PMA resgata carnaval de rua de Aracaju

Funcaju
27/02/2009 18h58
Início > Noticias > 37213

Alegre, popular, seguro e organizado. Assim foi o carnaval para milhares de pessoas que curtiram a folia nas ruas de Aracaju. O resgate de blocos tradicionais nos bairros fez mais uma vez aracajuanos e turistas tomarem gosto pela festa e ficarem ansiosos para dançar e cantar ainda mais em 2010. Para estimular esse movimento, desde o ano passado a Prefeitura de Aracaju passou a dar auxílio financeiro aos blocos, decorar as ruas e avenidas onde ocorreram os desfiles, cuidar da limpeza e da iluminação dos espaços públicos, coordenar o trânsito e reforçar a segurança.

Um dos blocos de carnaval mais antigos da cidade, o Unidos do Bonfim manteve a tradição de há 46 anos desfilar pelas ruas do bairro Getúlio Vargas. Moradores fantasiados saíram em cortejo, enquanto o frevo ditava as ordens e a animação era a palavra de ordem. A emoção contagiou até quem olhava da porta de casa.

A professora aposentada Marli Rezende, 56 anos, manifestou sua felicidade em ver que o verdadeiro carnaval de rua está sendo resgatado. "Quando era adolescente eu me arrumava e desfilava nos blocos. Durante um certo tempo eles deixaram de desfilar, mas agora estão voltando com força total e eu adorei", reconheceu.

Para a colombina de outrora, o retorno dos cortejos de blocos pelas ruas é uma tradição que não pode se perder. "Cada bairro deveria manter de forma constante o resgate de seu bloco. Eu me sinto realizada em ver diversos ex-alunos no desfile do Unidos do Bonfim", contou emocionada a professora.

A opinião foi dividida com os responsáveis por agremiações mais novas, como é o caso do bloco Costa Folia, que animou várias ruas dos conjuntos e loteamentos do bairro Aruana. Criado há quatro anos, o bloco ainda conta com o concurso da 'Garota Costa Folia', caracterizado por homens que se vestem de mulher no carnaval.

A organizadora do Costa Folia, Karina Drummond, disse ter ficado muito satisfeita com o apoio da Prefeitura de Aracaju. "Esse apoio é fundamental, pois resgatar o carnaval de rua propicia alegria às pessoas que gostam de brincar, mas não têm condições de viajar para cidades do interior ou para outros estados", declarou.

Animados por uma mini-orquestra de frevo, os foliões percorreram várias ruas do bairro. "A única obrigação aqui é brincar. Todos se divertem na paz durante o carnaval. Sem o apoio da Prefeitura  de Aracaju, nossa festa não teria esse porte. A estrutura proporcionada foi excelente", ressaltou a foliã Sandra Costa.

Rasgadinho

O principal pólo de animação foi o Centro da cidade, onde o bloco Rasgadinho montou um palco todas as noites. Após os desfiles pelas ruas dos bairros Getúlio Vargas, Suissa e Cirurgia, era na esquina da avenida Pedro Calazans com rua Maruim que todos se encontravam.

O coordenador geral do bloco, César Viana, considera o sucesso de público como fruto de muito trabalho e dedicação, além das parcerias imprescindíveis com a Prefeitura de Aracaju, o Governo do Estado e o Governo Federal, por intermédio do Ministério do Turismo. "Em 2003 tivemos 300 foliões; em 2005 foram mais de mil e no ano passado nossa expectativa de 30 mil pessoas foi superada. Não quero arriscar um palpite para este ano, prefiro esperar e pegar depois os dados confirmados", ponderou.

De acordo com um dos fundadores do Rasgadinho, Leopoldo dos Santos, 77 anos, o bloco tem este nome porque começou a partir de um time de futebol que ele integrava em 1962, no bairro Suissa, onde os foliões saiam vestidos com roupas rasgadas e com penicos na cabeça. 

"A gente saía da rua Frei Paulo, entre Gararu e Porto da Folha, com roupa de saco rasgada e puxados por uma bandinha de frevo. Eu me sinto maravilhado com o retorno do bloco que eu criei e comandei por dez  anos", comemorou Leopoldo, que destacou ainda as atrações de peso contratadas para a festa desse ano, como Moraes Moreira e Alceu Valença.

Preferência

A programação carnavalesca de Aracaju fez com que muitas pessoas preferissem permanecer na cidade e curtir a animação local. Exemplo disso foram a contadora Tatiane Santana, a bancária Michele Cerqueira e a psicóloga Ticiana Lopes. As amigas atenderam aos apelos do Rei Momo e saíram à rua, sem sentirem saudades de carnavais curtidos em outros estados do país.

"A festa da nossa capital é ótima porque existe respeito, alegria, animação e as atrações ótimas. Há alguns anos, os shows aconteciam no mercado e muitas pessoas não se sentiam atraídas. Já aqui, no Centro ou nos próprios bairros onde moram, as pessoas se sentem mais à vontade para curtir", disse Ticiana.

Os comerciantes que resolveram faturar uma renda extra durante o período carnavalesco na capital gostaram da animação popular e do resultado das vendas, que superaram o ano de 2008. "Carnaval é tradição brasileira. As pessoas vêm aqui pra se divertir e consumir faz parte da festa. O público cresceu e sabe curtir as atrações, aproveitar essa organização, essa estrutura e nós aproveitamos para conseguir um extra", disse vendedor de espetinhos Frederico Santos, 21.

Segundo o prefeito Edvaldo Nogueira, a idéia de mudar a festa dos mercados centrais para os bairros foi uma estratégica adotada desde 2008 para resgatar os antigos carnavais de Aracaju. "Este ano estamos contribuindo com 42 blocos para fazer o carnaval da cidade nesses cinco dias. O aracajuano é muito feliz e fez um dos melhores carnavais da nossa história. É um projeto que pretendemos dar continuidade. Por isso, acredito que veio para ficar com vontade, ânimo, garra e alegria", ressaltou.

De acordo com o presidente da Fundação Municipal de Cultura, Turismo e Esporte (Funcaju), Waldoilson Leite, a partir do apoio da PMA o carnaval de rua de Aracaju voltará, aos poucos, a retomar seu espaço. "A alegria contagiante do bloco anima não somente os foliões que participam da festa, mas também os moradores. É muito gratificante para nós ver o espírito carnavalesco sendo resgatado nos quatro cantos da cidade", coloca.