Aracaju é a terceira melhor cidade do país em atenção psicossocial

Saúde
28/05/2009 16h33

Com o título de terceira melhor rede municipal de atenção voltada ao tratamento e manutenção da saúde mental, concedido pelo Ministério da Saúde em 2007, Aracaju vem mantendo a posição ao longo dos anos. O êxito na política de atenção psicossocial do município é medida pela quantidade e diversidade de serviços oferecidos, pela excelente infraestrutura montada e pelo número de habitantes atendidos.

De acordo com a coordenadora Municipal da Rede de Atenção Psicossocial (Reap), Camille Arruda, a boa estruturação da rede deve-se ao fato da existência dos Centros de Apoio Psicossocial (Caps), além de que Aracaju possui uma Urgência Mental para situações de perda aguda de autonomia. Em caso de o usuário entrar em crise, a unidade oferece recolhimento qualificado através do acesso pelo Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu 192).

Outros diferenciais são a intervenção da Atenção Básica nas Unidades de Saúde da Família (USFs) e as Referências Ambulatoriais.  "A atenção básica fica responsável por casos mais leves; casos moderados vão para as referências ambulatoriais e os casos mais graves ficam a encargo dos Caps. Além disso, temos quatro módulos de residências terapêuticas para usuários egressos de internações psiquiátricas de longa duração", informou Camille Arruda.

Para a coordenadora da Reap, a manutenção do título concedido pelo Ministério da Saúde é fruto dos constantes trabalhos da Prefeitura Municipal de Aracaju (PMA) em aprimorar e desenvolver a atenção psicossocial. "Nosso desafio hoje é qualificar ainda mais as ações desenvolvidas pelo serviço já existente. Até hoje não houve perda na estruturação porque mantivemos o investimento, o que propiciou a ampliação das ações já desenvolvidas pelo município", confessou.

Portaria Ministerial

Desde 2001 existe a política nacional de tratamento do doente mental enquanto diretriz, estruturada a partir de Portaria Ministerial n° 336, que define como deve funcionar a equipe dos Caps. A determinação define como prefeituras e governos estaduais devem seguir o atendimento dentro de suas respectivas jurisprudências. Contudo, a estrutura em Aracaju - que passou a funcionar em 2002 - é exercida com a equipe ampliada. Atualmente, cerca de 240 profissionais atuam na Rede de Atenção Psicossocial.

A implantação do serviço progressivamente na capital foi diminuindo o número de leitos psiquiátricos, com o fechamento dos Centros Manicomiais Garcia Moreno e Adauto Botelho. Isso porque a política municipal está em consonância com a política nacional de redução de leitos psiquiátricos e ampliação de serviços substitutivos, com trabalhos de base territorial, mais próximos aos usuários.  "Para todo e qualquer adoecimento, a gente pensa no hospital como última possibilidade. Para saúde mental, a gente pensa assim também", esclarece Arruda.

Acesso aos serviços

Como nos demais casos de adoecimento, o primeiro acesso ao atendimento deve ser a partir da Rede de Atenção Básica, formada pelas Unidades de Saúde da Família espalhadas por todas as áreas da cidade. Em se tratando de um caso moderado, a pessoa deverá ser encaminhada pelos profissionais da USF a uma das quatro Referências Ambulatoriais. Para os casos mais graves, os Caps são as estruturas mais recomendadas e ainda existe um serviço de Urgência em Saúde Mental montada no Hospital São José e quatro módulos de Residências Terapêuticas.

Caps

É um serviço de portas abertas, ou seja, qualquer pessoa que sinta necessidade pode buscar ajuda. Cada uma das atividades desenvolvidas tem um gestor, que é o coordenador do Caps e tem também um apoiador institucional. O município de Aracaju propicia o trabalho de educação permanente dentro dessas unidades e toda medicação é de responsabilidade do SUS Aracaju. A unidades específicas para casos envolvendo consumo de álcool e outras drogas.

Caps III

Desenvolve acolhimento nos finais de semana e funciona 24 horas.  Atende em complexidade hospitalar e possui leitos para pernoite. Conta com equipe profissional composta por cerca de 120 pessoas, nas seguintes especialidades: médicos, psicólogos, terapeutas ocupacionais, assistentes sociais, auxiliares e técnicos de enfermagem, equipe de limpeza e serviços gerais, motoristas, oficineiros e educadores físicos.

As unidades mantidas pelo município são: David Capistrano Filho (Praça Durval Andrade, 222, Atalaia - 3179-2732/2737); Liberdade DR. Wilson Rocha (Rua Distrito Federal, 1.012, Siqueira Campos - 3179-3782/3783); Jael Patrício de Lima (Rua ‘J', s/n, Loteamento Indira Pau Ferro, Cidade Nova - 3245-9683); Caps A/D Primavera (álcool e outras drogas - Rua Guarapari, s/n, Bairro Atalaia - 3179-4620/4621); Caps Infanto-Juvenil Vida (Av. Alberto Azevedo, 207, Suíça, próximo à Vila Militar - 3179-3771/3770); Caps I Arthur Bispo do Rosário (Rua Mato Grosso, 880, Siqueira Campos - 3042-6770).

Urgência Mental

A urgência mental do Hospital São José compõe a Rede de Urgência e Emergência, funciona 24 horas e não integra a Reap. É um serviço importante, pois cuida de pessoas com perda aguda de autonomia, o que pode ser considerado ‘crise de saúde mental'. Esse serviço acaba sendo referência não só para Aracaju, mas para cidades do interior e de Estados como Alagoas e Bahia. Em caso de necessidade de remoção, o acolhimento até o hospital pode ser feito pelo Samu 192. Crianças e adolescentes em crise precisam estar acompanhados de um familiar ou responsável.

Residências Terapêuticas

São casas tradicionais mantidas pela PMA, onde moram pessoas que viveram muitos anos em hospitais psiquiátricos e perderam laços afetivos ou não têm mais vínculos familiares fortalecidos. Com o fechamento do hospital Garcia Moreno, Aracaju abriu quatro módulos de residências terapêuticas nos bairros Suíça, Atalaia, São José e Coroa do Meio. Lá são mantidos moradores (usuários dos Caps), cuidadores (pessoas que cuidam da casa, das roupas e da comida) e auxiliares técnicos e de enfermagem.