O feriado de 8 de dezembro não foi de celebrações apenas para os católicos, que nesta data homenageiam Nossa Senhora da Conceição. O dia foi de muita festa também para adeptos de religiões de matriz africana, que ontem programaram uma série de eventos para exaltar Oxum, a deusa da beleza, da vaidade e da fecundidade. Em Aracaju, o ponto alto das comemorações ao orixá feminino aconteceu na orla da praia de Atalaia. Mais uma vez, o prefeito de Aracaju, Edvaldo Nogueira, acompanhou as homenagens e celebrou a pluralidade e o sincretismo religioso.
Desde o início da noite, o trecho entre o farol e os arcos foi tomado por uma multidão. Mais de 2 mil mulheres de vários terreiros da cidade vestiram abadás amarelos e saíram em cortejo, cantando e dançando ao som do bloco Afoxé Omu Oxum. Além da importância de preservar as tradições, elas chamaram atenção também para necessidade de respeitar as diferenças e acabar com preconceitos.
A mensagem foi reforçada pelo prefeito Edvaldo Nogueira. "Hoje é o dia de Nossa Senhora da Conceição, padroeira de Aracaju, que nas religiões afro-brasileiras corresponde a Oxum. Estamos aqui de certa forma para comemorar a nossa cidade, que é uma capital de todas as cores, de todas as raças, de todos os sexos, de todas as ideologias e, acima de tudo, de todas as religiões. Por isso não podemos ter preconceitos", lembrou.
Segundo ele, é por acreditar que as diferenças só vêm a enriquecer a cidade e entender que a cultura afro-brasileira deve ser mantida e divulgada que a Prefeitura sempre apóia e patrocina a tradicional festa em homenagem à Oxum. Em sua fala, Edvaldo Nogueira disse ainda que o momento era de agradecer pelas conquistas de mais um ano que vai terminando e de pedir que 2009 seja de luz, saúde e felicidade para todos, independente de cor ou crença.
Olodum
Depois do bloco Afoxé Omu Oxum foi a vez do Olodum comandar a festa e arrastar milhares de pessoas. Trazido pela Prefeitura de Aracaju para fechar com chave de ouro as comemorações do dia 8 de dezembro, o grupo baiano puxou o trio e agitou o público com novos e antigos sucessos.
A atração foi escolhida pela ligação com o movimento negro e ainda por seu papel na luta contra a discriminação racial e em prol da elevação da auto-estima dos afro-brasileiros.
Oxum
Segundo a tradição africana, Oxum é a segunda mulher de Xangô. A ela pertence o ventre da mulher e é por isso que esse orixá feminino controla a fecundidade, sendo profundamente ligado às crianças. Dona das águas doces, Oxum gosta de usar colares, jóias, espelhos, perfumes e assim é considerada a deusa da beleza, da riqueza e da prosperidade.
Os fiéis buscam nela auxílio para a solução de problemas na vida financeira e também no amor, uma vez que Oxum é responsável pelas uniões. Na natureza, o culto à ela costuma ser realizado em rios, cachoeiras e próximo a fontes de águas minerais.
Oxum é ainda símbolo da sensibilidade e muitas vezes, ao ser incorporada, derrama lágrimas, característica que se transfere a seus filhos, identificados por chorões.