Prefeitura de Aracaju recupera Ponte do Imperador

Infraestrutura
01/04/2009 15h26

Construída em 1859, a Ponte do Imperador está sendo revitalizada pela Prefeitura de Aracaju. A obra, orçada em R$ 115 mil, será entregue à população nos próximos meses. Os serviços incluem a impermeabilização da laje, para impedir que a água da chuva penetre e ocorram infiltrações.

"Colocamos uma camada de isopor e uma manta à base de ardósia", explica a fiscal de obras da Empresa Municipal de Obras e Urbanização (Emurb), Sheila Trope. Segundo ela, todo o material da impermeabilização não existe em Aracaju, precisando ser comprado em outro estado.

Além disso, estão sendo feitas a recuperação das instalações elétricas e a pintura do pórtico principal e também dos elementos decorativos, a exemplo dos índios. As luminárias, postes e refletores roubados e depredados serão repostos. "Vamos recuperar ainda a balaustrada. Os tubos de ferros que estão oxidados serão substituídos", acrescenta Sheila.

A tonalidade da tinta usada na pintura da ponte foi escolhida com base em pesquisa, que também serviu para a restauração da Fausto Cardoso. "A gente entende que quando foram inauguradas, a praça e a ponte eram de uma tonalidade única. Como fizemos uma prospecção e identificamos que amarela era a cor original dos monumentos, será esse tom que vamos aplicar na ponte", antecipa a fiscal da Emurb.

História

O Ancoradouro, ou Ponte de Desembarque, foi construída no final de 1859 especialmente para receber o vapor Apa, da Companhia Brasileira de Paquetes a Vapor. Comandada por Francisco Pereira Pinto, a embarcação trouxe a comitiva imperial em sua visita a Sergipe.

De acordo com relato do historiador Luiz Antônio Barreto, debaixo dos ‘vivas' e das palmas do povo, o Apa ancorou às 17 horas do dia 11 de janeiro de 1860, mas o imperador Dom Pedro II somente deixou o navio às 18h30, sendo recepcionado por uma comissão de mulheres, pela Comissão do Recebimento (organizadora da visita) e pela Câmara Municipal.

Dom Pedro recebeu a chave da cidade das mãos do presidente da Província de Sergipe e em seguida atravessou o arco da praça do Palácio - hoje Fausto Cardoso -, toda ela ornada para as festas. Lá um papagaio treinado gritava ‘vivas' ao Imperador.

Ouvindo os gritos de boas vindas, Pedro II andou por um trecho da rua do Barão de Maruim - atual João Pessoa - , atravessando o Arco feito por Horácio Urpia, vice-consul de Portugal em Sergipe. Foi assistir, na Casa de Oração São Salvador - hoje chamada de Igreja do Salvador - ao ‘Te Deum'.

Após a celebração, o imperador saiu pela rua do Salvador (Laranjeiras), tomando a rua da Aurora (Rio Branco) até a praça, alojando-se no Palácio Provisório, transformado em Paço Imperial (Delegacia Fiscal), onde deu ‘beija-mão' aos sergipanos.

Símbolo

A Ponte do Desembarque passou a ser chamada ‘Ponte do Imperador' e se transformou em um maior dos ícones da cidade. Ainda que sua denominação suscite discussão - se deve ser chamada de ancoradouro, atracadouro ou ponte - não resta dúvida quanto ao símbolo que passou a ser depois da visita imperial.

Ainda segundo Luiz Antônio Barreto, antes da construção da ponte, as pessoas que chegavam a Aracaju desciam dos navios para pequenos barcos e desses desembarcavam em terra firme sendo carregadas por estivadores, naquela época escravos, em sua maioria.

Não ficava bem que o Imperador Pedro II, sua mulher Tereza Cristina Maria de Bourbon e todos os ilustres integrantes da comitiva imperial tivessem que descer, um por um, nas costas dos trabalhadores do cais. Daí a necessidade de construir um atracadouro.

Durante décadas, a Ponte do Imperador serviu para este fim. As laterais eram utilizadas para receber os barcos de pequeno e de médio porte, que entravam no estuário do rio Sergipe. Ainda hoje, vez por outra, uma embarcação de guerra da Marinha Brasileira ancora na Ponte do Imperador.


Confira o texto completo de Luiz Antônio Barreto sobre a história da Ponte do Imperador:
A Ponte, a Matriz e o Paço: Aracaju no tempo de Pedro II