Todo o paciente com transtorno mental que necessita de atendimento de emergência já pode contar com a nova Urgência Mental do Hospital São José. No local, profissionais especializados no trato de pessoas com esse tipo de patologia realizam o acolhimento, a avaliação e o encaminhamento dos pacientes para clínicas conveniadas. A unidade, que entrou em funcionamento no último dia 15 de abril, realizou desde então 1.071 atendimentos.
O espaço reservado ao socorro imediato de pessoas com patologias mentais existe há cinco anos e é a porta de entrada para a Rede de Atenção Psicossocial (Reap) de Aracaju. Com a reforma, a unidade passou a contar com 16 leitos para a internação e o tempo máximo de permanência de pacientes aumentou para 72 horas. A Urgência Mental do Hospital São José atende pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e funciona 24 horas, prestando auxílio a familiares e pacientes.
De acordo com a coordenadora da unidade, Aparecida Ribeiro, a nova estruturação do atendimento já vem proporcionando maior organização operacional das atividades desenvolvidas. "No acolhimento, uma equipe multidisciplinar escuta a família do paciente e faz um pré-diagnóstico com o registro das queixas. Em seguida, o paciente passa por uma avaliação, feita por uma equipe composta por enfermeiro, assistente social, psicólogo e psiquiatra. Por último o paciente é encaminhado a uma das áreas de atendimento específicas, de acordo com o nível de necessidade que apresenta", descreve.
Para o médico psiquiatra e gerente da psiquiatria do Hospital São José, Antônio Lima Junior, a Urgência Mental é de importância fundamental no auxílio aos familiares de pessoas com transtornos mentais durante as crises. "A boa estruturação desse serviço vem contribuir para um maior cuidado no trato desses pacientes. Através do serviço, podemos avaliar as alternativas de tratamento e evitar a internação desnecessária", afirma.
Ainda de acordo com Antônio Lima Junior, a maioria dos pacientes que chega à urgência apresenta um quadro de agitação psicomotora, que pode estar associado a diversos tipos de transtornos mentais. "O quadro de agitação costuma assustar os familiares que acabam não sabendo como agir. A presença de uma urgência para atender pacientes com esse tipo de crise e várias outras tranquiliza as famílias, que já sabem que podem contar com o serviço", aponta.
Psicotrópicos
De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), são consideradas psicotrópicas as substâncias que agem no sistema nervoso central produzindo alterações no comportamento, humor e cognição, e que possuem alto grau de dependência. Apesar de o uso de tais substâncias psicoativas não ser considerado transtorno mental, o médico psiquiatra Antônio Lima relata que o atendimento de urgência pela dependência do crack significou 40% dos casos desde a reabertura da Urgência Mental do Hospital São José.
"Usar a substância não é doença, mas ser dependente dela é. No caso do crack, sempre há alterações no comportamento, não existe usuário eventual de crack. O uso contínuo deteriora o psicológico do indivíduo e ele passa a ter vivências alucinatórias e persecutórias, se tornando agressivo e alterando seu entorno social. O usuário destrói suas condições de trabalho, sua relação com a família e apresenta o que chamamos de perda de repertório, ou seja, se antes o indivíduo depositava a sensação de prazer em várias coisas, com a droga ele passa a sentir prazer apenas quando usa", explica o psiquiatra.
O tratamento dispensado aos usuários de crack atendidos no Hospital São José depende da gravidade da dependência. Para auxiliar os usuários iniciais e os moderados, a equipe da urgência encaminha o paciente ao Centro de Assistência Psicossocial (Caps) Álcool e Drogas da Secretaria Municipal de Saúde (SMS). Já os usuários que já sofrem fisicamente com os danos causados pelo crack são encaminhados para clínicas conveniadas para que passem por um processo de desintoxicação, e assim possam tratar a dependência química.
Atendimento
As famílias que precisarem recorrer à urgência psiquiátrica devem ligar para o número 192, número do Serviço de Atendimento Médico de Urgência (Samu), que realizará a contenção do paciente em crise e o encaminhará à unidade hospitalar.
