Com o objetivo de evitar um aumento significativo de casos de dengue entre os meses de fevereiro e junho - período considerado crítico por conta das chuvas - a Prefeitura de Aracaju vai ampliar as ações de combate à dengue de norte a sul da capital. O reforço tem início amanhã, às 8 horas, com uma grande força-tarefa no bairro Soledade. O plano de intensificação foi lançado na manhã de hoje, sexta-feira, pelo prefeito Edvaldo Nogueira, durante coletiva à imprensa no auditório do Centro Administrativo Aloísio Campos.
Além das forças-tarefas para eliminação de focos, identificação de riscos e orientação da população, estão programadas várias outras atividades, como a mobilização da sociedade civil e instituições parceiras, a distribuição de material informativo e apresentações de esquetes teatrais educativas do grupo ‘A arte de prevenir', da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Cerca de 1.000 agentes comunitários de saúde e de endemias vão se revezar, garantindo a cobertura integral de toda a cidade. Somente entre os dias 9 e 20 de fevereiro, 74 mil residências devem ser visitadas.
Como já vem acontecendo desde o ano passado, as ações serão coordenadas pela SMS e terão a participação da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Secretaria Municipal de Educação (Semed), Empresa Municipal de Serviços Urbanos (Emsurb) e Secretaria Municipal de Comunicação (Secom). As equipes serão responsáveis pelo recolhimento de lixo e entulho, limpeza de terrenos baldios, aterramento de áreas alagadas, conscientização de crianças e jovens e divulgação de informações relevantes sobre o combate à dengue e os trabalhos da Prefeitura.
Segundo Edvaldo, o Plano lançado hoje revela a necessidade de redobrar, neste período, a luta que desde o ano passado vem sendo travada contra a doença. "O trabalho para evitar uma nova epidemia começou ainda em setembro, quando a Prefeitura lançou o Plano de Combate à Dengue. Estamos trabalhando de maneira ininterrupta, sem descanso. Agora estamos apenas intensificando as ações, já que este é um período que temos que tomar muito cuidado por conta das chuvas", ressaltou o prefeito.
Índice de infestação
O Plano de Intensificação do Combate à Dengue prevê ações em todos os bairros, mas as localidades que apresentam maior índice de infestação pelo mosquito Aedes Aegypti receberão atenção especial. "Hoje o índice é de 1,5% em Aracaju, mas em alguns bairros o percentual é maior: 15 deles apresentam índice entre 1% e 3,9% e quatro estão acima de 4%", disse a coordenadora do Programa Municipal de Combate à Dengue, Taíse Cavalcante.
Para o Ministério da Saúde, abaixo de 1% o índice é considerado satisfatório; entre 1% e 3,9% a situação é de alerta; e acima de 4% há risco de epidemia. Atualmente, na capital, os bairros críticos são: Soledade, Suissa, Palestina e Getúlio Vargas. "Com relação ao número de casos, a situação é muito boa. Enquanto em janeiro do ano passado tivemos 140 casos confirmados, em janeiro deste ano tivemos apenas sete. Mas nem por isso vamos parar de trabalhar, principalmente nesta época que antecede o período chuvoso", frisou.
Experiência
Para Edvaldo Nogueira, a experiência adquirida pela Prefeitura de Aracaju no ano passado tem sido fundamental para o correto planejamento das atividades, sobretudo aquelas voltadas à prevenção. "Tivemos uma epidemia entre os meses de março e junho de 2008. Foi um problema enfrentado em todo o país, mas aqui trabalhamos de maneira efetiva e conseguimos em pouco tempo controlar a situação. Falaram muito da dengue, mas não falaram da ação eficaz da Prefeitura", lembrou.
No ano passado, o combate à doença foi possível graças a algumas medidas consideradas pioneiras, que resultaram em mais de 800 mil visitas domiciliares, na coleta de quase 31 mil pneus, intensificação do fumacê, realização de 152 forças-tarefas, limpeza e aterro de centenas de terrenos baldios. Aproximadamente 800 agentes da SMS estiveram engajados nos trabalhos.
Com relação ao atendimento aos pacientes com dengue, foram implantadas salas de hidratação em todas as 43 Unidades de Saúde da Família (USF) e nos hospitais das zonas Norte e Sul. A Prefeitura também criou as Unidades de Resposta Rápida, voltadas à realização de exames para confirmação de casos. Quando dava positivo, as equipes entregavam o resultado imediatamente em domicílio e já encaminhavam os pacientes para o tratamento, possibilitando a redução da mortalidade.
"Realmente tivemos êxito. A ação foi tão efetiva que a Prefeitura conseguiu, num curto espaço de tempo, dar uma resposta positiva e controlar a dengue. Vários municípios enfrentaram epidemias, mas não conheço nenhum em todo o país que tenha conseguido o que nós conseguimos aqui. É por isso que o Ministério da Saúde reconheceu nosso trabalho e tem recomendando que outras cidades copiem algumas das nossas atividades, como as forças-tarefas e a implantação das Unidades de Resposta Rápida", disse o secretário municipal de Saúde, Marcos Ramos.
De acordo com ele, os profissionais que trabalham na atenção básica já estão capacitados e a estrutura de atendimento será mantida. Além disso, o Governo do Estado montou uma estrutura especial na antiga maternidade Hildete Falcão Batista para atender exclusivamente pacientes com dengue. "O número de leitos é suficiente", garantiu o secretário.
"A Prefeitura está preparada, mas precisamos da colaboração da população porque o problema, na maioria das vezes, está dentro das casas. As pessoas precisam estar constantemente atentas, sempre adotando uma postura preventiva. No ano passado, a sociedade se envolveu, contribuiu muito com o poder público e este ano queremos que isso se repita", pediu o prefeito.
