, especialmente para o teatro de rua. É um espetáculo que conta cinco histórias da literatura de cordel. O conto escolhido pelo grupo para apresentar no Forró Caju foi ‘O Cavalo que Defecava Dinheiro', de Leandro Gomes de Barros, uma narrativa de comadres, compadres, capangas e um Duque que se mete em enrascadas por causa da sua ambição.

Os atores tiveram como cenário uma feira. Compadre, o sertanejo picareta, nunca perde uma boa oportunidade de venda e deixa o Duque para trás ao vender um suposto cavalo que defeca dinheiro e uma viola que ‘faz ressuscitar'. Como prova de qualidade, o Duque mata a própria esposa e em seguida toca a viola milagreira para ressuscitá-la. Ao perceber que a viola não ressuscita ninguém, o Duque fica possesso e contrata dois capangas para matar o falsário.

"É uma peça narrada através de rimas, uma das características do Cordel, por isso os personagens são chamados de comadres e compadres. Utilizamos também música e dança nas encenações. A banda de pífano Membrana nos acompanha desde quando essa peça foi montada", disse Nigroh, mais conhecido como 'Hogrin', ator que interpretou o Duque.

Feira de Versos

A peça foi montada em 2005. Desde então o elenco não alterou a estrutura da mesma. Mas como o palco é a rua, os improvisos fazem parte do espetáculo. "O que dá certo nós vamos incorporando, tudo isso vai se agregando. Os improvisos e as brincadeiras com a platéia fazem parte do nosso trabalho", conta Heitor Andrade, o intérprete de ‘Compadre', o sertanejo mafioso.

E por falar em improviso, o representante comercial, Warry Andrade (o China), foi convidado a participar da peça. "Foi um prazer para mim. Eu leio literatura de cordel desde os 16 anos de idade. Já conhecia a história e sabia que ‘compadre' ia me colocar dentro de um saco quando ele me chamou para entrar no espaço do Arraial", disse China empolgado, afirmando que o cordel é bom, mas ao vivo foi muito melhor. "O grupo está de parabéns", completou.

Compõem o elenco do Cia. Ciranda de Espetáculo: Nigroh, o ‘Hogrin', Heitor de Andrade, Rosana Costa e Rose Ribeiro. Assinam a produção da Companhia, Rosana, Rose e Hogrin.

História

Fundada pelo irrequieto produtor teatral Newton Lucas, a Companhia Ciranda de Teatro tem 33 anos de trabalho. Com a morte do produtor, em 2006, o grupo faz hoje uma espécie de direção coletiva, onde todos dão sugestões, porém a direção geral fica a cargo de Thiago de Melo.