PMA promove I Encontro Temático sobre Saúde da Mulher

Saúde
04/03/2009 11h53
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Durante todo o dia de hoje, quarta-feira, profissionais da área de saúde, gestores públicos e representantes de movimentos sociais e conselhos municipais estiveram reunidos no auditório do Sest/Senat, em Aracaju, para participar do I Encontro Temático sobre Saúde da Mulher. O evento, promovido pela Prefeitura de Aracaju, foi aberto às 9 horas da manhã pelo vice-prefeito de Aracaju, Silvio Santos, que durante a solenidade representou o prefeito Edvaldo Nogueira.

A proposta da iniciativa é disseminar informações que possam ajudar na implementação de ações no âmbito do SUS Municipal que fortaleçam a atenção integral à saúde da mulher por meio da mobilização de gestores públicos, profissionais de saúde e sociedade civil de maneira geral. Para isso, no encontro, estão sendo discutidos temas como a feminização da Aids, a violência contra a mulher e a morbimortalidade de mulheres.

"Queremos ampliar e melhorar os programas voltados à saúde da mulher e esse encontro foi pensado com esse objetivo. Na verdade, nossa intenção é reforçar a assistência, mas trabalhar muito a questão da prevenção. Prevenir é sempre mais eficiente, menos traumático. Por isso a prevenção, que está muito ligada ao conhecimento e à informação, é o elemento central desse simpósio que estamos realizando hoje", resumiu o secretário municipal de Saúde, Marcos Ramos.

Depois de dar as boas vindas aos participantes e assistir a apresentação do grupo de dança do ventre da Casa da Doméstica, o vice-prefeito Silvio Santos falou da importância do evento. "É fundamental tanto para o poder público, quanto para a população como um todo, discutir a saúde da mulher. Que todos vocês possam aproveitar ao máximo os conhecimentos disseminados aqui hoje, trocar experiências e conhecer o que há de mais novo e avançado nesse campo", desejou.

A primeira-dama do Estado, Eliane Aquino, que na abertura do evento representou o governador Marcelo Déda, também elogiou a iniciativa e chamou atenção para o papel do agente público. "Precisamos colocar na cabeça das próprias mulheres que elas tem que ter cuidado com o HIV, com a violência doméstica, com o câncer. E somos nós que estamos à frente desses projetos que precisamos promover essa conscientização e trabalhar para melhorar a vida das mulheres através de políticas públicas eficazes", destacou.

Programação

A programação foi elaborada pela Secretaria Municipal de Saúde (SMS), através dos Programas Saúde da Mulher, DST/Aids, Saúde da Criança e do Centro de Educação Permanente em Saúde (Ceps). A manhã foi reservada a palestras temáticas a à tarde aconteceram as oficinas para aprofundamento dos assuntos em debate.

Para qualificar as discussões, foram convidadas a Secretária Especial de Política para as Mulheres do Governo Federal, Stella Taquette, e a representante da Fiocruz, Corina Mendes, que conduziram a primeira parte dos trabalhos, ao lado da coordenadora municipal do Programa Saúde da Mulher, Cristiana Ludmila.

Calendário

O I Encontro Temático sobre Saúde da Mulher está inserido no calendário de eventos alusivos ao Dia Internacional da Mulher, comemorado no próximo domingo, 8 de março, e também faz parte da programação do mês de aniversário de Aracaju, que no próximo dia 17 completa 154 anos de fundação.

Além disso, o evento marca a abertura das atividades voltadas à promoção da saúde da mulher planejadas para todo o ano. As ações incluem ainda a reorganização e a qualificação dos serviços de alta complexidade, planejamento reprodutivo, assistência ao pré-natal e parto, prevenção ao câncer do colo do útero, entre outras.

Morbimortalidade das mulheres

O primeiro assunto discutido no evento foi a morbimortalidade das mulheres. A palestrante, Cristiana Ludmila - coordenadora municipal do Programa Saúde da Mulher - falou sobre o que tem levado as mulheres a adoecer e morrer. Em 1930, as causas externas (acidentes, homicídios, suicídios etc.) eram responsáveis por 3% dos óbitos; o câncer por 3%; as doenças do aparelho circulatório (hipertensão, infarto, acidente vascular cerebral etc.) por 12%; e as doenças infecciosas e parasitárias por 50%.

Em 2005, as doenças do aparelho circulatório foram responsáveis por 19% das mortes de mulheres entre 10 e 49 anos, as causas externas corresponderam a 18% do total de óbitos e o câncer por 21%. "Vale ressaltar que 92% dessas mortes poderiam ser evitadas. Para isso, a gente precisa que as mulheres procurem as unidades de saúde para fazer exames e se prevenir. Alguns tipos de câncer, por exemplo, são totalmente curáveis se detectados no início. Temos serviços de qualidade, profissionais capacitados, mas precisamos que as mulheres procurem o serviço público", alertou a palestrante.

Feminização da Aids

Logo depois da palestra de abertura, a secretária especial de Política para as Mulheres do Governo Federal, Stella Taquette, falou sobre o avanço da Aids entre as mulheres. Dados apresentados por ela mostram que, ao contrário do que acontecia no passado, hoje a população feminina é a mais afetada pela doença, o que demanda mudanças nas políticas públicas nessa área.

"Na década de 80, no início da epidemia, a Aids acometia principalmente homens gays, hemofílicos e usuários de drogas injetáveis. Com o passar do tempo esse perfil foi se modificando e a Aids foi se heterossexualizando. Hoje, mulheres casadas, monogâmicas e com atividade sexual considerada tradicional são maioria entre os infectados pelo HIV em todo o mundo", relatou.

No Brasil, segundo Stella, a parcela de homens com Aids ainda é maior do que a de mulheres. Da década de 80 até 2006 foram notificados no país 433.055 casos. Desse total de vítimas, 142.138 são mulheres e 290.917 homens. "Mas essa diferença está diminuindo progressivamente e a tendência é que a situação se inverta nos próximos anos, como já acontece em outros países", disse.

Violência contra a mulher

Fechando a programação da manhã, a representante da Fiocruz, Corina Mendes, falou sobre a violência contra a mulher. De acordo com ela, estima-se que, em todo o mundo, uma em cada três mulheres, em algum momento da sua história de vida, é vítima de alguma forma de violência. "Isso é assustador porque mostra que a violência está perto da gente, às vezes ao lado ou mesmo dentro da nossa casa", frisou.

Para Corina, a freqüência e a gravidade dos casos de violência requerem um cuidado especial por parte do sistema de saúde pública. "Quem atende mulheres vítimas de violência precisa estar preparado. É necessário estimula-las a procurar ajuda e quebrar o silêncio pactuado que se perpetua numa cadeia geracional. É fundamental também trabalhar a prevenção e os comportamentos protetores, além de saber tratar cada caso individualmente, de modo a pôr fim à auto-estima fragilizada, estimular a afetividade, construir redes saudáveis e promover a felicidade e a paz", observou.