O Centro de Apoio Pedagógico para Atendimento às Pessoas com Deficiência Visual (CAP), localizado na Rua Vila Cristina, no bairro São José, completa amanhã, dia 12 de novembro, 10 anos de existência, mas as comemorações pela data tiveram início na manhã de hoje. A festividade foi iniciada com uma palestra ministrada pela oftalmologista, iridóloga e naturopata Ana Cecília Gois Franco, evento que foi realizado no auditório da Sociedade Semear, também localizada à rua Vila Cristina.
Além da palestra, fazem parte da programação de 10 anos do Centro apresentações musicais, benção ecumênica e gincana, ações que acontecem até esta quinta-feira, dia 13. O momento é de muita alegria para todos os que fazem o CAP, principalmente pelas conquistas adquiridas por meio do trabalho mútuo da Secretaria Municipal de Educação (Semed) e dos profissionais que atuam no centro.
Garantir aos usuários com deficiência visual o acesso aos recursos específicos necessários para a inclusão educacional no ensino regular. Esta é a missão do CAP, que atualmente presta atendimento semanal a 140 pessoas com idade entre zero e 80 anos. "Conseguimos devolver a perspectiva, o ânimo de muitos que chegam aqui. A vida deles muda quando redescobrem a capacidade de desenvolver os estudos e de se profissionalizar", comentou a professora do Centro, Clotilde Vasconcelos Pereira.
A qualidade de vida dos portadores de deficiência visual e a auto-estima são resgatadas a cada atividade desenvolvida. Alfabetização no sistema Braile, aulas de iniciação à música (teclado, violão e flauta), aulas de Soroban - instrumento utilizado para cálculos, que permite fazer operações matemáticas - e de educação física são alguns dos benefícios oferecidos pelo Centro.
Paralelo as atividades regulares e pedagógicas, é realizado no Centro o projeto "Oficina de Arte", que consiste na produção de artesanato confeccionado por usuários da terceira idade. "A atividade além de artesanal é terapêutica, pois gera o trabalho de integração social, além de oferecer a aquisição de uma profissão ", destacou a professora. O estudante Robyson Guidice Santana, que abandonou a escola regular aos 15 anos, depois de ter perdido a visão durante um acidente doméstico, conseguiu retomar os estudos após conquistar a independência para a realização de atividades fundamentais como locomoção, leitura e escrita.
Atualmente, Robyson voltou para a sala de aula do ensino regular e cursa o 1º ano do Ensino Médio, além disso, presta serviços na biblioteca do CAP e se tornou destaque nacional após ter sido contemplado com uma bolsa de estudos para os idiomas inglês e espanhol, numa reconhecida escola de idiomas.
Histórias como a desse jovem, e a de outros cinco usuários do CAP que conseguiram ingressar no ensino superior enchem de orgulho os que integram o quadro funcional da instituição. "Graças à preparação recebida, não apenas esses, mas centenas de usuários que já passaram por aqui relatam o quanto suas vidas mudaram, melhoraram, e isso nos enaltece muito", declarou a coordenadora do local, Margarida Maria Teles, acrescentando que grupos musicais independentes foram formados por deficientes visuais após a participação nas aulas de iniciação à música oferecidas pelo centro.